1. Não tenho
muito apego às definições de religião. Uso essa palavra para significar, na
tradição latina, a redobrada atenção às diversas dimensões do devir misterioso
do ser humano que escapam à linguagem unívoca da ciência e da técnica.
Exprime-se melhor na linguagem metafórica. Como escreveu Ésquilo, em Agamémnon,
«Sufocando no galinheiro da razão, dediquei-me a defender a causa dos sonhos».
Na história
das religiões existe de tudo, do melhor e do pior. A religião dos místicos,
mesmo quando louca, é a suprema sabedoria. O místico não é capaz de parar, de
fixar um limite, de se tornar idolátrico, pois, como diz o muçulmano, E.
Hallaj, do século X: «Vi o meu Senhor com o olhar do coração,/ e disse-lhe:
“Quem és tu?” Ele disse-me: “Tu!”/ Mas para Ti, o “onde” já não tem lugar,/ o
“onde” não existe quando se trata de Ti!». A religião de Jesus não cabe em
nenhuma classificação conhecida.
No domingo
passado, S. Marcos apresentava Jesus como o doido da família e possesso de
Belzebu. Neste, Jesus surge, na versão do mesmo evangelista[i], como um pregador
surrealista. Jesus queria ser entendido ou não? A sua palavra era só para
agitar o vento? Pela referência que faz ao profeta Isaías[ii], até parece que só queria
baralhar os seus ouvintes: vendo, vejam e não percebam; ouvindo, ouçam e não
entendam para que não se convertam e não sejam perdoados.
A citação
recorre a um pregador cujos lábios foram purificados por um anjo, um serafim,
com uma brasa viva.
Ouviu,
então, a voz do Senhor que dizia: Quem enviarei? Quem será o nosso mensageiro?
Ele respondeu: Eis-me aqui, envia-me. E foi enviado: Vai e diz ao meu povo:
ouvi, tornai a ouvir, mas não compreendereis. Vede, tornai a ver, mas não
percebereis. Endurece o coração deste povo, ensurdece-lhe os ouvidos, fecha-lhe
os olhos. Que os seus olhos não vejam, que os seus ouvidos não ouçam, que o seu
coração não entenda, que não se converta e Eu o cure.
S. Marcos
começa pela muito conhecida parábola da sementeira para falar do misterioso
Reino de Deus. Esta não apresenta nenhuma dificuldade especial, mas os
discípulos ficaram sem perceber nada.
Jesus fica
espantado com discípulos tão pouco dotados: Se não compreendeis esta parábola,
como podereis entender todas as outras?
Mais uma
vez, teve paciência e explicou tudo muito bem. O narrador sublinha que a maior
dificuldade em acolher a palavra do Reino é o mundanismo, a sedução das
riquezas e outras ambições. Quando encontra bons ouvidos, os frutos são de 30,
de 60 e até de 100%.
A parábola
seguinte contradiz o começo: quem traz uma lâmpada acesa é para a esconder? Mas
não será esse o defeito das parábolas em relação ao discurso directo?
Não há nada
a ocultar. Quer tudo na luz do dia. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça. Mas
cuidado com o que ouvis. Com a medida que medirdes sereis medidos e até vos
será acrescentado mais. E regressa ao paradoxo escandaloso: ao que tem, será
dado e ao que não tem, mesmo o que tem, lhe será tirado.
De repente,
muda de registo. O crescimento do Reino de Deus não é fruto do esforço humano:
o semeador lançou a semente à terra e foi dormir e, depois, quando o fruto está
no ponto, vai colher. Também não há que desesperar com a lentidão do
crescimento da comunidade. Os começos nem sempre são gloriosos e vem a parábola
do grão de mostarda, pequena semente que chega a ter grandes ramos, onde as
aves do céu se abrigam à sua sombra.
No final do
capítulo, volta a insistir que Jesus anunciava-lhes a palavra por meio de
muitas parábolas como estas, conforme podiam entender e nada lhes falava a não
ser em parábolas. Remata, dizendo que as explicações eram assunto privado para
os discípulos. O narrador deixa-nos sem podermos concluir se Jesus falava para
ser entendido ou não.
2. A pergunta fundamental, perante esta paixão pela
linguagem parabólica, talvez seja esta: porque não fez Jesus um catecismo, bem
explicadinho, com perguntas e respostas bem definidas, para não deixar os seus
seguidores continuamente sem saber bem o que pensar, o que está certo e o que
está errado? Se, assim, tivesse feito, dispensava as dificuldades da exegese
histórico-crítica e as múltiplas abordagens reconhecidas pela Comissão
Pontifícia Bíblica[iii].
Teria dispensado séculos e séculos de escolas teológicas, de heresias e de
conflitos.
A linguagem
universal é a da ciência e da técnica, incompatível com emoções e estados de
alma. Jesus poderia ter feito uma ciência exacta da verdadeira religião e
tinha, como fruto, um sossego eterno. Donde lhe veio a mania das parábolas e de
falar só em parábolas?
Esquecemos
que Jesus era e é um ser humano nascido e educado dentro de uma cultura e de
uma religião que, hoje, é possível identificar. Jesus não sabia todas as
línguas, não conhecia todas as religiões e nunca procurou impor apenas uma
versão do valor divino do humano e do valor humano do divino. Não escreveu um
livro inspirado que tivesse o condão de substituir todos os livros de sabedoria
religiosa. A falar verdade, nem sequer temos o que Jesus escreveu na areia. Os
seus gestos e palavras foram contados por outros. São eles a grande obra de
Jesus de Nazaré. Tudo no tempo, tudo efémero. Ninguém fez o filme do que
aconteceu.
As parábolas
permitem resistir ao tempo pela necessidade de serem sempre lidas e
interpretadas sem sentido pré fixado.
3. As comunidades cristãs, boas, más e assim-assim, são
as únicas relíquias de Jesus Cristo e não estão todas em Jerusalém. Não o
substituem. Os santos, aqueles que, sabendo ou não, o anteciparam e o seguiram
não estão arquivados no céu nem se devem confundir com as suas posições nos
altares. Estão vivos e activos. De vez em quando, na vida dos cristãos são
evocados e respondem sempre, umas vezes no sentido da pergunta, outras vezes
complicando-a. Não perderam o estilo das parábolas.
Houve muita
confusão em torno da “vida dos santos”. Algumas tornavam a “santidade”
detestável. Eram instrumentos de desumanização de Deus e da Igreja. Outras eram
auto referentes, idolátricas: Deus tinha de contar com elas ou não sabia o que
fazer. Deus estava longe e mal informado das peripécias da vida humana. Os
santos eram os mediadores, pontes, entre o Deus distante e a nossa condição. Ao
fim e ao cabo, os cristãos entendiam-se mais com eles do que com Deus. Transportavam,
para as relações entre o divino e o humano, o sistema das cunhas.
Os santos
populares sabem mais de Deus e de nós do que se julga. Veremos.
Frei Bento Domingues, O.P.
in
Público 17. 06. 2018
[i]
Mc 4, 1-34
[ii]
Is 6
[iii]
A interpretação da Bíblia na Igreja, Secretariado Geral do Episcopado, 1994.
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Novos cardeais para um novo papa
Padre Anselmo Borges
Francisco sabe que não é
eterno e precisa de preparar a sucessão de tal modo que não haja volta atrás
nas reformas que iniciou, pelo contrário, que continuem e se aprofundem, para
que o Evangelho seja o que é e deve ser, por palavras e obras: notícia boa e
felicitante para todos.
Tudo indica que este é o
intuito da criação de novos cardeais no próximo dia 29. Então, os cardeais
eleitores passarão a ser 125, dos quais 59 criados por Francisco, 46 por Bento
XVI e 18 por João Paulo II. Como observa Jesús Bastante, os cardeais
"franciscanos" serão quase metade dos participantes num futuro
conclave, mas, dentro de um ano, uma vez que mais dez deixarão de ser
eleitores, por causa da idade, a maioria será absoluta. Por outro lado, o
Colégio Cardinalício é cada vez mais universal.
Entre os novos cardeais, está
o amigo e antigo colega de Universidade, António Marto, bispo de Leiria-Fátima,
claramente "franciscano" e favorável à reforma da Igreja: "A
reforma é necessária e é para levar para a frente", diz. Uma profunda e
gigantesca reforma, digo eu. Em duas vertentes, que se interpenetram: a da
conversão pessoal e a institucional.
Quanto à conversão e nas
palavras do novo cardeal, A. Marto, que escolheu como lema para bispo
"servidor da vossa alegria": "Porque para a maioria das pessoas,
a fé parece um fardo a suportar e não a alegria de viver com uma presença
querida de Deus-Amor." Este é o núcleo: a fé cristã não é uma obrigação,
tem de ser uma exaltação, com todas as consequências. Cada um, cada uma tem de
perguntar a si mesmo, a si mesma: o Evangelho é bom para mim? E só se a
resposta for positiva é que se sente e vive que a sua mensagem deve ser
entregue aos outros. Cá está: uma Igreja evangélica, simples, pobre, de todos,
a começar pelos mais frágeis e abandonados, não autorreferencial, mas aberta,
dialogante, não museu, independente do poder... Afinal, "o que o Papa
propõe é uma Igreja mais evangélica. Não propõe nada de extraordinário". O
que é verdadeiramente extraordinário é o Evangelho.
Daqui decorre tudo o resto.
Para a pedofilia só pode haver tolerância zero, como Francisco tem feito, com
todas as consequências. Por exemplo, depois de enganado, mandou investigar o
que se passou no Chile, convocou os bispos, que acabaram por apresentar a
demissão em bloco, pediu perdão e está a receber as vítimas. Quanto ao Banco do
Vaticano, o procedimento tem de ser exactamente o mesmo.
Se a Igreja se
auto-evangelizar, seguir-se-á daí a urgência de profundíssimas reformas
institucionais. Logo de entrada, um exemplo: na criação dos cardeais, está
presente, nas vestes, nas insígnias, uma ostentação que em nada condiz com a
simplicidade do Evangelho. No conclave para a eleição do novo papa,
assistiremos à entrada para a Capela Sistina só de cardeais, todos homens, de
idade, sem família, que vão escolher um deles para presidir à Igreja universal.
Ora, o maior número de membros da Igreja são mulheres. Onde estão elas
representadas?
A Igreja somos todos, o Povo
de Deus. Mas, de facto, o que há é uma divisão em duas classes: o clero e os
leigos. Assim, face ao modelo actual de uma Igreja piramidal com um papa de
poderes quase ilimitados, uma Igreja "gerontocrática, masculina,
clerical", com mais de 1200 milhões de membros, mas onde o poder de
decisão está, em última instância, nas mãos de poucos: o Papa, os bispos e a
burocracia da Cúria, o sociólogo católico Javier Elzo propõe outro modelo para
a Igreja do século XXI: "Uma Igreja em rede, à maneira de um gigantesco
arquipélago que cubra a face da Terra, com diferentes nós em diferentes partes
do mundo, cada nó com um relativo, mas real, nível de autonomia, nós
inter-relacionados entre si e, todos eles, religados a um nó central, que não
centralizador, que, na actualidade, está no Vaticano. No Vaticano (ou noutras
partes do planeta), todos os anos se reuniria, em Sínodo, após uma selecção o
mais democrática possível, uma representação universal de bispos, sacerdotes,
religiosas e religiosos, leigos de ambos os sexos, membros da Cúria, todos sob
a presidência do Papa, para debater sobre a situação da Igreja no mundo e
adoptar, se for o caso, as decisões pertinentes. Decisões que, em determinadas
circunstâncias, obrigariam o próprio Papa." Entre as questões a debater,
estarão a inculturação do Evangelho, novos ministérios, o diálogo ecuménico, o
diálogo inter-religioso, os seminários e a formação dos padres, problemas de
bioética, da justiça, da paz mundial, das novas tecnologias...
É urgente resolver a situação
das mulheres na Igreja. Afinal, onde está no Novo Testamento a impossibilidade
de elas poderem presidir à celebração da Eucaristia?; com algum humor: se
valesse o argumento de que na Última Ceia Jesus só ordenou homens, dever-se-ia
ir às últimas consequências: a Igreja deveria ordenar apenas homens judeus. E
há a questão dos jovens: mais de metade dos jovens europeus já não acreditam em
Deus... Independentemente de se saber, segundo J. Elzo, que, correspondendo
também à sociedade em que vivem, "há dados comprovados que dizem que 80%
(se não mais) dos sacerdotes e bispos africanos têm uma vida como qualquer
outro africano", é preciso pôr termo à lei do celibato obrigatório, pois a
Igreja não pode impor como lei o que Jesus entregou à liberdade. Impõe-se uma
educação em todos os domínios para a autonomia e a responsabilidade, pois frequentemente
o que se deu foi a infantilização das pessoas. E que as liturgias sejam belas,
meu Deus, e as homilias preparadas e inteligíveis. Ter coragem para rever e
actualizar na doutrina: por exemplo, quanto ao pecado original, à virgindade de
Maria, à interpretação sacrificial da Eucaristia, a expressões como
"desceu aos infernos", "ressurreição da carne"...
in DN
15.06.2018
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À PROCURA DA PALAVRA
P. Vítor Gonçalves
DOMINGO XI COMUM Ano B
“O reino de Deus é como um homem
que lançou a semente à terra.”
Mc 4, 26
Do pequeno ao grande
Quase a culminar um ano escolar, Junho inicia a “colheita dos
frutos”. Houve sementeira de boas sementes? Cuidaram-se as “plantas” que foram
crescendo? Corresponde a colheita às expectativas? Serão muitas as “grelhas de
avaliação”, talvez mais focadas nos resultados do que no trabalho e no
crescimento dos alunos, mas continuará a faltar a coragem de rever modelos que
não proporcionam verdadeiro crescimento integral de todos? Sim, de todos:
famílias, alunos e professores; ou não será esse o objectivo da educação? Pois
quando se olha apenas para os alunos não estamos a esquecer o seu espaço
primário de crescimento: a casa, os pais, as famílias?
Os resultados das provas de aferição anunciados no início do
mês mostravam que “a grande dificuldade dos alunos do Básico surge quando é
preciso raciocinar, argumentar e relacionar conceitos” (Observador 05.06.2018).
Pode a escola tentar fazer o melhor, mas aquilo que não é feito “em casa”, “de
pequenino…”, com as regras básicas da educação e do valor do esforço, num amor
firme, feito de carinho e exigência, de “preparação para a vida”, dificilmente
se faz fora dela. E porque não é algo que se faça de um dia para o outro, que
exige presença e atenção, amor e dedicação, traz consigo também algum
sofrimento. Só que é o sofrimento que se pode comparar ao romper da casca que
as sementes têm de fazer: sem ele, não há vida nova nem crescimento!
Toda a semente é pequena, e pequenas são as primeiras
parábolas de Jesus que S. Marcos nos conta. Falam da força misteriosa das
sementes, de algumas que só precisam de quem as semeie e depois colha os frutos
abundantes. Na ânsia de sermos protagonistas de tudo, há sementes que nos
ensinam a contemplar, a admirar, e a agradecer. Foi nossa a mão que a lançou a
terra, e poderão ser nossas, ou de outros, as mãos que recolherão os frutos.
Mas tudo o mais é graça, que só é possível agradecer. Podemos saber o “como”
mas não saberemos responder ao “porquê”!
E como ficar indiferente à pequenez de alguns inícios que
produzem resultados grandes? Apreciamos o que é grande, o que se faz notar, o
que faz muito barulho, os sucessos estrondosos. É fácil esquecer a pequenez do
trabalho e do silêncio, o que parece insignificante e até desprezível. E é aí
que se mede a qualidade do amor e da verdade. Que é essencial a quem educa. Diz
o Papa Bento XVI: “É próprio do mistério de Deus agir deste modo suave. Só
pouco a pouco é que Ele constrói na grande história da humanidade a sua
história. Torna-Se homem, mas de modo a poder ser ignorado pelos
contemporâneos, pelas forças respeitáveis da história. Padece e morre e, como
Ressuscitado, quer chegar à humanidade apenas através da fé dos seus, aos quais
Se manifesta. Sem cessar, Ele bate suavemente às portas dos nossos corações e,
se Lhas abrirmos, lentamente vai-nos tornando capazes de «ver».”
in Voz da Verdade 17.06.2018
www.vozdaverdade.org/site/index.php?id=7383&cont_=ver2
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In post-ISIS
Christian town, heroism and paradox both abound
John L. Allen Jr.Jun 13, 2018 EDITOR
QARAQOSH, Iraq - Over the centuries, the Middle East has always been a
land where expectations tend to experience especially tough collisions with
reality, so it probably should be no surprise that a massive effort to rebuild
the Christian village which was the epicenter of a brutal ISIS onslaught in
2014 has, at its heart, three grand paradoxes.
Qaraqosh - or, as the 96 percent of the population that’s Christian call
it, “Baghdeda”, because Baghdeda is Aramaic rather than Arabic and is part of a
broader push to reclaim Christian identity here - was the largest Christian
community on the Nineveh Plains, a swath of land that overlaps the border
between Iraq and Kurdish-controlled territory.
When ISIS began advancing on the plains in 2014, virtually every man,
woman and child, some 100,000 people in all, were forced to flee to the nearby
city of Erbil, where they turned the Christian enclave of Ankawa into one of
the world’s largest informal IDP camps, only in this case taking refuge with
the local churches.
When the jihadist forces were driven back out of the Nineveh Plains
three years later, a vast mobilization called the Nineveh Plains Reconstruction
Project was launched to make possible the return of the Christian residents of
the area by rebuilding their homes, schools, clinics and churches.
It’s a joint effort of the Syria Catholic, Syriac Orthodox and Chaldean
Catholic churches, and it’s supported by the papal foundation Aid to the Church
in Need, along with major grants from sources as varied as the Hungarian
government and the Knights of Columbus. Considerable headway has already been
made; in Baghdeda, for instance, some 2,000 homes have already been rebuilt,
and slightly over half of the town’s pre-ISIS population of 50,000 has
returned.
Christian ambivalence
One paradox surrounding what’s been described as the “Marshall Plan” of
the Nineveh Plains is that, sometimes, the people it’s intended to benefit can
be ambivalent about whether they actually want it. At times, speaking to
Christians here can seem like being trapped in a music video by The Clash in
the early 1980s, since the defining question often is: “Should I Stay or Should
I Go?”
It’s not that people here aren’t deeply, forever grateful for the
thousand and one ways in which the Church has come to their rescue, but for
every one determined that no one’s going to take away their birthright, there’s
another convinced there’s little realistic hope of a stable future and they’re
ready to move.
That contrast is often especially strong among the young, and it’s
illustrated in Qaraqosh by Revan Habib, a young engineer, and Miriam Basim,
who’s studying engineering at a university in the nearby city of Mosul.
For Habib, 28, the idea of leaving his home is almost literally
unthinkable.
“I love this land. My family, the people I love are all here,” he said,
speaking at the local headquarters of the reconstruction project that he serves
as an engineer, making assessments of proposed projects and helping to generate
cost estimates.
Habib exudes strong conviction in saying that not only must Baghdeda be
rebuilt, but that it will be: “We’re saying to everyone that our people will
stay here,” he told me. “We’re not leaving this land.”
Yet Basim, 21, has precisely the opposite instinct.
Basim happened to be living at school in Kikurk when the ISIS surge
began, and at one point found herself hiding under her bed along with dormmates
as the sound of fighting drew alarmingly close. She and her parents now have
returned to Qaraqosh after taking refuge in Erbil, and they’re among the
fortunate ones whose homes needed only light repairs.
On Tuesday, she ticked off her requirements for what it would take to
convince her to stick around after she finishes her studies: 1) employment,
meaning good jobs; 2) security, meaning a long-term absence of violence; and 3)
infrastructure, meaning decent roads, schools, shops, and so on.
When asked if she thinks the odds of getting all that are strong enough
she’s willing to take a shot, she hesitates, and then finally concedes she
wants to go to the United States or Australia.
“I think it’s better there,” she says.
These two reactions may initially seem logical opposites, but it’s
important to remember that the fight or flight instincts are both rooted in the
same experience of a perceived threat. A related paradox about reclaiming the
Nineveh Plains for Christianity, therefore, is that radically different
conclusions about its prospects reflect the exact same deep trauma that all
Christians here have suffered.
The Mayor of Qaraqosh
At one point late on Tuesday morning, I found myself sitting in a
conference room of project headquarters listening to Father Georges Jahola, a
Syriac Catholic priest, deliver an overview of work accomplished and future
plans.
Earlier, Jahola had shown us around his parish at the Church of Behnam
and Sara, one of the churches most heavily damaged by ISIS. Among other things,
he pointed out graffiti the occupiers had left behind, including “ISIS will
remain forever according to the prophecy” and, inevitably, “Allahu Akbar.”
I’d experienced some of his star power in the region that morning, when
along the road from Erbil to Qaraqosh we breezed through checkpoints manned by
both Kurds and Iraqis who waved us through the moment they saw him at the wheel
without any questions asked.
As I watched Jahola explaining a vast aerial photo of Baghdeda on the
wall, then display housing recording, zoning materials, construction bills, and
other mountains of documentation pertaining to the effort, a question stirred
in me.
“Does this town have a mayor?” I asked.
Surprised, he had to wait for the question to be translated, and assured
me that yes, not only is there a mayor, but they have very cordial relations.
The obvious follow-up was, “What does that guy do?”
In fact, there was no accurate map, no accounting for where people
lived, no sense of what the total damage caused by ISIS was and what it would
cost to rebuild, and certainly no plans to do so, until Jahola began working on
it in 2017. (In fairness, I was told the civil mayor does attend a lot of
ceremonial functions, many to mark the opening or completion of construction
projects sponsored by the Church.)
Hence the second paradox of the Nineveh Plains Reconstruction Project:
Although people here routinely complain that the central government ignores
them, it’s sort of hard to know what would be left for government officials to
do even if they got serious about it, other than perhaps starting at least to
pay some of the bills.
Over a long conversation at project headquarters, Jahola acknowledged
there had been some criticism at the beginning from Christians who wondered if
it was really safe enough to go back, especially after a Kurdish independence
referendum in September once again raised fears of renewed conflict.
“What they were saying was, ‘Safety first, then reconstruction’,” Jahola
said. “But I told them it has to be the other way around: Once we rebuild, then
we’ll be safe. If you go back as an individual, you’re weak. If we go back as a
neighborhood, we’re strong.”
“Security doesn’t just come from the government or the army,” he said.
“It also comes from us.”
Jahola was joined by Faraj Issa Yaqoob, the senior engineer on the work
being done in Qaraqosh. Both take pains to explain the rigid controls used at
every step along the way, ensuring that the people asking for money actually
live in the houses they claim and intend to remain (should they leave, they
have to either give the house to another exiled family or pay back the funds);
that the work being invoiced was actually performed, and that it’s up to
standards; and that people really do stay.
Among other things, rather than involving contractors in the process,
the project only disburses funds to the homeowners themselves, and they’re
responsible for getting the work done for the amount allotted. (The most
chronic complaint after things are done, some of Jahola’s staff say, is
naturally from people who think they didn’t get enough money.)
Both Jahola and Yaqoob were born in Qaraqosh, both have lived there
their entire lives, and both exude an iron conviction that the place will be
Christian forever.
“This place belongs to the Christians,” Yaqoob says simply. “They’re
trying to take it, but we’ll fight them.”
Will it last?
At least for most Westerners, it would be hard to imagine spending vast
amounts of time and energy, and at least some money - though staggeringly
little by developed world standards - on building thousands of homes, in effect
rebuilding entire towns, without any confidence those homes will last.
Yet that’s the story here.
When I asked several young engineers, including Revan Habib, if they
were sure they’d see this work through to the end, all expressed vigorous
conviction that they’ll get it done. Yet when I asked the same talented,
idealistic, and incredibly dedicated young people if they’re sure those houses
will still be standing five years from now, all offered some version of “how
could we know?”
“It’s not up to us,” he said. “It depends on others … it depends on America,
on Europe, on Iran, on so many.”
In other words, there’s a deep conviction here that the future is not
truly in their hands, and whether peace and prosperity will ever arrive depends
on the judgments of forces they can’t control.
As we finished speaking, I snuck outside for a quick smoke break, and
several of the young men soon joined me. They began peppering me with
questions: “Do you think peace will come to Iraq?” “What are the Americans
going to do?” Most plaintively of all, perhaps, was, “Do you think we’re safe
here?”
Jahola seemed a bit a more sanguine. He too believes there’s a long-term
regional contest being played out in his corner of Iraq, asserting that Iran
has a clear strategy to bolster the Shiite presence here and to suppress the
Christian community. For the time being, however, he doesn’t believe ISIS is
coming back because, for now, he says, “the game is finished.”
The final paradox, then, is that the heart and soul of this
reconstruction effort, supported by groups such as Aid to the Church in Need
and the Knights of Columbus, is formed by people deeply worried that all their
efforts over time could once again go up in smoke.
They’ll do it anyway, they say, because they’re fighting for something
that justifies the risk.
Yet even their leader, spiritual father and unelected mayor, Jahola, has
his own way of hedging his bets. At one stage we were getting out of a car, and
I asked if he really believes the other fifty percent of the population of
Qaraqosh/Baghdeda that hasn’t yet returned will eventually do so.
Jahola took off his sunglasses, paused, and then flashed a smile:
Inshallah, he said, a very Middle Eastern way of saying you really shouldn’t be
overly confident about anything.
in CRUX 13.06.2018
cruxnow.com/crux-nineveh/2018/06/13/in-post-isis-christian-town-heroism-and-paradox-both-abound/
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