DESISTIR DA PAZ?
Frei Bento Domingues,
O.P.
1. A exuberância poética
do profeta Isaías distribuída pelas celebrações diárias do Advento exibe uma
tal confiança no futuro que mais parece um delírio do desejo que gosta de se
iludir, do que uma esperança razoável. Logo no 3º dia, e nunca se cansará,
garante que os povos vão dispensar os exércitos e as suas manobras. Os
instrumentos de guerra vão ser reciclados e confiados aos ministérios da
agricultura: converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices[i].
O Deus dos exércitos vai para o desemprego.
Tempos virão em que nem sequer será preciso pensar na
reciclagem do exército. A justiça estará ao serviço dos infelizes do povo. Aos
violentos e aos ímpios a própria palavra de Deus os modificará. A justiça e a
lealdade serão a lei.
Até toda a natureza que se modificará. O lobo viverá com o
cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão
juntos e um menino os poderá conduzir. A vitela e a ursa pastarão juntamente,
as suas crias dormirão lado a lado; o leão comerá feno como o boi. A criança de
leite brincará junto ao ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da
víbora.
Não mais praticarão o mal nem a destruição em todo o meu
santo monte: o conhecimento do Senhor encherá o país, como as águas o leito do
mar. Nesse dia, a raiz de Jessé surgira como a bandeira dos povos; as nações
virão procurá-la e a sua morada será gloriosa[ii].
O profeta quer que Deus seja o Senhor do universo e prepare
para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos
deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Destruirá a morte para
sempre. Enxugará as lágrimas de todas as faces. Alegremo-nos e rejubilemos
porque nos salvou[iii].
O profeta Baruc não anda longe destes delírios: Jerusalém,
deixa a tua veste de luto e aflição e reveste para sempre a beleza da glória
que vem de Deus. Cobre-te com o manto da justiça. Deus te dará para sempre este
nome: Paz da justiça e glória da piedade.
Levanta-te, Jerusalém, sobe ao alto e olha para o Oriente: vê os teus filhos
reunidos desde o poente ao nascente. Deus decidiu abater todos os altos montes,
as colinas seculares e encher os vales para se aplanar a pedra, a fim de que
Israel possa caminhar em segurança. Os bosques e todas as árvores aromáticas
darão sombra a Israel. Deus o conduzirá na alegria, com a misericórdia e a
justiça[iv].
Esta selecção mostra o que abundava e o que faltava.
Abundava a guerra, a injustiça e a fome que geravam a morte, a tristeza.
Faltava a paz, o acesso à justiça para todos, a comida e a alegria. Dizer as
coisas assim prosaicamente é não dizer nada. É a linguagem dos relatórios e das
estatísticas. O próprio da linguagem simbólica, poética é incendiar a
imaginação, tornar possível o inalcançável. Dir-se-á que é uma forma de
resvalar para a ilusão. Não creio que seja a linguagem do ópio. Não há ninguém
que seja enganado pela literatura e, sobretudo, pela poesia. Esta é a linguagem
humana que nenhuma riqueza ou pobreza poderá substituir. Fazer sonhar é o
primeiro passo para a necessidade de agir.
2. Os autores do
Novo Testamento, cada um com a sua originalidade, procuram mostrar que em Jesus
Cristo o passado é assumido, reinterpretado e transformado. Não é reproduzido.
Atribuem-lhe a expressão: disseram-vos,
mas eu digo-vos.
A religião em que foi educado não abafou a sua criatividade,
a sua liberdade, sobretudo quando essa religião matava a esperança dos mais
pobres e criava toda a espécie de exclusões. Os evangelistas pretendem mostrar
que Jesus incarnava, de forma inovadora, o anti–fatalismo dos profetas. Quando
se dizia sempre assim foi, significava
para o Mestre: tem de mudar!
No Antigo Testamento, apesar da corrente sapiencial,
universalista, a corrente nacionalista, xenófoba era a que prevalecia. A carta
aos Efésios não pode ser mais clara: lembrai-vos de que nesse tempo estáveis
sem Cristo, excluídos da cidadania de Israel e estranhos às alianças da
promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. (…) Em Cristo Jesus, vós, que
outrora estáveis longe, agora, estais perto, pelo
sangue de Cristo. Ele é a nossa paz, de dois povos fez um só e
destruiu o muro de separação, a inimizade. Na sua carne, anulou a lei, que
contém os mandamentos em forma de prescrições, para, a partir do judeu e do
pagão, criar em si próprio um só homem novo[v].
O versículo 10, que antecede esta passagem, faz uma
declaração absolutamente espantosa: nós
somos poema de Deus[vi].
Não estraguemos a dignidade deste poema, escrita divina.
3. Segundo o
panorama actual, verificamos que, em vários continentes, há dirigentes
políticos que não desistem da guerra e que todos os pretextos são bons para
declarações ameaçadoras. As pessoas podem morrer e morrem das formas mais
inesperadas, mas o comércio das armas é que não pode morrer. É a lógica da
centralidade absurda do dinheiro. Deixa de ser um instrumento para uma vida
humana de qualidade, para se transformar no dono da vida e da morte. Aquilo que
deveria ser um meio de desenvolvimento da ciência e da técnica para a
felicidade de todos, transforma-se no poder de decidir a sorte da humanidade.
A Europa conheceu, num único século, guerras horrorosas, mas parece cansada da paz que conseguiu.
Está mais do que demonstrada a ferocidade que pode ser
desencadeada entre pessoas, nações e povos. Essa todos os dias é patenteada, em
diversos cenários de crueldade, com meios de comunicação que a celebram e a
incitam ao seu motor: o ódio do outro.
Importa investigar os mecanismos psicológicos, sociais,
económicos e políticos que incitam à guerra e à paz. Foi possível subscrever a
carta dos Direitos Humanos. Nunca se
conseguiu assinar a dos Deveres.
O Papa Francisco enviou uma carta à Universidade Lateranense
sobre ciclos de estudos interdisciplinares para multiplicar o número de pessoas
especializadas nas Ciências da Paz.
Havendo tantos meios para criar incitamentos ao ódio e à violência é
fundamental preparar pessoas, grupos, instituições que tenham como objectivo a promoção
da cultura da paz.
A Igreja dispõe de movimentos, de paróquias, de colégios, de
universidades dedicadas à educação. Poderá desistir de fazer de todos esses
meios centros de educação activa, interveniente na cultura da paz? Ou irá
dispensar o Natal este ano?
in Público 09.12.2018
[i] Is 2, 1-5
[ii] Is 11, 1-10
[iii] Is 25, 6-10
[iv] Br 5, 1-9
[v] Cf Ef 2, 11-19
[vi] Frederico Lourenço, em
nota 2, 10 diz que, à letra, a tradução do grego é «nós somos poema d’Ele», Carta aos Efésios, Bíblia, vol II
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Direitos e deveres
humanos
Padre Anselmo Borges
1. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adoptada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas a 10 de Dezembro de 1948, em Paris: "A
Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o
objectivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em
mente esta declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por
promover o respeito por esses direitos e liberdades, e, pela adopção de medidas
progressivas de carácter nacional e internacional, por assegurar o seu
reconhecimento e a sua observância universal e efectiva." Nos artigos 1 e
2, lê-se: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
direitos" e podem invocar os direitos e liberdades desta declaração,
"sem distinção alguma de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
politica ou outra, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou qualquer
outra situação". Numa vinheta de 1998, no jornal El País, referindo-se ao
preâmbulo, aparece o próprio Deus a exclamar: "Que preâmbulo! Não tinha
lido nada de tão bom desde o Sermão da Montanha."
2. Lembrando os 70 anos da Declaração dos Direitos Humanos, retomo uma
síntese de outra declaração, infelizmente menos conhecida e invocada: a célebre
Declaração Universal dos Deveres Humanos, de que há tradução em português. Para
superar a crise e para que a esperança não seja mera ilusão, wishful thinking,
precisamos todos de ser fiéis às nossas responsabilidades e cumprir os nossos
deveres.
Já na discussão do Parlamento revolucionário de Paris sobre os
direitos humanos, em 1789, se tinha visto que "direitos e deveres têm de
estar vinculados", pois "a tendência para fixar-se nos direitos e
esquecer os deveres" tem "consequências devastadoras".
Foi assim que, em 1997 e após debates durante dez anos, o Interaction
Council (Conselho Interacção) de antigos chefes de Estado e de governo, como
Maria de Lourdes Pintasilgo, V. Giscard d'Estaing, Kenneth Kaunda, Felipe
González, Mikhail Gorbachev, Shimon Peres, fundado em 1983 pelo
primeiro-ministro japonês Takeo Fukuda, sob a presidência do antigo chanceler
alemão Helmut Schmidt, propôs a Declaração Universal dos Deveres Humanos. Na
sua redacção, teve lugar destacado o famoso teólogo Hans Küng.
O preâmbulo sublinha que: o reconhecimento da dignidade e dos direitos
iguais e inalienáveis de todos implica obrigações e deveres; a insistência
exclusiva nos direitos pode acarretar conflitos, divisões e litígios
intermináveis, e o desrespeito pelos deveres humanos pode levar à ilegalidade e
ao caos; os problemas globais exigem soluções globais, que só podem ser
alcançadas mediante ideias, valores e normas respeitados por todas as culturas
e sociedades; todos têm o dever de promover uma ordem social melhor, tanto no
seu país como globalmente, mas este objectivo não pode ser alcançado apenas com
leis, prescrições e convenções. Nestes termos, a Assembleia Geral proclama esta
declaração, a que está subjacente "a plena aceitação da dignidade de todas
as pessoas, a sua liberdade e igualdade inalienáveis, e a solidariedade de
todos", seguindo-se os seus 19 artigos, de que se apresenta uma síntese.
2. 1. Princípios fundamentais para a humanidade. Cada um, cada uma e
todos têm o dever de tratar todas as pessoas de modo humano, lutar pela
dignidade e auto-estima de todos os outros, promover o bem e evitar o mal em
todas as ocasiões, assumir os deveres para com cada um, cada uma e todos, para
com as famílias e comunidades, raças, nações e religiões, num espírito de
solidariedade: não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.
2. 2. Não violência e respeito pela vida. Todos têm o dever de
respeitar a vida. Todo o cidadão e toda a autoridade pública têm o dever de
agir de forma pacífica e não violenta. Todas as pessoas têm o dever de proteger
o ar, a água e o solo da terra para bem dos habitantes actuais e das gerações
futuras.
2. 3. Justiça e solidariedade. Todos têm o dever de comportar-se com
integridade, honestidade e equidade. Dispondo dos meios necessários, todos têm
o dever de fazer esforços sérios para vencer a pobreza, a subnutrição, a
ignorância e a desigualdade, e prestar apoio aos necessitados, aos
desfavorecidos, aos deficientes e às vítimas de discriminação. Todos os bens e
riquezas devem ser usados de modo responsável, de acordo com a justiça e para o
progresso da raça humana.
2. 4. Verdade e tolerância. Todos têm o dever de falar e agir com
verdade. Os códigos profissionais e outros códigos de ética devem reflectir a
prioridade de padrões gerais como a verdade e a justiça. A liberdade dos media
acarreta o dever especial de uma informação precisa e verdadeira. Os representantes
das religiões têm o dever especial de evitar manifestações de preconceito e
actos de discriminação contra as pessoas de outras crenças.
2. 5. Respeito mútuo e companheirismo. Todos os homens e todas
mulheres têm o dever de demonstrar respeito uns para com os outros e
compreensão no seu relacionamento. Em todas as suas variedades culturais e
religiosas, o casamento requer amor, lealdade e perdão e deve procurar garantir
segurança e apoio mútuo. O planeamento familiar é um dever de todos os casais.
O relacionamento entre os pais e os filhos deve reflectir o amor mútuo, o
respeito, a consideração e o cuidado.
Padre e professor de Filosofia
in DN 07.12.2018
Escreve de acordo com a antiga ortografia
www.dn.pt/edicao-do-dia/08-dez-2018/interior/direitos-e-deveres-humanos-10288935.html?target=conteudo_fechado
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À PROCURA DA PALAVRA
P. Vítor Gonçalves
DOMINGO II DO ADVENTO Ano C
“Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas.”
Lc 3, 4
Que
luz para as nossas ruas?
Sempre foi uma tradição lisboeta ir ver as luzes de Natal à Baixa e a
outras ruas que se iluminam em Dezembro. Percorro-as também e invade-me, aos
poucos, uma tristeza. Há luzes e muitas luzes, bolas e figuras geométricas,
fachadas com faixas de alto a baixo, uma e outra árvore de Natal, árvores
vestidas de luzes e estalactites luminosas a cair delas. Das imagens do
presépio, só se salvou a estrela. E presépios de rua, para além dos que estão
lá todo o ano, sob beirais e entre cartões, ainda não vi nenhum. Será que as
estrelas poderão indicar o caminho para Aquele que deu origem ao Natal?
De caminhos a preparar e veredas a endireitar, de montes e vales a
aplanar se faz o anúncio inicial de João Baptista. Parece um ministro de obras
públicas, atento às vias de comunicação que aproximam as pessoas e libertam do
isolamento. O percursor retoma o apelo antigo e sempre novo de Isaías: Deus vem
até nós por caminhos novos, e eles também dependem de nós. As vias abertas para
passar os poderosos de todos os tempos, por onde desfilam os exércitos da
guerra e o progresso dos privilegiados, e onde hoje correm os rios do dinheiro
e a embriaguez do consumo, não levam ao encontro das pessoas. Os grandes da
política e da religião daquele tempo já têm os seus caminhos habituais; João
Baptista fala do caminho que vai direito ao coração, aquele em que a salvação
pode ser oferecida.
Com mais ou menos presépios, luzes e presentes, interessa
perguntarmo-nos pela presença de Jesus na vida dos que acreditamos n’Ele. Não
como uma história bonita, ou uma mensagem moral. Nem como um hábito que se
repete ou um dogma que se impõe. Que caminho fazemos com Ele e como O acolhemos
nas nossas veredas? Saboreamos a sua salvação, que é dizer, o seu amor, e isso
vê-se naquilo que fazemos? Não podemos alimentar-nos de uma doutrina religiosa;
seríamos “funcionários” mas não amigos, nem irmãos! É preciso tempo e espaço
para experimentar a sua presença em mim e nos outros. É Jesus, e com Jesus, que
tudo se transforma!
Dá trabalho o Advento. E não é a azáfama de procurar os presentes nem
de preparar a ceia. Trata-se de levar mais luz aos caminhos que ainda deixam as
margens na escuridão e não se aventuram às periferias. Levar mais luz às trevas
de isolamento e exclusão, dos que vivem sós, dos que são descartados do
trabalho e duma dignidade de vida. Assumir a conversão que interpela o excesso
de uns com a miséria de outros e compromete em mudanças significativas. Quantas
ruas iluminadas ocultam montanhas de escuridão? Como vai lá chegar a luz que se
chama Jesus?
in Voz da Verdade
08.12.2018
http://www.vozdaverdade.org/site/index.php?id=7778&cont_=ver2
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Vatican appears likely to empower archbishops
on abuse claims against bishops
Proposal on
metropolitan archbishop review of abuse claims against prelates likely to
garner approval
by Joshua J. McElwee
ROME — One of
the proposals made at last month's meeting of U.S. Catholic bishops for
investigating future allegations of misconduct by prelates appears likely to
receive Vatican approval, according to several eminent canon lawyers and theologians.
The suggestion
to empower the nation's metropolitan archbishops to examine accusations made
against bishops in their regions of the country corresponds both with the way
the church handled such issues in earlier centuries and the current Code of
Canon Law, they say.
Nicholas
Cafardi, a respected civil and canon lawyer, noted that the current version of
the code already says the Vatican can give archbishops "special functions
and power" in their regions "where circumstances demand it."
"This
function could be to receive and investigate accusations of sexual impropriety
... and then to report to the Holy See on the results," said Cafardi, who
has advised bishops and dioceses on canonical issues for decades.
Richard
Gaillardetz, a theologian who has written several books on the practice of
authority in Catholicism, said simply: "It's just good ecclesiology."
"It
wouldn't be too hard to envision the Holy See granting metropolitans special
functions, and I could imagine that being done," he said.
In the Catholic
Church, metropolitan archbishops are those who are tasked with both leading an
archdiocese and presiding over the bishops in their wider ecclesiastical
province. While their role in their provinces has been largely honorific in
recent centuries, it was much more expanded in the earlier church.
"It would
be an interesting move," Jesuit Fr. Steven Schoenig, a historian who has
focused his research on the role of archbishops in the Middle Ages, said of the
proposal. "It would kind of restore things to an earlier stage in the
church's history."
The possibility
of empowering archbishops to investigate allegations made in their provinces
was raised at the annual meeting of the bishops' conference in November, when
the prelates were considering a number of proposals to respond to this year's
spate of revelations of clergy sexual abuse.
Chicago
Cardinal Blase Cupich, a metropolitan archbishop himself, formally submitted
the proposal at the end of the Nov. 12-15 meeting. Galveston-Houston Cardinal Daniel
DiNardo, the president of the conference, said it would now be evaluated
alongside a separate suggestion for the creation of a new nonprofit commission
to investigate accusations against bishops.
There are 34
metropolitan archbishops in the U.S. One example is Seattle Archbishop Peter
Sartain, who presides over a province that includes the dioceses of Spokane and
Yakima in Washington State.
Cupich's
proposal gained the backing of bishops across the ideological spectrum at the
November meeting, with others such as Philadelphia Archbishop Charles Chaput
and San Francisco Archbishop Salvatore Cordileone expressing support.
Cafardi, an
original member and chair of the conference's National Review Board, set up in
2002 to monitor the prelates' procedures to protect children, referenced Canons
435-438, which lay out the authority of metropolitan archbishops.
Among the tasks
given to metropolitans in the first part of Canon 436 is to "exercise
vigilance" in the observance of the faith in their regions.
The second part
of the canon goes further, stating: "Where circumstances demand it, the
Apostolic See can endow a metropolitan with special functions and power to be
determined in particular law."
Cafardi said he
could envision a scenario in which the U.S. bishops use that language to ask
the Vatican to give the country's metropolitans power to conduct abuse
investigations, and that it could be granted.
The U.S.
bishops have already announced creation of a new third-party reporting system
for receiving allegations of misconduct by prelates. The system is to consist
of a toll-free number and a website where people can report accusations, and is
to be active by July 2019.
Under Cupich's
proposal, the third-party system would then send to the various metropolitan
archbishops any allegations that a bishop in their province had sexually abused
a minor, an adult, or had been negligent in their handling of abuse cases.
In the case
where it was the metropolitan himself accused, the allegation would be sent to
the most senior bishop in the province.
The proposal
makes clear that the allegation is also to be sent to the bishop or
archbishop's clergy abuse review board, a structure every diocese is required
to have under the 2002 Charter for the Protection of Children and Young People.
Gaillardetz, a
former president of the Catholic Theological Association of America, said he
thought the proposal "thickens the exercise of subsidiarity" in the
church, referring to a principle in Catholic social teaching that problems
should be dealt with at the lowest level where they can be effectively handled.
"In
general, I'm in favor of ... strengthening any kind of intermediate collegial
authority," said Gaillardetz," the Joseph Professor of Catholic
Systematic Theology at Boston College.
Schoenig, an
associate professor at St. Louis University, said the proposal reflected the
role metropolitans played in the church from about the year 700 to about the
year 1,200, when popes began to limit their authority.
The Jesuit said
that metropolitans used to have responsibility for confirming the election of
bishops in their provinces, more freely investigating any allegations of
misconduct, and presiding over a court of appeal that could reconsider
canonical decisions made by local prelates.
Schoenig said
the proposal sounded like "a return to the early Middle Ages in certain
ways, when Rome was just not as much involved."
"If we
could restore some of these old rights of these metropolitans ... it would make
a more agile church that could respond more quickly and with greater
familiarity to local circumstances," he said.
While
Gaillardetz expressed approval for the idea of empowering metropolitans, he
said he was also hoping for further measures to more deeply examine the roots
of the clergy sexual abuse crisis.
Referencing
Pope Francis' upcoming February summit with the presidents of the world's
conferences of bishops, the theologian said it was his "fantasy" that
the pontiff would encourage the bishop presidents leaving the meeting to go
home and convoke nation-wide plenary councils to consider the crisis.
A plenary
council is a special gathering of a national church territory that involves the
participation of bishops, heads of religious orders and universities, and
laypeople. The U.S. last held such a council in 1884.
"That goes
back to the whole problem of you're asking an episcopal structure to address a
problem of episcopal malfeasance," said Gaillardetz, adding that plenary
councils are "by law, a gathering not of the bishops but of the entire
Christian faithful."
Holding a
council, he said, "takes much longer to do, but it's more likely to ...
allow the people of God to feel like they're part of the process, which kind of
addresses the sense of impotence that so many people have in this
situation."
"You're
also more likely to get a much more comprehensive assessment of what got us in
this situation," said Gaillardetz.
[Joshua
J. McElwee is NCR Vatican correspondent. His email address is
jmcelwee@ncronline.org. Follow him on Twitter @joshjmac.]
in NCR 05.12.2018
[Joshua
J. McElwee is NCR Vatican correspondent. His email address is jmcelwee@ncronline.org.
Follow him on Twitter @joshjmac.]
/www.ncronline.org/news/accountability/vatican-appears-likely-empower-archbishops-abuse-claims-against-bishops?utm_source=DEC_5_NEWS_MCELWEE+archbishops&utm_campaign=cc&utm_medium=email
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