01 janeiro 2012

OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER

1. Os jovens têm a vida toda pela frente. Não a aproveitando, vão ter cada vez menos hipóteses de êxito. Diante de tantas dificuldades, muitos serão tentados a desistir, ainda antes de lutar. Uns abandonam os estudos porque não vêm em quem os concluiu uma recompensa adequada a tanto esforço e privação. Embora seja uma reacção compreensível, talvez não seja uma boa solução.
O mundo muda e as circunstâncias presentes não são definitivas. O que nunca será dispensável é a capacidade de adaptação a novas situações, que aumenta com o desenvolvimento adquirido. Da ignorância e da incompetência é que não há nada a esperar.
2. O desenvolvimento científico e técnico não é tudo. Sem afectos nada tem gosto. O primeiro de todos é o reconhecimento. Somos vida recebida. Os pais merecem-nos sempre tudo. Por outro lado, sem amigos os dias não têm cor. A realidade mais profunda dos afectos é sentir que contamos para os olhos de alguém, que somos amados. O amor tem muitas expressões e tonalidades, mas nada pode substituir a verdadeira amizade.
3. É fundamental ter projectos na vida. Não se pode escolher tudo. Importa saber optar e encontrar um sentido capaz de hierarquizar valores que nos realizem como pessoas, a nível individual, social e cultural.
4. Nada no percurso de uma existência humana está garantido à partida. Como se costuma dizer, é preciso fazer pela vida: não se deixar inebriar pelos êxitos, nem abater pelos fracassos. A sabedoria consiste em aprender com tudo o que nos vai acontecendo. O coração da sabedoria é a humildade. O diálogo com todos é o seu exercício.
5. A vida não corre sempre como desejávamos e nem sequer como a planeámos. Não é bom olhar só para o que corre mal. Se estivermos atentos teremos, normalmente, mais razões de contentamento do que de tristeza. Não nos esqueçamos de alimentar a alegria. Não nascemos para sermos derrotados. Para os altos e baixos do nosso percurso tem de haver um suplemento de alma que ajude um equilíbrio dinâmico.
6. Nada disto se alimenta só pela razão e pelo voluntarismo. A vida acontece no tecido dos dias. Uns vêm cheios de sol e outros obrigam-nos a pedir socorro.
7. O Natal não depende dos presentes, embora saibam bem. Sabe melhor quando se está mais presente aos outros e quando sentimos a sua presença, quando estreitamos laços e conseguimos profundas reconciliações.
Porque será que nos lembrámos de todas estas boas atitudes, sobretudo, no Natal? Para os cristãos, o nosso verdadeiro sol é Jesus Cristo. Poderá perguntar-se: mas quem é Ele e que fez Ele para se ter tornado insubstituível? Direi algo de muito simples: Ele encarna o Amor de Deus por todas as pessoas do mundo e oferece-lhes a energia para romper com o egoísmo. O seu nome é Emanuel, Deus connosco e nós uns com os outros. Disse-nos algo essencial e para sempre: temos casa e mesa posta no coração de Deus; nada nem ninguém poderá roubar-nos esse Amor, aconteça o que acontecer na nossa vida. Digo, por isso, que Jesus Cristo é o sentido, a beleza, a responsabilidade e o impulso vital da graça. Com ele podemos ousar lutar, ousar vencer.

Frei Bento Domingues O.P.Lisboa,
15 de Dezembro de 2011

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