P/INFO: Crónicas & Capela do Rato
Frei Bento: Deus onde está?
Pe. Anselmo Borges: Os prazeres da comida e do sexo
Cardeal Tolentino: O interruptor
Pe. Vítor Gonçalves: É preciso mudar
DEUS
ONDE ESTÁ?
Frei Bento Domingues, O.P.
1. De Fátima a Meca ou a Jerusalém, o
desconsolo é evidente em quem deseja e não consegue participar nas grandes
celebrações da fé a que se estava habituado. As assembleias reduzidas, com
observância rigorosa do novo ritual que impõe distâncias, uso obrigatório de
máscara e um ritmo marcado de purificações das mãos, acentuam um clima de
desconfiança mútua num cenário de catacumba.
Não é por causa de qualquer medida
contra a liberdade religiosa, mas para defesa das ameaças de um vírus que não pergunta aos seus hóspedes
se são crentes, agnósticos ou ateus.
A ciência tem-se mostrado muito lenta,
como é normal, a encontrar remédios para o vencer e não surgem milagres disponíveis
para a substituir. A oração intensa – nas suas inumeráveis formas – pode
ajudar-nos a criar em nós um espírito de resistência e de esperança. Precisamos
de abrir os olhos para todas as possibilidades de trabalhar por um mundo, onde a
busca da justiça, banhada de sabedoria política dos cidadãos, se torne o nosso
pão de cada dia.
O director executivo do Programa
Alimentar Mundial, David Beasley informou, perante o Conselho de Segurança das
Nações Unidas, que há 138 milhões de pessoas a passar fome, mas em
breve serão 270 milhões a precisar de ajuda alimentar e 30 milhões morrerão se
não receberem auxílio de emergência. Este Programa não tem recursos para
continuar o seu trabalho. Por contraste, no mundo inteiro há mais de dois mil
multimilionários que, até com a própria pandemia, ganham milhões de dólares[1].
Como não pertencemos aos
multimilionários nem sabemos como os convencer a partilhar o seu grande roubo à
humanidade, a informação sobre esse horror pode indignar-nos, mas deixa-nos paralisados.
2. Não tem que ser assim[2]. Há ricos que podem ouvir a voz da
consciência – voz de Deus silencioso – e, em vez de se servirem do dinheiro da
iniquidade para aprofundarem os abismos sociais, usem o seu talento para abrir
novos caminhos para uma economia solidária. Como diz o Evangelho, é raro, mas
não é impossível. Por outro lado, como esquecer as pessoas que a nível familiar,
profissional, político, associativo, cultural, lúdico, resistem à mentira, à
corrupção, à maldade e se prontificam a ajudar, sem alarde, quem é vítima de
tantas formas de exclusão? É essa santidade anónima que é a alma do mundo.
Os crentes continuarão a pedir a Deus
que não se esqueça dos esquecidos de todos, mas faziam melhor se pedissem à assembleia
orante que não se esqueça da primeira e última pergunta de Deus[3]: Que
fizeste do teu irmão? É pela resposta prática a esta questão que nos tornamos
humanos e divinos, responsáveis uns pelos outros, ou inumanos, quando nos auto-excluímos
da verdadeira humanidade.
Cristo não sacralizou a pobreza. Pelo
contrário. Ao centrar o seu olhar e os seus cuidados nos marginalizados, abriu
o caminho aos seus discípulos: fazei tudo para eliminar as periferias, trazendo
as suas vítimas para o centro das vossas preocupações.
Não é pedir o impossível à imaginação
económica e política que não suporte ver uns poucos à mesa e a maioria à porta.
Cristo deixou-nos uma parábola de fogo sobre esse escândalo[4]. Segundo o Papa Francisco, as
desigualdades brotam de um sistema que tem o capital como prioridade e não os
direitos humanos.
Não me parece boa ideia reservar o
encontro com Deus apenas para as celebrações litúrgicas. Cristo avisou-nos: Nem todo o que me diz Senhor, Senhor entrará no Reino de Deus,
mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai. (…) Afastai-vos de mim, vós que
praticais a iniquidade[5].
S. Tiago não podia ser mais sintético: a
fé sem obras não é nada[6].
Para S. Paulo, o verdadeiro culto é a
vida inconformada com a situação desumana do mundo: Por
isso, vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que vos ofereçais como
sacrifício vivo, santo, agradável a Deus. Este é que é o verdadeiro culto segundo o Espírito: Não vos acomodeis a este
mundo. Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade,
para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe é
agradável, o que é perfeito[7].
Jesus,
em conversa com a samaritana, altera os lugares do culto: não é em Jerusalém
nem em Garizim, mas chega a
hora – e é já – em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em
espírito e verdade, pois são assim os adoradores que o Pai pretende[8].
Quando fui
professor de Teologia das Realidades Terrestres,
procurei, com os alunos, descobrir a significação divina, cristã, das tarefas –
ditas profanas – nas quais, as pessoas gastam a maior parte do seu tempo. Não
se podia continuar a desvalorizar a vida doméstica, profissional, cultural,
lúdica, social e política. Era necessário encontrar a alteração que Jesus
Cristo introduziu na questão das relações entre sagrado e profano.
3. O Papa Francisco[9] não me parece muito assustado com os
agnósticos, que tanto podem significar uma atitude humilde, em face do mistério
do mundo, como uma interrupção apressada da pergunta essencial. Denunciou, pelo
contrário, uma espiritualidade desencarnada: os
gnósticos concebem uma mente sem
encarnação, incapaz de tocar a carne sofredora de Cristo nos outros, engessada
numa enciclopédia de abstracções. Ao desencarnar o mistério, em última análise,
preferem um Deus sem Cristo, um Cristo sem Igreja, uma Igreja sem povo.
Se
quisermos saber onde está Deus, um bom caminho talvez seja o de
perguntar onde estão os seres humanos: Deus é sempre novidade, que nos impele a
partir sem cessar e a mover-nos para ir mais além do conhecido, rumo às
periferias e aos confins. Leva-nos aonde se encontra a humanidade mais ferida e
aonde os seres humanos, sob a aparência da superficialidade e do conformismo,
continuam à procura de resposta para a questão do sentido da vida.
Deus não tem
medo! Não tem medo! Ultrapassa sempre os nossos esquemas e não Lhe metem medo
as periferias. Ele próprio Se fez
periferia[10].
Por isso, se
ousarmos ir às periferias, lá O encontraremos. Jesus antecipa-nos no coração daquele irmão, na sua carne ferida,
na sua vida oprimida, na sua alma sombria. Ele já está lá.
É difícil e
incómodo acolher essa presença real.
Pensávamos que era um exclusivo da Missa.
in Público 27.09.2020
https://www.publico.pt/2020/09/27/opiniao/opiniao/deus-onde-1932881
[1] Cf. 7Margens, 19.09.2020
[2] Cf. Gaudete
et exsultate, Exortação Apostólica, 2018, nº 137
[3] Gn
4, 9-10; Mt 25, 31-46
[4] Lc 16,19-31
[5] Mt
7, 21-23
[6] Tg
2
[7] Rm 12, 1-2
[8] Jo 4, 23
[9] Cf. Gaudete
et exsultate, Exortação Apostólica, 2018.
[10] Cf. Flp 2, 6-8; Jo 1, 14 e
nota 2
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OS PRAZERES DA COMIDA E DO SEXO: “DIVINOS”
Anselmo Borges
Padre e Professor de Filosofia
1.
Quando se fala da Igreja e do sexo, entra-se numa história muito complexa e
pouco edificante.
Significativamente,
não é com a Bíblia que há dificuldades. De facto, no Antigo Testamento, lê-se,
logo no primeiro livro, o Génesis,
que Deus criou também a sexualidade e viu que era boa. Do mesmo Antigo
Testamento faz parte um dos livros mais belos a cantar o amor erótico: o Cântico dos Cânticos.
Já no
Novo Testamento, Jesus raramente se referiu ao sexo, aliás nunca por iniciativa
própria, mas para responder a perguntas que lhe foram feitas a propósito do
divórcio e para defender a mulher.
2.
Factor decisivo para o envenenamento da relação foi a gnose, a primeira grande
heresia com que o cristianismo teve de confrontar-se e que, desgraçadamente,
não terminou. Segundo a gnose ou gnosticismo, a salvação não se alcança pela
fé, mas pelo conhecimento, que é secreto e, em última análise, acessível apenas
aos iniciados. Elemento essencial desta doutrina é que o Deus do Antigo
Testamento, que é o criador do mundo, não é o mesmo que o Pai de Jesus Cristo.
Este mundo, que é o mundo material, procede de uma queda e é mau. Os membros
desta heresia insistiam concretamente, na continuação do platonismo, num
dualismo radical de alma e corpo, matéria e espírito, sendo o corpo apenas uma
espécie de “contentor” da alma: necessário, mas sempre inferior e indesejável.
A
gnose pretendia essencialmente explicar a existência do mal no mundo. O
maniqueísmo situa-se neste mesmo quadro de compreensão, distinguindo no
fundamento de tudo um duplo princípio, um princípio do bem e um princípio do
mal; a História é uma luta entre estes dois princípios, com a esperança do
triunfo final do Bem. Santo Agostinho era maniqueu, mas, ao tornar-se cristão,
teve de abandonar o maniqueísmo, pois, segundo o cristianismo, Deus é o único
princípio e fundamento de tudo e tudo fez bem. Ficava um problema gigantesco:
como explicar o mal no mundo, se Deus é bom? Santo Agostinho, a partir de uma
experiência pessoal negativa da sexualidade e de uma exegese errada — ele não
sabia grego e, por isso, seguiu a tradução latina de um passo célebre da Carta
de São Paulo aos Romanos, capítulo V, versículo 12: Adão, “no qual” todos
pecaram, quando o original grego diz “porque” todos pecaram —, apresentou como
solução para o problema do mal a doutrina do pecado original, embora os
Evangelhos não falem dele. O que é facto é que, com esta doutrina, Santo
Agostinho, que é, por outro lado, um dos maiores génios da Humanidade,
envenenou a sexualidade e tudo quanto de um modo ou outro com ela se relaciona.
De facto, esse pecado foi entendido não como o primeiro de todos os pecados,
porque todos os seres humanos são pecadores, mas como um pecado herdado de Adão
e transmitido por geração, portanto, no acto sexual.
A lei
do celibato obrigatório para o clero e sobretudo a misoginia têm também aqui
assento. As mulheres são, por um lado, fonte da tentação e, por outro, devem
ter filhos, mas sabendo que durante nove meses transportam consigo o pecado. A
confissão dos pecados ficou quase exclusivamente centrada no sexo, de tal modo
que o confessionário em vez de ser o lugar da libertação se transformou na
realidade em câmara de tortura. Segundo o historiador Guy Bechtel na sua obra A carne, o diabo e o confessor, desde o
século XVIII muitos terão iniciado o abandono da Igreja, precisamente porque a
confissão, patologicamente centrada no pecado sexual, esmiuçado até à exaustão,
começou a ser sentida como invasão indevida da intimidade de cada um, ferindo
inclusivamente os direitos humanos, de que se começava a ter uma consciência
mais viva.
3.
Foi neste contexto que provocaram a merecida atenção da opinião pública mundial
declarações do Papa Francisco sobre o tema do prazer da comida e do sexo, que
vem de Deus, feitas a Carlo Petrini, um jornalista e gastrónomo italiano, e
publicadas recentemente no seu livro Terrafutura.
Dialoghi con Papa Francesco sull’ecologia integrale (Terra futura. Diálogos
com o Papa Francisco sobre a ecologia integral).
O
jornalista provocou o Papa, dizendo-lhe que “a Igreja católica sempre anulou o
prazer, como se fosse algo a evitar”. Francisco não está de acordo e respondeu
que “a Igreja condenou os prazeres desumanos, grosseiros e vulgares, mas sempre
aceitou os prazeres humanos, sóbrios, morais”. Francisco opõe-se a “uma
moralidade beata, fanática”, que rejeita o prazer. Essa rejeição existiu na
história da Igreja, mas constitui “uma má interpretação da mensagem cristã” e
“causou enormes danos, que ainda hoje se fazem sentir fortemente em alguns
casos.” E, para que não houvesse equívocos, declarou textualmente: ”O prazer
vem directamente de Deus. Não é católico, não é cristão ou outra coisa, é
simplesmente divino. O prazer de comer serve para que ao comer se mantenha uma
boa saúde, tal como o prazer sexual existe para tornar o amor mais belo e
garantir a continuação da espécie.”
4.
Não nos vivemos dualisticamente: de um lado o corpo, do outro a alma; mesmo se
em tensão, o ser humano é uma unidade corpóreo-espiritual. Dada a complexidade
do Homem, que pode até levar a confundir a felicidade com a soma de prazeres e
a anomia, não é fácil levar uma vida humana na dignidade livre e na liberdade
com dignidade para todos. Mas saúda-se a intervenção de Francisco, abençoando o
prazer, que não pode ser nem tabu nem
ídolo, um deus falso e enganador. “Simplesmente divino”.
in DN
26.09.2020
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/26-set-2020/os-prazeres-da-comida-e-do-sexo-divinos--12755950.html?target=conteudo_fechado
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QUE COISA SÃO AS NUVENS
JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA
O Interruptor
O MEDO FAZ PARTE DE TODA A CONSTRUÇÃO VERDADEIRA DA
ESPERANÇA. COMO ESCREVEU SÉNECA, “SE EU CESSAR DE TEMER, CESSAREI TAMBÉM DE
ESPERAR”
A diferença
entre a esperança e o desânimo é mínima: é como ligar um interruptor. Coisa tão
estranha, a esperança! Por um processo surpreendente de vida interna, aquilo
que antes parecia apenas um copo já meio vazio nós conseguimos vê-lo como um
copo meio cheio. Quem o diz é a filósofa Martha C. Nussbaum, que não se
conforma que, sendo a esperança uma experiência humana decisiva, seja tão pouco
conversada e refletida.
Segundo
Nussbaum, há três coisas essenciais que todos temos a aprender (ou a
reaprender) sobre a esperança. A primeira é que ela não é um discurso sobre
probabilidades. Nem podemos fazer depender a legitimidade da esperança do facto
de ter um desfecho provável. Pelo contrário, quando aumenta a probabilidade de
um resultado positivo, falar de esperança torna-se supérfluo. Melhor seria,
nesse caso, falar de expectativas, e de boas expectativas. É quando nada parece
garantido que a esperança joga um papel fundamental, mobilizando-nos para não
cruzarmos os braços nem nos darmos por derrotados. Renunciar à esperança é
aceitar coincidir com a realidade sem mais, enquanto agarrar-se a ela é
introduzir uma tensão inconformada entre nós e a morfologia do presente. Essa
tensão insufla no tempo uma coragem que desconhecíamos; motiva-nos a uma
ousadia e resiliência inéditas; coloca em marcha estratégias que, contra todas
as expectativas, se revelam acertadas.
Renunciar
à esperança é aceitar coincidir com a realidade sem mais, enquanto agarrar-se a
ela é introduzir uma tensão inconformada entre nós e a morfologia do presente
A
segunda coisa é que a esperança não é um discurso sobre desejos. Um dos erros
frequentes é associar a esperança à satisfação de desejos imediatos, não raro
tremendamente banais e infantis. Ora, só podemos falar de esperança quando
estão em causa coisas grandes, superiores às nossas possibilidades; quando há
uma confirmada incerteza sobre os resultados; e, por fim, quando face ao objeto
da esperança percebemos uma impotência e uma falta de controlo da nossa parte.
Além disso, a esperança não é uma experiência existencialmente neutra. Ter
esperança não nos isenta de experimentar o medo, de sofrer violentamente com o
abalo de terra de certos confrontos nossos com a fragilidade, de atravessar o
ordálio das dúvidas. Numa das cenas mais extraordinárias dos evangelhos, Jesus
consegue que também Pedro caminhe sobre as águas. É verdade que este depois se
enche de medo e começa a afundar-se no lago. Mas o espantoso não é este facto.
O espantoso é Jesus ter dito “Vem” e Pedro ter ido (Mateus, 14:22-36). Aliás, o
medo faz parte de toda a construção verdadeira da esperança. Como escreveu
Séneca, “se eu cessar de temer, cessarei também de esperar”.
A
terceira coisa é que a esperança não é apenas um discurso dirigido à prática.
Na verdade, mais do que uma simples atitude ou um estado emocional delimitado,
a esperança é semelhante a uma síndrome. Inclui tudo: lógica e imaginação,
preparativos práticos para a ação e fantasia criativa, racionalidade e fé.
Existe uma “esperança prática” mas inseparável daquela que Martha C. Nussbaum
chama uma “esperança ociosa”. A primeira é aquela que nos serve de combustível
para a ação concreta e que nos cola a um objetivo determinado como um prego à
parede. Essa modalidade, porém, não esgota a esperança. Acontece, por vezes,
que censuramos a esperança por ela se parecer a uma miragem lenta e indulgente
que nos deixa como que a pairar. Contudo, não nos convém ser demasiado rígidos
nesta avaliação: mesmo quando a esperança se desenha como uma viagem solitária
num fio de arame, ela acaba por ter um papel mais determinante do que supomos
nesta nossa travessia.
in Semanário
Expresso, 26.09.2020 pg. 188
https://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2500/html/revista-e/que-coisa-sao-as-nuvens/o-interruptor
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À PROCURA DA PALAVRA
DOMINGO XXVI COMUM
“Os publicanos e as
mulheres de má vida
irão diante de vós para
o reino de Deus.”
Mt 21, 31
É preciso mudar
As
escolas e as vindimas parecem andar de mãos-dadas: as primeiras iniciam, por
estes dias, o grande tempo de sementeira e adubagem do conhecimento para que
chegue o tempo dos frutos lá para o Verão; as segundas reclamam a colheita
rápida dos frutos rubros e dourados para o trabalho escondido que produzirá
néctares deliciosos. Entramos num novo ano escolar com prudência e responsabilidade
que a pandemia obriga. A dureza do último confinamento exige avaliação
constante sobre as melhores opções escolares, e capacidade de rever
objectivamente as decisões tomadas. E como nas vindimas é preciso um esforço
conjunto para que o maior bem, que são as pessoas, seja salvaguardado.
Regressamos
às vindimas como imagem do Reino e ao trabalho como compromisso humano, numa
pequena parábola de Jesus. Na figura de dois irmãos, nas suas respostas e
atitudes revemo-nos na coerência entre o que dizemos e fazemos. E se o
importante é o trabalho da vinha, a lição maior é a possibilidade de mudança;
em termos evangélicos, de conversão. Para lá da tentação imediata de dividir o
mundo entre justos e injustos, bons e maus, somos convidados a olhar a realidade
humana na sua complexidade, nos muitos matizes que cada pessoa pode tomar.
Afinal, o mundo é a cores, e quem vê tudo a preto e branco é quase cego.
Um
reino comparado ao trabalho na vinha e necessitado de trabalhadores apaixonados
fala-nos muito do coração de Deus. Mais do que a eficácia da produção, o que
parece alegrar o Pai é o entusiasmo dos trabalhadores. Não as boas intenções
nem as aparências. O entusiasmo que nasce até do arrependimento, da consciência
de que é sempre possível mudar as escolhas erradas, dará ao vinho um sabor
renovado. E por isso, porque todos somos filhos, ninguém é excluído da vindima
e do trabalho que irá produzir o bom vinho da alegria e da festa.
No
mundo que “é composto de mudança” como escrevia Camões, é importante nunca
perder a esperança, nem desistir de tentar. Não seremos julgados por nos termos
enganado, mas pelas vezes em que não quisemos, nem tentámos, mudar de caminho.
É talvez uma espiritualidade da mudança, aquela que Cristo oferece à sua
Igreja. Mudança porque o hábito e a instalação apagam o ardor evangelizador;
mudança porque o Espírito Santo é vento que sopra e não se pode engaiolar;
mudança porque quem disse “não” pode vir a fazer “sim”; mudança porque só Deus
não muda, mas tudo o resto pode ser melhor!
in Voz
da Verdade, 27.09.2020
http://www.vozdaverdade.org/site/index.php?id=9222&cont_=ver2
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Inscrições para a Eucaristia do
XXVII Domingo do Tempo Comum
Já estão disponíveis as inscrições para a Eucaristia na Capela do Rato no dia 4 de outubro.
O atual contexto de contingência sanitária vai continuar a condicionar as nossas atividades e relações; não se prevê, nem é desejável, aligeiramento. Vamos aprendendo a viver assim em família, em sociedade e em Igreja, aliando risco e a prudência, numa tensão que nos pode inibir mas também suscitar criatividade.Recomeçámos as celebrações dominicais da eucaristia no dia 13 de setembro. Vamos manter o sistema de inscrições prévias, através do site da Capela, para controle de lugares, dadas as nossas limitações espaciais.
Para melhor controle do número de
presenças, pede-se que se faça uma inscrição prévia no formulário em baixo.
INSCRIÇÃO PARA A EUCARISTIA - 4 DE OUTUBRO
DE 2020
https://www.capeladorato.org/2020/09/25/inscricoes-para-a-eucaristia-do-xxvii-domingo-do-tempo-comum/