24 agosto 2013

"Sair da concepção clerical ou papal da Igreja. Um desafio".


"Creio que há uma mudança que está se operando em parte do clero, do episcopado e de muitos fiéis, sobretudo mulheres na direção de uma nova ética sexual. O fermento está na massa. É preciso esperar que a levede lentamente”, diz a teóloga.
Confira a entrevista.
 
“O papa usou uma tática de não tocar de forma clara nos assuntos litigiosos na Igreja numa primeira visita. (...) Quis ser acolhido como Papa com um novo jeito de ser mais próximo e afetivo e sem as pompas que caracterizam a vida dos pontífices seus predecessores”, avalia Ivone Gebara em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail. Para ela, Francisco age como “se acreditasse que com ele uma nova era na Igreja Católica Romana pudesse ser inaugurada. Mas, não podemos esquecer que o Papa Francisco é o mesmo cardeal Bergoglio de Buenos Aires e suas posições contrárias ao casamento gay, ao aborto, aos anticoncepcionais são bem conhecidas do povo argentino”. E aponta: “E mais, a teologia e a ética sexual oficial da Igreja Católica ainda se referem a um mundo pré-moderno onde os avanços da ciência não tivessem afetado a cultura e a moralidade das pessoas”.
A teóloga afirma que a resposta do papa aos jornalistas referente à ordenação das mulheres a “surpreendeu”. “A surpresa não foi o ‘não’ em relação à ordenação, mas quando afirmou a necessidade de uma ‘teologia da mulher’ na Igreja”, menciona.
E esclarece: “Com essa resposta evidenciou um desconhecimento da luta e da produção teológica das mulheres por muitas décadas. E isto é preocupante para um pontífice que está à frente de uma Igreja majoritariamente feminina. Não sei se o desconhecimento é real ou se corresponde a uma postura política em relação ao movimento de mulheres no mundo e na Igreja. Nesse sentido avalio a visita como deixando a desejar, sobretudo que a maioria dos jovens presentes na Jornada Mundial da Juventude era de mulheres”.
Ivone Gebara é doutora em Filosofia, pela Universidade Católica de São Paulo, e em Ciências Religiosas, pela Université Catholique du Louvain, na Bélgica. Ela lecionou durante 17 anos no Instituto de Teologia do Recife - ITER, até sua dissolução, decretada pelo Vaticano, em 1989.
Confira a entrevista.
 
IHU On-Line - Como avalia a visita do Papa ao Brasil?
 
Ivone Gebara - Quando fazemos uma avaliação de alguém, sobretudo, de um personagem público como o Papa Francisco, nos damos conta da parcialidade de nossas avaliações. Cada pessoa avalia a outra a partir de um ponto de vista ou de uma expectativa ou de uma frustração. No fundo nenhuma avaliação é completa, mesmo as que se pretendem ser avaliações gerais. Não fujo à regra. Repito como tantos outros analistas que a figura do Papa Francisco é muito simpática, sua proximidade das pessoas e seu esforço de usar uma linguagem mais simples e compreensível são dignos de nota. Além disso, tem tomado posições importantes em relação ao governo da Igreja especialmente em resposta aos escândalos do Vaticano assim como posições significativas na linha da denúncia da injustiça social como quando esteve na Ilha de Lampedusa no sul da Itália. As posições de alguém são sempre interligadas às ações presentes e do passado.
Minha avaliação toca também o meu compromisso em relação à causa das mulheres que se expressa de diferentes formas e nos diferentes contextos. A resposta que deu aos jornalistas na volta à Itália quando perguntado sobre a ordenação das mulheres me surpreendeu. A surpresa não foi o “não” em relação à ordenação, mas quando afirmou a necessidade de uma ‘teologia da mulher’ na Igreja. Com essa resposta evidenciou um desconhecimento da luta e da produção teológica das mulheres por muitas décadas. E isto é preocupante para um pontífice que está à frente de uma Igreja majoritariamente feminina. Não sei se o desconhecimento é real ou se corresponde a uma postura política em relação ao movimento de mulheres no mundo e na Igreja. Nesse sentido avalio a visita como deixando a desejar, sobretudo que a maioria dos jovens presentes na Jornada Mundial da Juventude era de mulheres.
 
IHU On-Line - Diferente dos outros papas, Francisco não abordou em seus discursos questões de gênero e moral, por exemplo. O que o silêncio do papa sinaliza?
Ivone Gebara - Creio que o papa usou uma tática de não tocar de forma clara nos assuntos litigiosos na Igreja numa primeira visita. A meu ver, mas posso estar enganada, quis ser acolhido como Papa com um novo jeito de ser mais próximo e afetivo e sem as pompas que caracterizam a vida dos pontífices seus predecessores. É como se acreditasse que com ele uma nova era na Igreja Católica Romana pudesse ser inaugurada. Mas, não podemos esquecer que o Papa Francisco é o mesmo cardeal Bergoglio de Buenos Aires e suas posições contrárias ao casamento gay, ao aborto, aos anticoncepcionais são bem conhecidas do povo argentino. E mais, a teologia e a ética sexual oficial da Igreja Católica ainda se referem a um mundo pré-moderno onde os avanços da ciência não tivessem afetado a cultura e a moralidade das pessoas. Por exemplo, os insistentes conselhos da Igreja contra os preservativos e anti-concepcionias revelam o quanto esses conselhos são anacrônicos em relação ao mundo de hoje. E mais, como esse tipo de exigência provoca o surgimento de comportamentos dúbios em muitas pessoas no que se refere a moral sexual. Cada um age conforme suas necessidades e crenças e a Igreja institucional age a partir de princípios ignorando a vida real das pessoas.
IHU On-Line - Questionado sobre o fato de não ter mencionado esses assuntos em seus discursos, Francisco disse que os jovens já sabem qual é a posição da Igreja em relação a tais temas. Como a senhora vê essa resposta? Vislumbra alguma mudança na doutrina da Igreja ou na maneira de abordar esses temas?
 
Ivone Gebara - Creio que no calor do grande espetáculo das falas do papa e do ambiente de convivência dos jovens, esses assuntos capitais não foram tocados por Francisco e não houve igualmente insistência dos jovens para isso, ao menos publicamente. Penso que o papa não desconhece o fato de que os problemas acima enumerados são fundamentalmente problemas da juventude e não dos mais velhos. O mesmo se poderia dizer das drogas. Entretanto, se a resposta não foi dada diretamente pelo Papa, aliás, uma resposta que seria bastante conhecida, foi dada por alguns grupos de Igreja talvez até apoiados por autoridades episcopais.
Em muitas sacolas entregues aos jovens havia um manual de moral sexual em diferentes línguas e, por incrível que pareça, um pequeno feto em forma de boneca assim como um pequeno terço em que cada conta representava um fetinho. Eu quase não acreditei. Precisei ver com meus próprios olhos para confirmar. Queriam instruir os jovens contra o aborto dessa forma realista, violenta e desrespeitosa dos corpos e das dores humanas.
Sinto que precisamos crescer em humanidade, precisamos nos aproximar de forma desarmada das questões e dores alheias. Com o sistema legalista de pureza apresentado por muitos grupos e pessoas da Igreja corremos o risco de acirrar as diferentes formas de violência e a mentira nas relações humanas.
Apesar disso, creio que há uma mudança que está se operando em parte do clero, do episcopado e de muitos fiéis, sobretudo mulheres na direção de uma nova ética sexual. O fermento está na massa. É preciso esperar que a levede lentamente.
 
IHU On-Line - Considerando os primeiros meses da atuação do Papa Francisco, o que é possível vislumbrar acerca de seu pontificado?
Ivone Gebara - Creio que ele começa com um ponto positivo. Há uma inegável aceitação de sua pessoa e uma esperança em relação a reformas na Igreja Católica. Mas sabemos bem que embora líderes sejam importantes às estruturas de poder e outras, mudam apenas com o empenho coletivo. Nesse sentido creio que os grupos católicos espalhados pelo mundo deveriam manifestar-se mais, fazer propostas e enfrentar a realidade plural da Igreja. Creio que essa realidade plural deveria ter direito de cidadania respeitada. É difícil dizer isso quando desenvolvemos ao longo de séculos a ideia da Igreja una, santa e apostólica. O convite ao respeito das diferenças, o convite à inclusão parecem ser apelos lançados em nosso século nas mais diferentes instituições. E as instituições religiosas não podem deixar de ouvi-los.
IHU On-Line - Deseja acrescentar algo?
Ivone Gebara - Gostaria de reforçar a ideia de que a Igreja também somos nós. Isto significa sair de uma concepção clerical ou papal da Igreja. Em outros termos, a Igreja não são apenas os bispos e não é apenas o Papa. Não são eles que nos entregam a fé. Não são eles que nos dão Jesus Cristo. Não são eles que nos levam a aderir aos valores que sustentam a vida. Eles têm uma função, sem dúvida, mas a realidade da fé se inscreve em cada pessoa, depois se sustenta na comunidade de fiéis capazes de ser uns para os outros justiça, misericórdia, compaixão e ajuda mútua na manutenção da vida. Sair da valorização dos esquemas hierárquicos e buscar a responsabilidade coletiva nas pequenas e grandes ações é um real desafio para todas/os nós.

Entrevista especial com Ivone Gebara
Sábado, 17 de agosto de 2013 

NCR receives Hilton Foundation grant for coverage of sisters NCR Staff | Aug. 22, 2013


The Conrad N. Hilton Foundation has awarded a grant of $2.3 million over three years that will allow the National Catholic Reporter Publishing Co. to embark on a groundbreaking project to give greater voice to countless Catholic sisters around the globe. With the use of the Hilton Foundation grant, NCR plans to build a network of editors and reporters not only to write about women religious, but to help them develop their own communication skills by working with them as columnists who report their own missions and challenges.

"We've been standing with sisters from the beginning, and I consider the grant encouragement to go on telling their stories," said NCR Board Chair Annette E. Lomont.

"The work of these women religious is one of the least-told stories in the church," NCR Publisher Tom Fox said Thursday. "It's really an exciting challenge to bring these stories and voices to greater awareness. It also recognizes the changing nature of our global church."

Through this project, Lomont said, NCR hopes to fulfill the wishes of Conrad N. Hilton, who in his will directed his foundation to "give aid to the Sisters, who devote their love and life's work for the good of mankind."

NCR plans to create a website dedicated to the sisters' stories and voices and will include some of its content on NCR 's other media platforms. Moreover, the new website will serve as a tool that sisters can use to build and enhance their own communication networks.

Founded in 1964, NCR is a lay-led independent news organization that covers the Catholic church as well as a wide range of issues facing Catholics around the world.

"In preparing to celebrate our 50th anniversary next year, I found in the second issue a special feature called 'Sisters Forum.' It was a column in which sisters -- women religious -- could speak to each other about issues of importance to them," said NCR Editor Dennis Coday.

"This says two things: First, the sisters have been a special part of NCR from the very beginning, and the Hilton Foundation grant will enable us to continue that tradition. Second, today, as it did 50 years ago, NCR recognizes that telling stories about sisters is only half the task. The sisters must speak for themselves as well. Today, we are taking the 'Sister Forum' to the digital age."


 

O que pensa Francisco: 2. sobre a Igreja

     
Para o Papa Francisco, a Igreja não é uma empresa, uma multinacional ou uma ONG. Ela é "a família de Deus", do Deus que é amor, misericórdia e que perdoa sempre, se houver arrependimento. Deus está a caminho, "quando o procuramos e deixamos que ele nos procure. A experiência religiosa primordial é a do caminho. A vida cristã é uma espécie de atletismo, de conflito, de corrida, em que temos de nos desfazer das coisas que nos afastam de Deus".
No caminho, há perigos e tentações. Francisco acredita na existência do Diabo (como símbolo do mal ou uma entidade pessoal?): "O Demónio é, teologicamente, um ser que optou por não aceitar o plano de Deus. A obra-prima do Senhor é o homem; alguns anjos não o aceitaram e rebelaram-se. O Demónio é um deles. No Livro de Job é o tentador, que nos leva à suficiência, à soberba. Jesus define-o como o pai da mentira. Os seus frutos são sempre a destruição, a divisão, o ódio, a calúnia. E, na minha experiência pessoal, sinto-o de cada vez que sou tentado a fazer algo que não é aquilo que Deus me pede. Acredito que o Demónio existe. Talvez o seu maior sucesso nestes tempos tenha sido fazer-nos acreditar que não existe." De qualquer modo, "uma coisa é o Demónio e outra é demonizar as coisas ou as pessoas. O homem é tentado, mas não é por esse motivo que deveremos demonizá-lo". Mas o ser humano é um ser caído, o que "se explica a partir da queda da natureza depois do pecado original". Portanto, "as pessoas podem fazer algo de mau devido à sua própria natureza, ao seu "instinto", que se potencia devido a uma tentação exógena."
O fundamentalismo não é o que Deus quer, e ele não consiste apenas em matar em nome de Deus, o que é "uma blasfémia". "Por exemplo, quando eu era pequeno, na minha família havia uma certa tradição puritana; não éramos fundamentalistas, mas estávamos nessa linha. Se alguém do nosso círculo próximo se divorciava ou se separava, não entrávamos na sua casa; e também acreditávamos que os protestantes iam todos para o inferno, mas lembro-me de uma vez em que estava com a minha avó, uma grande mulher, e passaram precisamente duas mulheres do Exército de Salvação. Eu, que tinha uns cinco ou seis anos, perguntei-lhe se eram monjas. Ela respondeu-me: "Não, são protestantes, mas são boas." Esta foi a sabedoria da verdadeira religião."
Não se admite um clero de burocratas e carreiristas. Por exemplo, é "uma hipocrisia" negar o baptismo a crianças de pais não casados. E há o ecumenismo e o diálogo inter-religioso práticos: o das pessoas "que não partilham a minha fé, mas que partilham o amor pelo irmão". A verdadeira liderança religiosa é conferida pelo serviço. "Para mim, esta ideia é válida para a pessoa religiosa de qualquer confissão. Assim que deixa de servir, o religioso transforma-se num mero gestor, no agente de uma ONG. O líder religioso partilha, sofre, serve os seus irmãos." Foi esta dinâmica que o levou, já Papa, num gesto surpreendente, a Lampedusa, com esta mensagem: "A globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar. Peçamos ao Senhor a graça de chorar sobre a nossa indiferença, sobre a crueldade que há no mundo, em nós, também naqueles que no anonimato tomam decisões socioeconómicas que abrem o caminho a dramas como este."
Para a pedofilia, tolerância zero. "O problema não está associado ao celibato. Se um padre for pedófilo, é-o antes de ser padre. Ora, quando isso acontece, nunca se poderá tolerar. Não se pode assumir uma posição de poder e destruir a vida de outra pessoa. Na diocese, nunca me aconteceu, mas, uma vez, um bispo telefonou-me para me perguntar o que se deveria fazer numa situação semelhante, e eu disse-lhe que lhe retirasse a autorização, que não lhe permitisse exercer mais o sacerdócio e que desse início a um julgamento canónico no tribunal."
A humildade é garantia de que o Senhor está presente. "Quando alguém tem todas as respostas para todas as perguntas, é uma prova de que Deus não está com ele." A Igreja tem uma herança a preservar e que não pode negociar, mas é preciso, com tempo, "dar respostas com a herança recebida às novas questões de hoje."
Padre Anselmo Borges
in DN
24-08-2013

23 agosto 2013

A beldade que está a embaraçar o Vaticano

 
A nova assessora do Papa Francisco é jovem e bonita mas está no centro da polémica por causa daquilo que escreveu na Internet sobre o Vaticano e os políticos antes de ser nomeada para o cargo.

Francesca Immacolata Chaouqui, 27 anos, jornalista e laica foi escolhida em julho para intergrar uma comissão de oito pessoas que tem por missão organizar a estrutura económica e administrativa do Vaticano. Mas, antes de o ser, fartou-se de dar opiniões, algumas bastante críticas, acerca da Santa Sé em geral e dos seus protagonistas em particular.
A sua conta no Twitter foi entretanto encerrada, mas os media italianos conseguiram reunir alguns dos posts que Francesca lá havia colocado. Num deles, em março, terá dito, sobre Bento XVI, "o Papa sofre de leucemia há mais de um ano". Antes disso, terá atacado o cardeal Tarcisio Bertone, braço-direito de Ratzinguer, a quem terá chamado de "corrupto". "Acredito numa igreja: una, santa, católica e apostólica. Se calhar, alguém deveria recordá-lo a Bertone", terá escrito. E quando Bento XVI renunciou, em março, Francesca mostrou a deceção: "Bertone ganhou. Estava segura de que não o faria mas deitou a toalha ao chão. Como crente, estou simplesmente decepcionada".
Os políticos foram outro dos alvos desta italiana, filha de um turco. Giulio Tremondi, antigo ministro da Economia de Itália, já anunciou que vai processar Francesca, que terá escrito no Twitter que este é gay.
Apesar do embaraço que se vive no Vaticano, Francesca Immacolata Chaouqui diz-se tranquila. "Não estou preocupada porque o Santo Padre também não está", disse ao jornal "Il Corriere della Sera", ao qual também alegou que outras pessoas terão tido acesso à sua conta no Twitter.
 
por Sofia Fonseca
in DN 23-08-2013


22 agosto 2013

Colóquios Igreja em Diálogo

DEUS AINDA TEM FUTURO?
Colóquio: 12 e 13 de Outubro de 2013





Com razão, perguntava Karl Rahner, talvez o maior teólogo católico do século XX: O que aconteceria, se a simples palavra "Deus" deixasse de existir? E respondia: "A morte absoluta da palavra "Deus", uma morte que eliminasse até o seu passado, seria o sinal, já não ouvido por ninguém, de que o Homem morreu."
Václav Havel, o grande dramaturgo e político, pouco tempo antes de morrer surpreendeu muita gente ao declarar que "estamos a viver a primeira civilização global" e "também vivemos na primeira civilização ateia, numa civilização que perdeu a ligação com o infinito e a eternidade", temendo, também por isso, que "caminhe para a catástrofe".

No contexto de uma crise global do mundo - crise financeira, económica, social, política, moral -é preciso perguntar se a crise de Deus não ocupa lugar central.

É com muita satisfação que venho convidá/la / convidá-lo para o Colóquio "Igreja em Diálogo", neste ano de 2013, 12 e 13 de Outubro próximo, subordinado precisamente ao tema "Deus Ainda Tem Futuro?. Nele, serão tratados por especialistas de renome internacional problemas decisivos neste domínio: a situação religiosa do mundo, questões relacionadas com a genética, o animalismo, as neurociências, o transhumanismo, o naturalismo, a ética, a mulher, Ocidente e Oriente, fé, ciência e razão, o Deus de Jesus.

Anselmo Borges
Coordenador

Colóquios Igreja em Diálogo


Programa

DEUS AINDA TEM FUTURO?

Dia 12 de Outubro
9:15 QUE FUTURO PARA DEUS?
Anselmo Borges
(Organização do Colóquio)
9:30 A SITUAÇÃO ESPIRITUAL DO NOSSO MUNDO
Jean-Paul Willaime
(Ecole Pratique des Hautes Etudes, Paris)
11:30 A CIÊNCIA E O DIVINO
Carlos Fiolhais
(Universidade de Coimbra)
14:30 NATUREZA OU CRIAÇÃO? O NOVO ATEÍSMO
Leandro Sequeiros
(Cátedra Ciência, Tecnologia, Religião, Córdova)
16:00 NEUROCIÊNCIAS E ESPIRITUALIDADE
Miguel Castelo Branco
(Universidade de Coimbra)
17:30 O DEUS DO ORIENTE E O DEUS DO OCIDENTE
Juan Masiá
(Universidade Sophia, Tóquio)
21:00 O DEUS DE JESUS
José Arregui
(Universidade Deusto, Bilbau)
Dia 13 de Outubro

9:30 A EXCEPÇÃO HUMANA E DEUS
PAUL Valadier
(Centre Sèvres. Paris)
11:30 RELIGIÃO E ÉTICA
Diego Gracia
(Universidade Complutense, Madrid)

14:30 DEUS TAMBÉM É MÃE
Isabel Gómez-Acebo
(Universidade de Comillas, Madrid)
16:00 O DEUS DA RAZÃO E O DEUS DA FÉ
Andrés Torres Queiruga
(Universidade de Santiago de Compostela)
17:30 PALAVRA DE ENCERRAMENTO
Albino Valente dos Anjos
(Superior Geral da Sociedade Missionária)

Pope Francis Versus the Vatican

 
 
 
The battle to remake the Church
 
by Damon Linker | August 18, 2013
 It is natural to judge a man by the car he drives, or is driven in, especially when the man happens to be the Pope. On the evening of March 13, 2013, a short time after the College of Cardinals elected him the two hundred sixty-fifth successor to St. Peter and leader of the world’s 1.2 billion Roman Catholics, Jorge Mario Bergoglio surprised Church authorities and the international press corps by eschewing the papal limousine provided for his use and instead riding back to his hotel by bus. Since then, he has swapped out the armored Mercedes SUV that ferried his predecessor to events in favor of a far less fancy make and model. Pope Francis’s Pope-mobile is sometimes a Ford Focus.
 
The gestures have continued. The Pope who took his papal name from Saint Francis of Assisi, an apostle to the downtrodden, has urged admirers from his native Argentina to donate money to the poor instead of spending it on a trip to pay their tributes in Rome. He has chosen to reside in the Vatican’s modest guesthouse rather than the comparatively lavish Apostolic Palace and makes it clear that he prefers to carry his own bags. On Holy Thursday, Pope Francis washed the feet of two women in juvenile detention, one of whom was a Muslim, breaking from the tradition that restricts the ritual to men and mostly to priests in the Vatican entourage.
 
Such expressions of modesty and humility have come as a shock to many observers. From October 1978, when Karol Józef Wojtyła became Pope John Paul II, until this past February, when his successor, Pope Benedict XVI, renounced the throne, the world became accustomed to a very different style of Vatican leadership. The last two Popes appeared to rejoice in elevating themselves above the laity with theatrical displays of pontifical pomp. Both permitted clericalism to flourish, sometimes (as in the case of child sexual abuse by priests and its cover-up by higher-ranking officials) with horrifying consequences. Both appeared to delight in upbraiding the Western world for its (mostly sexual) sins.
 
Progressive Catholics—demoralized and marginalized in their Church for much of the past 34 years—have responded enthusiastically to Francis’s change in tone. And their excitement only intensified after a freewheeling press conference during his plane ride back from the World Youth Day festivities in Rio de Janeiro at the end of July. Responding to a question about gay priests, Francis spoke about homosexuality in language far less condemnatory (“Who am I to judge?”) than John Paul or Benedict would have chosen.
 
In a blog post titled “This Extraordinary Pope,” Andrew Sullivan, an outspoken gay Catholic, expressed the sentiments of many like-minded Church members: “What’s so striking to me is not what he said, but how he said it: the gentleness, the humor, the transparency. I find myself with tears in my eyes as I watch him. I’ve lived a long time to hear a pope speak like that,” Sullivan wrote. “Everything he is saying and doing is an obvious, implicit rejection of what came before.” This conviction—that the Pope is in the process of making a radical break with the past—has fast become conventional wisdom. Even an analyst normally as sober and sensible as John L. Allen Jr. of the National Catholic Reporter has gone so far as to conclude that nothing less than a Vatican “revolution” is underway.
 
It isn’t. Francis’s renewed emphasis on the poor is certainly welcome and valuable, and there are circumscribed areas in which the Pope may achieve real reforms. But when progressive Catholics pine for change, they mostly mean that they want to see the Church brought into conformity with the egalitarian ethos of modern liberalism, including its embrace of gay rights, sexual freedom, and gender equality. And that simply isn’t going to happen. To hope or expect otherwise is to misread this Pope, misinterpret the legacy of his predecessors, and misunderstand the calcified structure of the Church itself.

Any pope who wanted to dramatically change the Catholic Church would have to do so through the processes and procedures of the institution—and it is an institution seemingly designed to thwart such ambition. Consider as a counterexample the U.S. political system. Commentators often rightly note how it is designed to stymie the will of would-be reformers: with numerous veto points; representatives in different branches drawing their support from different, frequently clashing constituencies; and so forth. Yet it is also true that when an American president takes charge of the executive branch, he has considerable power to almost instantly shape its many departments and their priorities. Yes, each bureaucracy is staffed by career civil servants who stay on from administration to administration. But the chief executive gets to appoint the top positions, drawing freely from his party and allied individuals in the private sector.

A new Pope, by contrast, has comparatively little freedom to remake the ideological cast of the Roman Curia, as the Vatican’s administrative apparatus is known. Although the cardinals and archbishops who head the various congregations, tribunals, councils, commissions, academies, and other bureaucracies that make up the Curia do typically resign upon the death of a pontiff, his replacement must choose new appointees solely from the existing ranks of cardinals and archbishops, all of whom will have been promoted to their positions by his predecessors. Coming into the job following John Paul II’s and Benedict XVI’s solid 34-year run of forceful theological and doctrinal conservatism, Francis has inherited a Church staffed at the highest levels with men who would oppose any dramatic change in course. Imagine a newly elected Democratic president attempting to move the country in a more progressive direction while being required to pick his Cabinet and advisers entirely from the ranks of the Republican Party, and you start to get a sense of the constraints under which he is operating.
 
But let’s say Francis decided to pursue a progressive agenda anyway, and started by attempting<smallcaps_roman> to lift the ban on married priests. In an interview he gave in 2012, then-Cardinal Bergoglio indicated a willingness to consider a reform of the celibacy requirement. “It can change,” he said, since it’s a “matter of discipline, not of faith.” What he meant is that the rule is neither a dogma nor a doctrine of the Church. And though he made clear that he was in favor of maintaining current Church practice “for the moment,” he did so in a statement full of conditional language, acknowledging that celibacy has many “pros and cons” and speaking “hypothetically” about a future process of reform.
 
Jumping off those remarks, it is possible to sketch out how Francis might seek to guide the Church toward permitting priests to marry. The first step would be for him to set up a pontifical commission to study the celibacy rule, its impact on the lives and work of the clergy, and above all its role in the alarming collapse in priestly ordinations throughout the Western world. (In the United States, the population of priests has decreased from 59,000 in 1975 to around 39,000 as of last year, with many of that number nearing or past retirement age.) Presumably the commission would also attempt to build on the fact that the Church permits married Anglican clergy to become priests when they convert to Catholicism, a practice that has already produced many married priests in countries around the world. Most important, it could identify historical grounds for reform. Clerical celibacy wasn’t uniformly enforced in the Western Church until more than a thousand years after the ministry of Jesus Christ, and it never took root in Eastern Orthodoxy at all.
 
Those rationales, or something very close to them, would have to emerge from the commission and then be stated clearly and authoritatively by Francis himself as he and the relevant Curial offices defend the change. (What neither the Pope nor the commission would say in public is that permitting priests to marry would also make the priesthood a less attractive hiding place for sexually conflicted men who wind up molesting children.) The Pope would also probably try to co-opt a handful of prominent conservative pragmatists—such as Timothy Dolan, the archbishop of New York; John Onaiyekan, the archbishop of Abuja in Nigeria; or Odilo Scherer, the archbishop of São Paulo—and get them on board.
 
And still, many Church officials would refuse to accept married priests. Not so much because conservative Catholics are particularly wedded to clerical celibacy, but because of their generalized suspicion of any change at all. One of the legacies of the Second Vatican Council is a widespread consensus within the Church’s hierarchy that a proposed break with tradition can’t even be entertained unless it can be framed as supporting a deeper continuity. First laid out by John Henry Newman in 1845, the concept is known as “development of doctrine,” and it holds that any shift must reaffirm the underlying changelessness of the Church. Appropriated by conservatives amid the upheavals of the late 1960s and early 1970s, it has served as a remarkably effective brake on innovation or reform.
 
But even on issues that don’t rise to the level of doctrine—like allowing priests to marry—there is an inchoate presumption among many members of the hierarchy that change as such should be resisted. Vatican II convinced these conservatives that doctrinally justifiable reforms merely inspire calls for evermore audacious ones. These same conservatives view the pontificates of John Paul II and Benedict XVI as having reimposed crucially important authority on a Church that came perilously close to collapsing into chaos during the late ’60s and ’70s. They are loath to support any change bold enough to risk a return to those tumultuous times.
 
If allowing priests to marry is unlikely, other progressive reforms are close to inconceivable. To many of members of the faith in the Western world, eliminating the ban on the use of artificial birth control among married couples seems like common sense; so few American Catholics in their twenties and thirties follow the rule that the percentage who do falls within the margin of error in pollsters’ surveys. But the laity elsewhere (including in Africa and in the Pope’s own Latin America, where, unlike in the United States and Europe, the Church is growing) is more on board with Church teaching on this issue, strengthening the conservatives’ hand. What’s more, in the view of conservatives—many of whom have been influenced by John Paul II’s mystagogical “theology of the body”—every sexual teaching of the Church is as essential as every other; pull on one thread, and the whole tapestry will unravel. (This very much includes the teaching about homosexual acts, which the Catechism of the Catholic Church notoriously defines as “intrinsically disordered” and “contrary to natural law.”) Finally, there’s welcoming women to the priesthood—an even bigger long shot, because it directly challenges long-standing doctrine that posits that the powers of ordination are bequeathed to the Church by God himself.

For the Pope to attempt to surmount those obstacles would be to risk sparking a grassroots schism along two fronts, with conservatives pitted against liberals within the West, and the generally more conservative global south arrayed against the far more progressive global north. These are precisely the fissures that have opened up in the Anglican Church in recent years, as it has wrestled with an identical set of issues tied to the culture war. Progressive Catholics can argue about whether such a schism would ultimately prove to be a good or a bad thing for their institution. But no one should expect a Pope to deliberately provoke it.
 
Of course, all of the above assumes that Francis wants to be such an assertive agent of change. The reality is far murkier than his progressive cheerleaders appear to believe. The fact is that the Vatican has no equivalent to the “Washington outsider.” To climb all the way to the top of the Church hierarchy, especially in an era dominated by Popes as stringent as John Paul and Benedict, a priest needs to exhibit more than a minor tendency toward conformism.

And indeed, this is precisely what Bergoglio’s biography shows. When he was chosen as Pope, critics zeroed in on his alleged accommodation of the military junta that ran Argentina during the “dirty war” that stretched from 1976 to 1983. But the most serious charge against him—that he turned over two priests to Navy torturers—has never been substantiated. What is clear is that he refused to speak out publicly against the regime, even as he reportedly worked behind the scenes to help people flee the dictatorship. Critics such as Nobel Peace Prize–winner Adolfo Pérez Esquivel have suggested that, during a dark time in the country’s history, other, less celebrated priests did much more to stand up for human rights.

The portrait that emerges is of a man whose mix of virtues and vices somewhat resembles that of Pope Pius XII, who discreetly saved thousands of Jews during World War II but officially declared the Vatican neutral in the battle against the evils of the Nazis. At critical moments, both were triangulators more than moral leaders, trying to help the victims of tyranny when they felt they could do so with impunity, while also continuing to do business with the authorities and refusing to risk the well-being of themselves and their institutions by undertaking more direct acts of insurrection.
 When Bergoglio broached Church policy on sexual and gender issues, his positions did not challenge Catholic orthodoxy—and in some instances he staunchly defended it. In 2007, after the Argentine government issued a waiver to allow a handicapped woman who had been raped to receive an abortion, he denounced the move in inflammatory terms, asserting that, “In Argentina, we have the death penalty: A child conceived by the rape of a mentally ill or retarded woman can be condemned to death.” In 2010, he described a bill to legalize same-sex marriage in the country as “the total rejection of God’s law engraved on our hearts” and prayed for “St. Joseph, Mary, and the Child” to “support, defend, and accompany us in this war of God.” Then, amid the public outcry sparked by his strident opposition, he moderated his stance, suggesting that the Argentine Church might be willing to back compromise legislation that would create civil unions—about which Catholic doctrine is helpfully silent.
 
Unlike his predecessors, Francis holds an apparently sincere belief in dialogue, bridge-building, conciliation, and the adjudication of differences. It seems important to him to appear cheery, tolerant, cosmopolitan. He has made respectful, open-minded statements about the members and beliefs of other Christian churches, as well as about Jews, Muslims, and even atheists. But in every case where Francis has reached out to those who disagree with him, he has done so while indicating that his own beliefs grow out of Catholic bedrock. In the same airborne news conference during which he made headlines for seeming to counsel against damning gay priests, he responded dismissively to a question about women’s ordination, stating bluntly, “That door is closed.”
 
The one area where Francis may end up fulfilling reformers’ hopes is in his willingness to clean up unsavory elements of the Vatican bureaucracy—precisely because it has nothing at all to do with a drive to overturn the elements of Catholic doctrine that progressives find so gallingly out of touch with modern liberalism. The Roman Curia draws its long-term, mid- level members mostly from Italy, and as a body, it has come to mirror the corruption and inefficiencies of Italian political culture. Regardless of their ideological disposition, the Church’s cardinals and archbishops (who are drawn from around the world) are able to get behind a push to purge those pathologies.

That’s why the politically savvy new Pope has moved more aggressively on this front than any other—demanding accountability on the part of Vatican bureaucrats, appointing large numbers of laypeople (and non-Italians) to commissions he has empowered to study how the administrative apparatus should be overhauled. It’s exactly the kind of un- revolutionary good-governance step that one would expect from an ultimately un-confrontational pontiff.

Progressive Catholics appear to be left, then, with a revolution in papal rhetoric. In politics, elected officials who deploy idealistic language often end up sowing disillusionment, as well as provoking charges of hypocrisy, dishonesty, and cynicism, when their exalted words fail to match the deeds to which they feel driven by the ruthless realities of political life. (This is something American liberals have been agonizing over ever since the election of Barack Obama in 2008.)

But where the Church is concerned, rhetoric has a reality all its own. The Church was conjured into existence, after all, by an itinerant rabbi whose words converted a civilization to a new and radical faith. In our own time, meanwhile, the harsh denunciations of doctrinal deviance favored by John Paul II and Benedict XVI drove many progressives away from the Catholic Church, and their exodus diminished the Church in turn. Francis’s welcoming words and open hands have changed the subject of the papacy away from sexual decadence to the plight of the poor, and if that convinces those progressives to come home, he will have done a very good thing for his Church. If his words also help to halt the wholesale march of churchgoing Catholics into the eager arms of the Republican Party, he will have done a good thing for American politics as well.
 
Even as Francis’s gestures make headlines, the Church does not think in terms of news cycles or election cycles, but rather in terms of centuries. A new Pope appoints the bishops, archbishops, and cardinals who will govern the Church of the future and in turn elect the next Pope, who will then make his own appointments, and so on, down through the decades. It may seem crazy to progressive Catholics that they’ll likely have to wait another 100 years for their Church to declare the use of condoms to be morally licit or to permit a woman to celebrate Mass. But something has to set the wheels of change in motion, and that just might be the modest but vital reform that Pope Francis ends up being remembered for most of all.
 
Damon Linker is the author of The Theocons and the Religious Test.
Source URL: http://www.newrepublic.com//article/114333/pope-francis-versus-vatican


Bispos Eméritos escrevem aos Bispos do Brasil

      
Dom *José Maria Pires*, arcebispo emérito da Paraíba, Dom *Tomás Balduino*, bispo emérito de Goiás e Dom *Pedro Casaldáliga*, bispo emérito de São Félix do Araguaia, escrevem uma Carta aos Bispos do Brasil.
*Eis a carta.*
*CARTA AOS BISPOS DO BRASIL*
 15 de agosto de 2013, Festa da Assunção de Nossa Senhora.
Queridos irmãos no episcopado,
Somos três bispos eméritos que, de acordo com o ensinamento do *Concílio Vaticano II*, apesar de não sermos mais pastores de uma Igreja local, somos sempre participantes do Colégio episcopal, e junto com o Papa, nos sentimos responsáveis pela comunhão universal da Igreja Católica. http://www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao401.pdf
Alegrou-nos muito a eleição do Papa *Francisco* no pastoreio da Igreja, pelas suas mensagens de renovação e conversão, com seus seguidos apelos a uma maior simplicidade evangélica e maior zelo de amor pastoral por toda a Igreja. Tocou-nos também a sua recente visita ao Brasil, particularmente suas palavras aos jovens e aos bispos. Isso até nos trouxe a memória do histórico *Pacto das Catacumbas*http://www.ihu.unisinos.br/noticias/515573-o-pacto-das-catacumbas-para-uma-igreja-serva-e-pobre.
 Será que nós bispos nos damos conta do que, teologicamente, significa esse novo horizonte eclesial? No Brasil, em uma entrevista, o Papa recordou a famosa máxima medieval: *Ecclesia semper renovanda*.
 
Por pensar nessa nossa responsabilidade como bispos da Igreja Católica, nos permitimos esse gesto de confiança de lhes escrever essas reflexões, com um pedido fraterno para que desenvolvamos um maior diálogo a respeito.
*1. A Teologia do Vaticano II sobre o ministério episcopal*
 **O Decreto *Christus Dominus* dedica o 2º capítulo à relação entre bispo e Igreja Particular. Cada Diocese é apresentada como porção do Povo de Deus (não é mais apenas um território) e afirma que, em cada Igreja local está e opera verdadeiramente a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica (CD 11), pois toda Igreja local não é apenas um pedaço de Igreja ou filial do Vaticano, mas é verdadeiramente Igreja de Cristo e, assim a designa o Novo Testamento (LG 22). Cada Igreja local é congregada pelo Espírito Santo, por meio do Evangelho, tem sua consistência própria no serviço da caridade, isto é, na missão de transformar o mundo e testemunhar o Reino de Deus. Essa missão é expressa na Eucaristia e nos sacramentos.
Isso é vivido na comunhão com seu pastor, o bispo.
Essa teologia situa o bispo não acima ou fora de sua Igreja, mas como cristão inserido no rebanho e com um ministério de serviço a seus irmãos. É a partir dessa inserção que cada bispo, local ou emérito, assim como os auxiliares e os que trabalham em funções pastorais sem dioceses, todos, enquanto portadores do dom recebido de Deus na ordenação são membros do Colégio Episcopal e responsáveis pela catolicidade da Igreja.
*2. A sinodalidade necessária no século XXI*
 **A organização do papado como estrutura monárquica centralizada foi instituída a partir do pontificado de *Gregório VII*, em 1078. Durante o 1º milênio do Cristianismo, o primado do bispo de Roma estava organizado de forma mais colegial e a Igreja toda era mais sinodal.
O *Concílio Vaticano II* orientou a Igreja para a compreensão do episcopado como um ministério colegial. Essa inovação encontrou, durante o Concílio, a oposição de uma minoria inconformada. O assunto, na verdade, não foi suficientemente amarrado. Além disso, o *Código de Direito Canônico*, de 1983 e os documentos emanados pelo Vaticano, a partir de então, não priorizaram a colegialidade, mas restringiram a sua compreensão e criaram barreiras ao seu exercício. Isso foi em prol da centralização e crescente poder da Cúria romana, em detrimento das Conferências nacionais e continentais e do próprio Sínodo dos bispos, este de caráter apenas consultivo e não deliberativo, sendo que tais organismos detêm, junto com o Bispo de Roma, o supremo e pleno poder em relação à Igreja inteira.
Agora, o Papa *Francisco* parece desejar restituir às estruturas da Igreja Católica e a cada uma de nossas dioceses uma organização mais sinodal e de comunhão colegiada. Nessa orientação, ele constituiu uma comissão de cardeais de todos os continentes para estudar uma possível reforma da Cúria Romana. Entretanto, para dar passos concretos e eficientes nesse caminho e que já está acontecendo ele precisa da nossa participação ativa e consciente. Devemos fazer isso como forma de compreender a própria função de bispos, não como meros conselheiros e auxiliares do papa, que o ajudam à medida que ele pede ou deseja e sim como pastores, encarregados com o papa de zelar pela comunhão universal e o cuidado de todas as Igrejas.
*3. O cinquentenário do Concílio*
 **Nesse momento histórico, que coincide também com o cinqüentenário do *Concílio Vaticano II*, a primeira contribuição que podemos dar à Igreja é assumir nossa missão de pastores que exercem o sacerdócio do Novo Testamento, não como sacerdotes da antiga lei e sim, como profetas. Isso nos obriga colaborar efetivamente com o bispo de Roma, expressando com mais liberdade e autonomia nossa opinião sobre os assuntos que pedem uma revisão pastoral e teológica. Se os bispos de todo o mundo exercessem com mais liberdade e responsabilidade fraternas o dever do diálogo e dessem sua opinião mais livre sobre vários assuntos, certamente, se quebrariam certos tabus e a Igreja conseguiria retomar o diálogo com a humanidade, que o Papa *João XXIII* iniciou e o Papa *Francisco*está acenando.
A ocasião, pois, é de assumir o *Concílio Vaticano II* atualizado, superar de uma vez por todas a tentação de Cristandade, viver dentro de uma Igreja plural e pobre, de opção pelos pobres, uma eclesiologia de participação, de libertação, de diaconia, de profecia, de martírio... Uma Igreja explicitamente ecumênica, de fé e política, de integração da Nossa América, reivindicando os plenos direitos da mulher, superando a respeito os fechamentos advindos de uma eclesiologia equivocada.
Concluído o Concílio, alguns bispos sendo muitos do Brasil celebraram o* Pacto das Catacumbas de Santa Domitila*. Eles foram seguidos por aproximadamente 500 bispos nesse compromisso de radical e profunda conversão pessoal. Foi assim que se inaugurou a recepção corajosa e profética do Concílio.
Hoje, várias pessoas, em diversas partes do mundo, estão pensando num novo *Pacto das Catacumbas*. Por isso, desejando contribuir com a reflexão eclesial de vocês, enviamos anexo o texto original do Primeiro Pacto.
O clericalismo denunciado pelo Papa Francisco está sequestrando a centralidade do Povo de Deus na compreensão de uma Igreja, cujos membros, pelo batismo, são alçados à dignidade de sacerdotes, profetas e reis. O mesmo clericalismo vem excluindo o protagonismo eclesial dos leigos e leigas, fazendo o sacramento da ordem se sobrepor ao sacramento do batismo e à radical igualdade em Cristo de todos os batizados e batizadas.
Além disso, em um contexto de mundo no qual a maioria dos católicos está nos países do sul (América Latina e África), se torna importante dar à Igreja outros rostos além do costumeiro expresso na cultura ocidental. Nos nossos países, é preciso ter a liberdade de desocidentalizar a linguagem da fé e da liturgia latina, não para criarmos uma Igreja diferente, mas para enriquecermos a catolicidade eclesial.
Finalmente, está em jogo o nosso diálogo com o mundo. Está em questão qual a imagem de Deus que damos ao mundo e o testemunhamos pelo nosso modo de ser, pela linguagem de nossas celebrações e pela forma que toma nossa pastoral. Esse ponto é o que deve mais nos preocupar e exigir nossa atenção. Na Bíblia, para o Povo de Israel, voltar ao primeiro amor, significava retomar a mística e a espiritualidade do Êxodo.
Para as nossas Igrejas da América Latina, voltar ao primeiro amor é retomar a mística do Reino de Deus na caminhada junto com os pobres e a serviço de sua libertação. Em nossas dioceses, as pastorais sociais não podem ser meros apêndices da organização eclesial ou expressões menores do nosso cuidado pastoral. Ao contrário, é o que nos constitui como Igreja, assembleia reunida pelo Espírito para testemunhar que o Reino está vindo e que de fato oramos e desejamos: venha o teu Reino!
Esta hora é, sem dúvida, sobretudo para nós bispos, com urgência, a hora da ação. O Papa Francisco ao dirigir-se aos jovens na Jornada Mundial e ao dar-lhes apoio nas suas mobilizações, assim se expressou: Quero que a Igreja saia às ruas. Isso faz eco à entusiástica palavra do apóstolo Paulo aos Romanos: “É hora de despertar, é hora e de vestir as armas da luz (13,11). Seja essa a nossa mística e nosso mais profundo amor.
Abraços, com fraterna amizade.
            
Dom *José Maria Pires*, arcebispo emérito da Paraíba.
            
Dom *Tomás Balduino*, bispo emérito de Goiás.
 
           Dom *Pedro Casaldáliga*, bispo emérito de São Félix do Araguaia.
Quinta-feira, 15 de agosto de 2013

“Olá, sou o Papa Francisco, podemos tratar-nos por tu”

  
Ao contrário de Bento XVI, Francisco telefona directamente para qualquer pessoa.
 Stefano Cabizza, 19 anos, estudante de engenharia em Pádua, Itália, escreveu uma carta ao Papa Francisco. O líder da Igreja Católica respondeu-lhe, com uma chamada telefónica. “Sou o Papa Francisco, podemos tratar-nos por tu”, disse, quando Stefano atendeu a chamada, no domingo.
 “Rimo-nos e brincámos durante oito minutos. Disse-me que Jesus e os apóstolos se tratavam também por tu. Pediu-me que rezasse muito por ele, deu-me a bênção e senti despertar em mim uma grande força”, contou Stefano, segundo o jornal Gazzettino de Veneza.
Ao contrário de Bento XVI, Francisco telefona directamente para qualquer pessoa. É uma grande mudança nos hábitos do Vaticano, afirma uma fonte da secretaria de Estado.
 Recentemente, por exemplo, o Papa ligou a um italiano que ficou paralisado depois de um acidente de carro e que acabara de perder um irmão num assalto. Questionou-o sobre o significado da vida. Outras vezes liga para amigos, crentes e não crentes, em Itália ou na Argentina. E até telefona para jornalistas, que conheceu enquanto cardeal, para saber novidades de um familiar doente, do resultado de um exame ou celebrar um aniversário.
Adepto do contacto directo e privilegiando os jovens, como deu mostras nas Jornadas Mundiais da Juventude, que decorreram no Brasil, o Papa recebeu esta semana um grupo de mais de 200 alunos, católicos e budistas, de uma escola japonesa. Falou-lhes da importância do diálogo e da tolerância inter-religiosa, sem qualquer menção aos confrontos de que são palco países como o Egipto ou a Síria. “Qual é a atitude mais favorável ao diálogo? A empatia, a capacidade de conhecer pessoas e culturas em paz, a capacidade de fazer perguntas inteligentes, de ouvir e de falar. É este diálogo que faz a paz. Todas as guerras e todas as lutas estão relacionadas com a falta de diálogo”, observou.
AFP  
in Público   
22/08/2013 - 12:56

21 agosto 2013

A Cúria Roma é reformável?

       
A Cúria Romana é constituída pelo conjunto dos organismos que ajudam o Papa a governar a Igreja, dentro dos 44 hectares que circundam a basílica de São Pedro. São um pouco mais de três mil funcionários. Nasceu pequena no século XII; mas, transformou-se num corpo de peritos em 1588, com o Papa Sisto V, forjada especialmente para fazer frente aos Reformadores Lutero, Calvino e outros. Em 1967, Paulo VI e, em 1998, João Paulo II, tentaram, sem êxito, a sua reforma.
É considerada uma das administrações governativas mais conservadoras do mundo e tão poderosa que praticamente retardou, engavetou e anulou as mudanças introduzidas pelos dois Papas anteriores e bloqueou a linha progressista do Concílio Vaticano II (1962-1965). Incólume, continua, como se trabalhasse não para tempo mas para a eternidade.
Entretanto, os escândalos de ordem moral e financeira ocorridos dentro de seus espaços, foram de tal magnitude que surgiu o clamor de toda Igreja por uma reforma, a ser levada avante, como uma de suas missões, pelo novo Papa Francisco. Como escrevia o príncipe dos vaticanólogos, infelizmente já falecido, Giancarlo Zizola (Quale Papa 1977): "quatro séculos de Contrarreforma haviam quase extinto o cromossoma revolucionário do cristianismo das origens; a Igreja se havia estabilizado como um órgão contrarrevolucionário”(p.278) e negadora de tudo quanto aparecesse como novo. Num discurso aos curiais no dia 22 de fevereiro de 1975, o Papa Paulo VI chegou a acusar a Cúria Romana de assumir "uma atitude de superioridade e de orgulho diante do colégio episcopal e do Povo de Deus”.
Combinando a ternura franciscana com o rigor jesuítico, conseguirá o Papa Francisco dar-lhe um outro formato? Sabiamente cercou-se de 8 cardeais experimentados, de todos os continentes, para acompanhá-lo e realizar esta ciclópica tarefa com as purgas que necessariamente deverão ocorrer.
Por detrás de tudo há um problema histórico-teológico que dificulta enormemente a reforma da Cúria. Ele se expressa por duas visões conflitantes. A primeira, parte do fato de que, depois da proclamação da infalibilidade do Papa em 1870 com a consequente romanização (uniformização) de toda a Igreja, houve uma concentração máxima na cabeça da pirâmide: no Papado com poder "supremo, pleno e imediato” (Canon 331). Isso implica que nele se concentram todas as decisões, cujo fardo é praticamente impossível de ser carregado por uma única pessoa, mesmo com poder monárquico absolutista. Não se acolheu nenhuma descentralização, pois significaria uma diminuição do poder supremo do Papa. A Cúria então se fechou ao redor do Papa, tornando-o seu prisioneiro, por vezes bloqueando iniciativas desagradáveis ao seu conservadorismo tradicional ou simplesmente engavetando os projetos até serem esquecidos.
A outra vertente conhece o peso do papado monárquico e procura dar vida ao sínodo dos bispos, órgão colegial, criado pelo Concílio Vaticano II, para ajudar o Papa no governo da Igreja Universal. Ocorre que João Paulo II e Benedito XVI, pressionados pela Cúria que via nisso uma forma de quebrar o centralismo do poder romano, transformaram-no apenas num órgão consultivo e não deliberativo. Celebra-se a cada dois ou três anos; mas, sem qualquer consequência real para a Igreja.
Tudo indica que o Papa Francisco, ao convocar 8 cardeais para junto com ele e sob sua direção, proceder a reforma da Cúria, crie um colegiado com o qual pretende presidir a Igreja. Oxalá alargue este colegiado com representantes não só da Hierarquia mas de todo o Povo de Deus, também com mulheres já que são a maioria da Igreja. Tal passo não parece impossível.
A melhor forma de reformar a Cúria, no juízo de especialistas das coisas do Vaticano e também de alguns hierarcas, seria uma grande descentralização de suas funções. Estamos na era da planetização e da comunicação eletrônica em tempo real. Se a Igreja Católica quiser se adequar a esta nova fase da humanidade, nada melhor do que operar uma revolução organizativa. Por que o dicastério (ministério) da Evangelização dos Povos não pode ser transferido para a África? O do Diálogo Inter-religioso para a Ásia? O de Justiça e Paz para a América Latina? O da Promoção da Unidade dos Cristãos para Genebra, próximo ao Conselho Mundial de Igrejas? E alguns, para as coisas mais imediatas, permaneceriam no Vaticano. Através de videoconferências, skype e outras tecnologias de comunicação, poder-se-ia manter um contacto imediato e diuturno. Desta forma evitar-se-ia a criação de um antipoder, do qual a Cúria tradicional é grande especialista. Isso tornaria a Igreja Católica realmente universal e não mais ocidental.
Como o Papa Francisco vive pedindo que rezem por ele, temos que, efetivamente, rezar e muito para que esse desiderato se transforme em realidade para benefício de todos cristãos e dos que se interessam de alguma forma pela Igreja.
 
Leonardo Boff
16-08-2013
Adital
 
 
 

16 agosto 2013

Não à reforma da cúria em segredo!


Comunicado do Movimento Nós Somos Igreja

Com a primeira reunião dos oito cardeais no início de Outubro de 2013 o Papa Francisco dará início à reforma da cúria, a qual se reveste da maior importância para o futuro da Igreja Católica Romana. Não deveria decorrer em segredo, mas sim com transparência e em franco diálogo com as igrejas locais.

No dia 14 de Abril de 2013, o Papa Francisco anunciou a reforma da cúria e constituiu uma comissão mundial de oito cardeais. O Papa espera que as primeiras sugestões desta comissão sejam expressas no início de Outubro. Até ao momento, não foi atribuída qualquer tarefa pontifícia a este organismo. Até agora, nenhum dos cardeais envolvidos proferiu qualquer comentário. Mas a reforma da cúria, como primeiro passo de uma reforma estrutural integral da Igreja Católica Romana, é tão importante que o essencial deveria ser debatido publicamente.

É por isso que o MOVIMENTO INTERNACIONAL NÓS SOMOS IGREJA coloca as seguintes perguntas agora, antes da reunião da comissão, que deverá realizar-se no início de Outubro de 2013:

1. Quais os objectivos da planeada reforma, quais os conceitos subjacentes e quais as propostas concretas dos cardeais?

2. Os cardeais consultaram previamente as conferências episcopais e as organizações laicas dos seus países e continentes?

3. Que acções serão tomadas relativamente aos escândalos mundiais de abusos e de ocultações?

A nomeação de uma comissão consultiva internacional é um passo importante para uma liderança eclesial mais cooperativa e participativa, dadas as inúmeras e graves crises (Vatileaks, Banco do Vaticano, Sociedade de S. Pio X, falta de cooperação, etc.) e as decisões erradas tomadas pelos líderes da Igreja. Mas é preciso ir mais longe. A Cúria Romana cimentou o seu poder absoluto ao longo dos séculos!

É importante que a tão necessária reforma aumente não apenas a eficácia da cúria, mas contribua igualmente para um espírito de transparência, de modo a que a pluralidade colegial e as estruturas democráticas da Igreja institucional consigam progredir (por ex. “a separação de poderes”: independência legislativa, executiva e judicial). As mulheres, que constituem mais de metade dos membros da Igreja, quase não têm representatividade nem participam nas decisões. É preciso desenvolver novas estruturas de comunicação e liderança que correspondam às exigências do Evangelho e satisfaçam as necessidades de uma rede mundial de comunidades de fiéis oriundas de diversos contextos culturais. É preciso indagar como foi possível organizar, no Vaticano, um lobby de homossexuais, como afirmou o Papa Francisco, e saber o que é preciso fazer para evitar futuros lobbies deste tipo. É preciso esclarecer como é possível existir no Vaticano qualquer tipo de lobby.

O próprio Papa Francisco mencionou “vinho novo em odres velhos” e referiu-se à tradição da Igreja que permite a renovação teológica e estrutural através do diálogo com pessoas de diversas culturas (cf. a homília do Papa de 6 de Julho de 2013). Razões pelas quais se esperam dele decisões fundamentais durante o seu papado, que implicarão o abandono de princípios e doutrinas obsoletos a fim de garantir um futuro vivo e saudável para a Igreja Católica. É preciso reunir, o mais rapidamente possível, uma comissão de peritos em história da Igreja, teologia sistemática e exegese, que aborde as questões relacionadas com os problemas dogmáticos.

Respeitando naturalmente a tradição e a continuidade, devem ser promovidas uma nova cultura e estrutura fundamentais e o processo deve caraterizar-se pelo diálogo, pela comunhão, pela reforma e pela abertura – segundo o Concílio Vaticano II (1962-65), o qual continua a ser fonte de directrizes válidas e preciosas. Para o Vaticano, isto significa mais comunicação em vez de controlo, mais espiritualidade e abertura de espírito em vez de sanções.

O Movimento Nós Somos Igreja acredita que as decisões fundamentais devem incidir:

1. Na descentralização das decisões tomadas na Igreja e na concessão de mais direitos e responsabilidades às igrejas locais

2. Na representação em Roma de todas as igrejas existentes no mundo

3. Na emancipação das mulheres a todos os níveis

4. Na responsabilidade colegial e no abandono de estruturas absolutistas e monárquicas

5. Na implementação de direitos humanos na Igreja

6. Num código de conduta, incluindo a responsabilização da hierarquia da Igreja perante o povo de Deus.

Tradução de Luísa Vasconcelos Abreu
12 de Agosto de 2013