Estavam na praia iluminada duas centenas de mães. Uma semana antes cada uma delas tinha bebido uma garrafa de água mineral, numa espécie de comunhão invisível que por momentos uniu todos os lares das mais de trezentas crianças. Depois deixaram-na vazia num lugar indicado. Por seu lado cada criança tinha deixado num papelinho uma mensagem dirigida à sua mãe. Só era preciso que naquele domingo estivesse bom tempo para que uma festa cheia de emoção tivesse lugar naquela extensa praia em maré baixa. Assim foi. Depois de ter chovido nos dias anteriores e voltado a chover no dia seguinte, na manhã daquele dia 6 uma luz diáfana envolvia, num aconchego carinhoso, todo o universo visível. Ninguém sabia, nem mães (nem os pais presentes, em segundo plano) nem crianças adivinhavam o que iria acontecer. Pensaram muitas coisas, mas todas demasiado cansativas para um dia que se desejava leve e gracioso.
Num outro mar alguns discípulos de Jesus (João 21, 1-14) estavam cansados e frustrados por terem andado a pescar toda a noite e não terem apanhado nada. De manhã Jesus disse-lhes para insistirem lançando as redes para o outro lado do barco. Dizem-nos que pescaram 153 peixes e crê-se que este era o número de peixes conhecidos em registo. Como dizia um pescador da Zambujeira, o barco vinha abarrotando, o êxito foi mais que muito. Mesmo que raras vezes seja assim, fica a mensagem de Jesus ressuscitado de que há sempre o outro lado do desalento, o outro lado do que é costume, um outro lugar de esperança.
Nesta praia havia um sentimento de animada expectativa. Aqui os pescadores foram desafiados a virem do mar não com as redes cheias de peixe, mas com garrafas mágicas pescadas numa rede de sonhos. Foi isso o que aconteceu. Quando o barco se aproximava saído da neblina distante e crescendo em direcção à praia, todos se perguntavam o que era aquilo e o que viria ali o barco fazer. Uma vez mais ninguém adivinhava. Só quando os pescadores disseram o que naquela manhã tinham pescado, o mistério se revelou. Revelou-se como se revelam os mistérios, fica-se a saber o que se está a passar, havendo sempre uma luz difusa por detrás de um véu de espanto pelo que acontece.
Foi assim que naquela manhã, na zona de Milfontes, convocadas com as suas crianças para um areal ao romper da aurora, as mães do Jardim de Infância Nª Sra da Piedade receberam nas suas garrafas misteriosas a surpresa das mensagens dos seus filhos. E foi assim que as crianças viveram a magia de verem as suas mensagens para as mães numas garrafas vindas do fundo do mar, certamente muito antigas pois já tinham conchas dentro e algas presas ao vidro. Este Jardim de Infância está plantado em Wade-Emir, um vizinho do Vizir da ilha do Pessegueiro (Olá Carlos Tê e Rui Veloso!). Agora diz-se Odemira, uma terra onde a criatividade se expande pela várzea repousante e o rio vai a pé até ao mar.
frei matias, op
Num outro mar alguns discípulos de Jesus (João 21, 1-14) estavam cansados e frustrados por terem andado a pescar toda a noite e não terem apanhado nada. De manhã Jesus disse-lhes para insistirem lançando as redes para o outro lado do barco. Dizem-nos que pescaram 153 peixes e crê-se que este era o número de peixes conhecidos em registo. Como dizia um pescador da Zambujeira, o barco vinha abarrotando, o êxito foi mais que muito. Mesmo que raras vezes seja assim, fica a mensagem de Jesus ressuscitado de que há sempre o outro lado do desalento, o outro lado do que é costume, um outro lugar de esperança.
Nesta praia havia um sentimento de animada expectativa. Aqui os pescadores foram desafiados a virem do mar não com as redes cheias de peixe, mas com garrafas mágicas pescadas numa rede de sonhos. Foi isso o que aconteceu. Quando o barco se aproximava saído da neblina distante e crescendo em direcção à praia, todos se perguntavam o que era aquilo e o que viria ali o barco fazer. Uma vez mais ninguém adivinhava. Só quando os pescadores disseram o que naquela manhã tinham pescado, o mistério se revelou. Revelou-se como se revelam os mistérios, fica-se a saber o que se está a passar, havendo sempre uma luz difusa por detrás de um véu de espanto pelo que acontece.
Foi assim que naquela manhã, na zona de Milfontes, convocadas com as suas crianças para um areal ao romper da aurora, as mães do Jardim de Infância Nª Sra da Piedade receberam nas suas garrafas misteriosas a surpresa das mensagens dos seus filhos. E foi assim que as crianças viveram a magia de verem as suas mensagens para as mães numas garrafas vindas do fundo do mar, certamente muito antigas pois já tinham conchas dentro e algas presas ao vidro. Este Jardim de Infância está plantado em Wade-Emir, um vizinho do Vizir da ilha do Pessegueiro (Olá Carlos Tê e Rui Veloso!). Agora diz-se Odemira, uma terra onde a criatividade se expande pela várzea repousante e o rio vai a pé até ao mar.
frei matias, op
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