O inteligente humor de Quino, autor da banda desenhada “MAFALDA, a contestatária” remete-nos para um olhar crítico sobre as relações humanas em todas as suas dimensões.
Há quem tenha indicado no perfil de entrada da rede social Facebook como livros favoritos; a Bíblia e a BD da Mafalda. Realmente é uma boa síntese crítica de como se vai manifestando o ser humano, em situação, ao longo da História.
Por coincidência, a BD da Mafalda fez agora 50 anos. A Bíblia tem evidentemente muitos anos mais, mas a sua leitura crente e habitual por leigos foi uma das decisões pastorais inovadoras e mais ecuménicas tomadas pela Igreja Católica reunida há 50 anos no Concílio Vaticano II.
Meio século passado, as diferentes sensibilidades existentes na Igreja Católica, comemoram aspetos distintos, cada uma a procurar puxar para a sua perspetiva o legado conciliar, de modo a justificar a respetiva visão do mundo e da fé.
A multiplicidade de iniciativas, colóquios, encontros e afins, sobre as temáticas do Concílio são a expressão da diversidade mas igualmente do interesse e da atualidade do que então foi ponderado e decidido pelos padres conciliares. Um olhar muito atual sobre o mundo, a humanidade e o papel da fé integrada na vida das pessoas de diferentes latitudes, culturas ou sensibilidades. Pena é que o diálogo permaneça no seio de cada uma das sensibilidades e não seja mais transversal!
A leitura crente da realidade e o desafio de ler a Bíblia como uma aventura de confronto e descoberta de um modo de ser mais humano e solidário permanece atual, chame-se teologia da libertação ou outra designação qualquer. Para lá dos títulos, a prática permanece.
Tal como sugere a tira da BD, a humanidade continua a não funcionar. As estratégias políticas, económicas e sociais têm sido respostas frágeis e pouco consistentes face à enormidade dos problemas da humanidade vista à escala global.
A Igreja, como um todo, tem também tido muita dificuldade em adequar o seu funcionamento aos desafios lançados pela janela que João XXIII abriu e a corrente de ar que se seguiu. Um vento de mudança, o sopro do Espírito que não parou mais.
Neste tempo de Quaresma, os cristãos são chamados a olhar para dentro de si-mesmos e da comunidade de crentes em que se reconhecem e a procurarem corrigir “o mau funcionamento” das coisas e das pessoas, ou seja transformarem o seu coração de pedra (por isso pesado) em coração de carne, mais solidário e verdadeiramente humano.
A Mafaldinha, na sua contestação permanente de criança atenta, mesmo com 50 anos de vida publicada, com bom humor, desinstala as certezas, os hábitos, os preconceitos de quem carrega o peso da vida como se fosse um pedregulho de Sísifo e não como uma antecipação da vida plena configurada na Páscoa. Sendo personagem de ficção, nem por isso deixa de ser pertinente e uma boa ajuda para o processo de humanização em curso.
Há quem tenha indicado no perfil de entrada da rede social Facebook como livros favoritos; a Bíblia e a BD da Mafalda. Realmente é uma boa síntese crítica de como se vai manifestando o ser humano, em situação, ao longo da História.
Por coincidência, a BD da Mafalda fez agora 50 anos. A Bíblia tem evidentemente muitos anos mais, mas a sua leitura crente e habitual por leigos foi uma das decisões pastorais inovadoras e mais ecuménicas tomadas pela Igreja Católica reunida há 50 anos no Concílio Vaticano II.
Meio século passado, as diferentes sensibilidades existentes na Igreja Católica, comemoram aspetos distintos, cada uma a procurar puxar para a sua perspetiva o legado conciliar, de modo a justificar a respetiva visão do mundo e da fé.
A multiplicidade de iniciativas, colóquios, encontros e afins, sobre as temáticas do Concílio são a expressão da diversidade mas igualmente do interesse e da atualidade do que então foi ponderado e decidido pelos padres conciliares. Um olhar muito atual sobre o mundo, a humanidade e o papel da fé integrada na vida das pessoas de diferentes latitudes, culturas ou sensibilidades. Pena é que o diálogo permaneça no seio de cada uma das sensibilidades e não seja mais transversal!
A leitura crente da realidade e o desafio de ler a Bíblia como uma aventura de confronto e descoberta de um modo de ser mais humano e solidário permanece atual, chame-se teologia da libertação ou outra designação qualquer. Para lá dos títulos, a prática permanece.
Tal como sugere a tira da BD, a humanidade continua a não funcionar. As estratégias políticas, económicas e sociais têm sido respostas frágeis e pouco consistentes face à enormidade dos problemas da humanidade vista à escala global.
A Igreja, como um todo, tem também tido muita dificuldade em adequar o seu funcionamento aos desafios lançados pela janela que João XXIII abriu e a corrente de ar que se seguiu. Um vento de mudança, o sopro do Espírito que não parou mais.
Neste tempo de Quaresma, os cristãos são chamados a olhar para dentro de si-mesmos e da comunidade de crentes em que se reconhecem e a procurarem corrigir “o mau funcionamento” das coisas e das pessoas, ou seja transformarem o seu coração de pedra (por isso pesado) em coração de carne, mais solidário e verdadeiramente humano.
A Mafaldinha, na sua contestação permanente de criança atenta, mesmo com 50 anos de vida publicada, com bom humor, desinstala as certezas, os hábitos, os preconceitos de quem carrega o peso da vida como se fosse um pedregulho de Sísifo e não como uma antecipação da vida plena configurada na Páscoa. Sendo personagem de ficção, nem por isso deixa de ser pertinente e uma boa ajuda para o processo de humanização em curso.
NOTA: Não foi possível incluir as 2 tiras de BD que fazem parte do texto.
Para quem eventualmente não conheça a Banda Desenhada "Mafalda, a contestatária", pode procurar na Internet a partir do nome do autor; QUINO...ou passar por uma livraria!
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