P / INFO: Do Panamá para Portugal, O
infinito tornou-se a única medida comercialmente significativa & Sabem,
querem, e fazem…!
Do
Panamá para Portugal
Pe.
Anselmo Borges
1.
Nesta sua presença de 5 dias nas Jornadas Mundiais da Juventude no Panamá, o
Papa Francisco também visitou um centro de detenção de jovens, que é modelar,
pois, com a ajuda de assistentes sociais, psicólogos e peritos de várias
especialidades, prepara os jovens para a sua integração na sociedade, sendo
também obrigatória a sua participação em cursos de formação profissional e de
desenvolvimento humano. Francisco animou-os: “Que ninguém vos diga nunca: ‘não
vais conseguir’. Deus não vê rótulos nem condenações, vê filhos.”
Foi
ali que um jovem preso contou ao Papa a sua história: que desde pequeno sempre
sentira um vazio interior, a falta de um olhar carinhoso de pai; um dia,
encontrou esse olhar em Deus, mas, depois, caiu e agora encontrava-se ali
cumprindo uma pena; e disse-lhe, do fundo do seu contentamento, que havia de
ser um grande chefe. Francisco ouviu com atenção e carinho, como só ele sabe
escutar. E o jovem comentou enternecida e admirativamente: “... Que alguém como
você tenha arranjado tempo para ouvir alguém como eu, um jovem privado da
liberdade!... Não sabe a liberdade que sinto neste momento!” O jesuíta Diego
Fares comentou: “Talvez tenha que ser um preso para valorar quem o Papa é e o
que faz.”
Ao
longo desta sua viagem, Francisco encontrou-se com políticos, bispos, padres,
religiosos e religiosas, fez discursos para as centenas de milhares de jovens,
vindos de 155 países, mas encontrou tempo para escutar a história deste rapaz e
assim escreveu mais um capítulo da sua encíclica, que não é de palavras, mas de
gestos, encíclica que dá sentido a todas as suas encíclicas e discursos. Jesus
também assim procedeu.
2.
Neste contexto, Francisco tem autoridade para falar duro aos bispos.
Arremetendo contra “o funcionalismo e o clericalismo eclesial, tão tristemente
generalizado e que representa uma caricatura e uma perversão do ministério”,
pediu-lhes conversão. Invocando o exemplo do bispo Óscar Romero, assassinado e
recentemente canonizado por ele, atirou: “Não inventámos a Igreja, ela não
nasce connosco e continuará sem nós. Uma Igreja autosuficiente não é a Igreja
de Deus. É importante, irmãos, que não tenhamos medo de nos aproximar e de
tocar as feridas da nossa gente, que também são feridas nossas, e fazê-lo
segundo o estilo do Senhor. O pastor não pode estar longe do sofrimento do seu
povo; mais: poderíamos dizer que o coração do pastor se mede pela sua
capacidade de se deixar comover perante tantas vidas doridas e ameaçadas.”
A
Igreja de Cristo “não quer que a sua força esteja no apoio dos poderosos ou da
política”, a sua força vem-lhe do Crucificado”. A Igreja de Cristo “é a Igreja
da compaixão, e isso começa por casa, pelos sacerdotes, pelos fiéis, e o que
não podemos delegar é ‘o ouvido’, o que não podemos delegar é a capacidade de
escutar”; os bispos devem, em primeiro lugar, ouvir os seus padres, e “é
importante que o padre encontre no bispo o pai, o pastor em quem se revê e não
o administrador que quer ´passar revista às tropas’.” “No pastor, a autoridade
radica especialmente em ajudar a crescer, em promover os seus padres, mais do
que em promover-se a si mesmo: promover-se a si mesmo fá-lo um solteirão”.
E,
lembrando o acontecimento das Jornadas, chamou a atenção dos bispos para “irem
ao encontro e aproximar-se ainda mais da realidade dos nossos jovens, cheia de
esperanças e desejos, mas também profundamente marcada por tantas feridas”. Os
jovens “levam com eles uma inquietação que devemos valorar, respeitar,
acompanhar, e que tão bem nos faz a nós todos porque desinstala e recorda-nos
que o pastor nunca deixa de ser discípulo e está a caminho. Como não agradecer
ter jovens inquietos pelo Evangelho!”, acrescentou. “Exorto-vos a que promovais
programas e centros educativos que saibam acompanhar, apoiar e potenciar os
vossos jovens; ‘roubai-os’ à rua antes que seja a cultura de morte,
‘vendendo-lhes’ fantasias e soluções mágicas, a apoderar-se e a aproveitar a
sua imaginação. E fazei-o, não com paternalismo, de cima para baixo, porque
isso não é o que o Senhor nos pede, mas como pais, como irmãos para irmãos.”
“Há lares alquebrados tantas vezes por um sistema económico que não tem como
prioridade as pessoas e o bem comum e que fez da especulação o seu ´paraíso’, a
partir do qual continuar a ‘engordar’, sem se importar à custa de quem, e,
assim, os nossos jovens sem lar, sem família, sem comunidade, sem pertença,
ficam à intempérie do primeiro vigarista.”
3.
Evidentemente, o centro tinha de ser ocupado pelos jovens. Francisco conhece
bem as suas dificuldades e os seus dramas e, por isso, já na mensagem de
preparação das Jornadas lhes tinha dado ânimo. “Convido-vos a todos a olhar
para dentro de vós próprios e a ‘dar nome’ aos vossos medos. Perguntai-vos:
hoje, na situação concreta que estou a viver, o que é que me angustia, o que é
que mais temo? Porque é que não tenho a coragem de abraçar as decisões
importantes que deveria tomar?”. Continuou: “O medo nunca deve ter a última
palavra, mas ser ocasião para realizar um acto de fé em Deus... e também na
vida. Isto significa acreditar na bondade fundamental da existência que Deus
nos deu, confiar que ele conduz a um fim bom, mesmo através de circunstâncias e
vicissitudes muitas vezes misteriosas para nós.”
Logo
à chegada, nas boas vindas, avisou: “O cristianismo não é um conjunto de
verdades nas quais se tem de acreditar, de leis que se tem de cumprir ou de
proibições. Assim, é repugnante. O cristianismo é uma Pessoa que me amou tanto
que reclama e pede o meu amor. O cristianismo é Cristo e é amar com o mesmo
amor com que ele nos amou.” E, utilizando linguagem digital, ele que não tem
computador nem smartphone, como lembrou A. Tornielli, director dos média do
Vaticano: A mensagem de Cristo “não é
uma salvação armazenada na ‘cloud’ (nuvem) nem uma aplicação descarregável”; “a
vida não espera ser descarregada, não é uma ‘aplicação’ nova a descobrir, a
salvação é uma história de amor que se entretece com as nossas histórias.”
Quanto às redes sociais alertou: “As redes servem para criar vínculos, mas não
raízes, são incapazes de nos dar pertença, de fazer-nos sentir parte de um
mesmo povo.”
No
final da Via-Sacra, Francisco fez um reflexão sobre “o caminho de sofrimento e
solidão” que Jesus já padeceu e que “continua nos nossos dias”. “Ele caminha e
sofre em tantos rostos que sofrem a indiferença satisfeita e anestesiante da
nossa sociedade que consome e se consome, que ignora e se ignora na dor dos
seus irmãos.” A via-sacra da Humanidade prolonga a de Jesus “no grito sufocado
das crianças que se impede de nascer e de tantas outras às quais se nega o
direito de ter uma infância, família, educação, que não podem brincar, cantar;
nas mulheres maltratadas, exploradas e abandonadas, despojadas e coisificadas
na sua dignidade; nos olhos tristes dos jovens que vêem arrebatadas as suas
esperanças de futuro pela falta de educação e trabalho digno; na angústia de
rostos jovens que caem nas redes de gente sem escrúpulos — entre elas também se
encontram pessoas que dizem servir-te, Senhor, redes de exploração, de
criminalidade e de abuso, que se alimentam das suas vidas; na espiral de morte
por causa da droga, do álcool, da prostituição e do tráfico; na dor oculta e
indignante daqueles que, em vez de solidariedade por parte de uma sociedade
repleta de abundância, encontram rejeição, dor e miséria, e mais: são tratados
como os portadores e responsáveis por todo o mal social; na resignada solidão
dos velhos abandonados e descartados; no grito da nossa mãe Terra, numa
sociedade que perdeu a capacidade de chorar e comover-se perante a dor.”
Pediu
aos jovens que continuem a sonhar e que sejam os “influencers do século XXI”:
“ser ‘influencers’ no século XXI é ser guardiães das raízes, guardiães de tudo
aquilo que impede que a nossa vida se torne gasosa, se evapore no nada. Sede
guardiães de tudo aquilo que nos permite sentirmo-nos parte uns dos outros. Que
pertencemos uns aos outros.” Avisou: “Não se está a dar raízes e alicerces à
juventude”. “Sem educação, é difícil sonhar com um futuro. Sem trabalho, é
muito difícil ter futuro, família e estar em comunidade.”
4. Já
de regresso ao Vaticano, deu, como é hábito, uma conferência de imprensa no
avião.
4.1.
Renovou o pedido suplicante de “uma solução justa e pacífica” para a situação
dramática da Venezuela, “respeitando os direitos humanos e desejando
exclusivamente o bem de todos os seus habitantes”. E preveniu para o risco da
violência: “O que mais me custa? O derramamento de sangue, e aí também peço grandeza
aos que podem ajudar a resolver o problema”.
4.2.
Quanto à cimeira anti-pedofilia, com os Presidentes de todas as Conferências
Episcopais do mundo, convocada para os dias 21-24 de Fevereiro em Roma, disse
que deve ser, em primeiro lugar e essencialmente, uma tomada de consciência da
tragédia, “uma catequese para que se tome consciência do drama que é uma menina
ou um menino abusados. Eu recebo com
regularidade pessoas abusadas, e recordo uma que passou 40 anos sem conseguir
rezar. É terrível o sofrimento.” Como disse, durante as Jornadas, Alessandro
Gisotti, director de imprensa da Santa Sé, “A questão dos abusos está no
centro, no coração e na mente de Francisco”, que quer que se adopte, durante a
próxima cimeira de bispos, “medidas concretas” para combater esta “terrível
chaga”. “Será uma ocasião sem precedentes para enfrentar, como dissemos muitas
vezes, o problema e encontrar realmente medidas concretas para que, quando os
bispos regressem de Roma às suas dioceses, possam combater este flagelo da Igreja.”
4.3.
Francisco também foi dizendo que é contra o fim da lei do celibato obrigatório:
“Pessoalmente, creio que o celibato é um dom à Igreja e eu não estou de acordo
com a permissão do celibato opcional.” Mas está aberto à possibilidade, que
está a ser estudada, de ordenar homens casados que deram e dão exemplo de
maturidade humana e cristã. Como tenho escrito aqui, estou convencido de que
isso vai tornar-se realidade já no Sínodo sobre a Amazónia, em Outubro próximo.
Quanto à lei do celibato e ao seu fim, também estou convencido de que é uma
questão de tempo. Francisco também saberá disso, mas está como João Paulo II:
“Eu sei que os padres hão-de vir a poder casar, mas isso não acontecerá no meu
pontificado.”
5. Já
após o anúncio de que a sede das próximas Jornadas será Portugal, Francisco
agradeceu a todos, sobretudo aos jovens: “A vossa fé e alegria fizeram vibrar o
Panamá, a América e o mundo inteiro. Somos peregrinos, continuai a caminhar,
continuai a viver a fé e a partilhá-la; vós, queridos jovens, não sois o futuro
nem o ‘entretanto’, mas o agora de Deus. Peço-vos que não deixeis esfriar o que
vivestes durante estes dias.” Uma expressão belíssima, plena de sentido: sois
“o agora” de Deus.
Em
2022, pensa-se que poderão participar 2 milhões de jovens de todo o mundo no
acontecimento com mais representatividade de sempre em Portugal, precisamente
as Jornadas Mundiais da Juventude. Reunidos na alegria da juventude, da festa,
do encontro de culturas e histórias diferentes, estabelecendo pontes — o Presidente
Marcelo Rebelo de Sousa e o Patriarca de Lisboa Manuel Clemente lembraram
concretamente as pontes com o mundo lusófono, sobretudo na África, o único
continente que ainda não recebeu as Jornadas —, sabem que o ponto de
confluência e união é a fé em Jesus Cristo.
in DN 03 Fevereiro 2019
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O INFINITO TORNOU-SE A ÚNICA MEDIDA COMERCIALMENTE
SIGNIFICATIVA
Pe. JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA
Até
há pouco, até este trânsito epocal que se vem convencionando chamar “revolução
digital”, o todo era a designação que se dava a uma grandeza apenas hipotética,
uma grandeza que se sabia inalcançável. A revolução digital transformou o todo
(ou, por assim dizer, o infinito) numa quantidade mensurável e que se pode
doravante possuir. Mas não só: o infinito tornou-se a única medida
comercialmente significativa. Se uma determinada realidade não arrisca
apresentar-se em termos de totalidade, passa imediatamente a estar circunscrita
a uma proporção mínima e, logo, insignificante. Um dos mil exemplos que a
transição digital fornece é o Spotify. Um disco é um repositório de dez ou doze
canções. O Spotify é (em teoria) o repositório de toda a música do mundo. Ora,
o caudal de aplicações, que hoje circulam em turbilhão, busca esse efeito, que
na opinião de alguns é simplesmente tecnológico, mas que segundo outros tem
inevitáveis consequências culturais e antropológicas: procura-se desativar a
ideia de infinito. Recordo o que foi escrito por Alessandro Barrico num recente
ensaio, intitulado “The Game”: “Se conseguires elevar o todo a unidade de
medida, a épico objetivo de qualquer tarefa e a mercadoria perfeita, fazes uma
vítima ilustre: o infinito. De facto, se puderes abarcar o todo, o infinito não
existe.”
A
revolução digital transformou o todo (ou, por assim dizer, o infinito) numa
quantidade mensurável e que se pode doravante possuir
Por
coincidência, neste 2019, está a comemorar-se o segundo centenário do poema ‘O
Infinito’, de Giacomo Leopardi, certamente uma das líricas mais amadas do
cânone ocidental, e que ele escreveu quando tinha vinte anos de idade. Apenas
um ano antes, aquele miúdo macambúzio de Recanati, um lugarejo nos confins do
Estado Pontifício, atreveu-se a escrever a Pietro Giordani, um dos intelectuais
mais famosos daquela época. Contava que tinha visto a primavera, que tinha
ficado soterrado de espanto com a primavera e que sentia, desde aí, o
imperativo de se tornar poeta. Giordani dá-lhe então um conselho prudente, que
Leopardi evidentemente não segue: recomendou-lhe que escrevesse ainda, durante
um período longo, prosa apenas, antes de enfrentar a poesia. Pouco tempo foi
necessário para que Leopardi chegasse a essa composição fulgurante, essa
espécie de milagre verbal construído por 100 palavras, distribuídas em 15
versos inesquecíveis. “Sempre cara me foi esta colina deserta,/ e a sebe, que
de tantos lados/ me exclui a visão do último horizonte./ Mas sentado aqui,
olhando intermináveis/ espaços para além dela, e sobre-humanos/ silêncios, e a
quietude mais profunda,/ no pensamento eu finjo; então por pouco/ o coração não
se apavora. E o vento/ ouço gemer nas ervas, e àquele/ infinito silêncio esta
voz/ vou comparando: e sobrevém-me o eterno,/ e as estações já mortas, e esta
presente/ viva, com o seu ruído… É assim, que nesta/ imensidão se afoga o meu
pensamento:/ E o naufrágio me é doce neste mar.” O fascínio do poema liga-se
provavelmente ao seu carácter enigmático, acentuado por um balanço sucessivo de
contradições que cartografam o ser do homem no mundo: há uma sebe a impedir o
horizonte, mas o horizonte entra como um dique que se rompe; há um infinito
silêncio descrito, porém, como uma voz; há uma experiência da imensidão
avaliada como um afogamento e um naufrágio que, ao mesmo tempo, se dizem serem
doces... O poema coloca-nos no interior da luta que todos provamos na carne e
na alma, dentro do combate entre a finitude humana e o infinito entrevisto,
isso que não conseguimos domesticar nunca numa representação, mas que não deixa
de constituir um fator determinante do mistério que somos. Leopardi tem razão.
O infinito não é uma mercadoria.
in Semanário Expresso 02.02.2019
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À PROCURA DA
PALAVRA
P. Vítor
Gonçalves
DOMINGO IV
COMUM Ano C
“Jesus,
passando pelo meio deles,
seguiu o seu
caminho.”
Lc 4, 30
Sabem, querem, e fazem…!
Podemos reconhecer estes atributos nas pessoas decididas e
promotoras de desenvolvimento. “Saber”, “querer” e “fazer” não são ideais que
nos motivam como humanos? Contudo, aplicados aos conterrâneos de Jesus, na sua
apresentação como profeta na terra que o viu crescer, foram sinal de atrofia e
dureza de coração e pensamento. Ao longo da história e em tantos lugares, com
outros homens e mulheres, revestidos de espírito profético, conscientes ou não
do projecto de Deus, agindo para libertar e salvar a humanidade, a mesma
arrogância tem-se manifestado.
É grande a tentação de julgar que se sabe tudo. Que se
conhece bem quem cresceu ao nosso lado. A passagem da admiração diante das
palavras da Jesus à convicção de que o conheciam muito bem é surpreendente.
Fecharam a mente e o coração à novidade com os ferrolhos da presunção. Como
Jesus desafiava os habituais esquemas religiosos e pedia um suplemento de
coração, era mais fácil contestar a sua origem. Assim aconteceria durante a sua
vida pública: os mais letrados, os especialistas das Escrituras, os que
esperavam um Messias justiceiro e vingador, os satisfeitos da religião, os que
tinham negócio montado com o Templo e com os governantes, os que “fiscalizavam”
a religião dos outros, “sabiam” que Jesus não podia vir da parte de Deus! É o
saber que não admite interrogação, abertura, maravilhamento perante a absoluta
novidade do amor gratuito de Deus!
Queriam sinais extraordinários para acreditar. Milagres para
alimentar uma “fé” que não nos transforma nem compromete, mas põe Deus ao nosso
serviço. Não vai ser essa a última tentação feita a Jesus? “Salvou os outros;
salve-se a si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito” (Lc 23, 35), dirá o povo
no calvário. Queriam, e não queremos nós, sinais extraordinários que dissipem
as dúvidas, ponham ordem em tudo o que nos dá trabalho, resolvam as
imperfeições, nos façam pedir “bis, bis”? O que não queriam, nem queremos (?):
acolher a palavra e a pessoa de Jesus, a ser Deus-connosco, a fazer-nos
profetas que vivem e anunciam um mundo novo de irmãos, que não pactuam com a
injustiça e a falta de amor, e aprendem a dar a vida.
Por isso, fizeram o que é costume: expulsaram-no da cidade, e
tentaram precipitá-l’O de um monte. É a Páscoa anunciada, e repetida nos
profetas de todos os tempos. Aos filhos ilustres de uma terra costuma
oferecer-se as chaves da cidade, por entre homenagens várias. A Jesus,
apontaram a porta de saída, e já agora, do mundo, “porque estamos bem,
obrigado, e o deus que nos trazes vem pôr em causa esta vida a que nos
habituámos”!
É importante “saber” mas o que sabemos e como sabemos? É
importante “querer” mas o que que queremos e quem queremos? É importante
“fazer” mas o que fazemos e porque fazemos? Jesus que passou no meio deles e
seguiu o seu caminho, como continua a interpelar-nos?
in Voz da Verdade,
03.02.2019
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