12 fevereiro 2012

A DIVERSIDADE NA IGREJA

Um dos mistérios da criação de Deus, a meu ver, é a riqueza da sua diversidade - que de tão óbvia parece ficar escondida ou ignorada. Para além da imensidão da variedade botânica, animal, etc. etc. a variedade humana parece infinita - não há duas pessoas iguais, nem fisica nem psiquicamente. No espaço das Igrejas Cristãs também podemos constatar uma variedade que nos poderá levar à reflexão: em dois dias vivi na cidade de Paris uma experiência que ilustra bem o que acima se afirma: participei na eucaristia dominical na Igreja de St Merry, bem no coração de Paris, muito perto do Centro Georges Pompidou. Um templo antiquíssimo e lindíssimo, do século XII originalmente, reconstruido no século XVI - um orgão do século XVII - uma comunidade do século XXI.
Uma comunidade que manifestamente vivia o espírito evangélico, traduzido pelo Concílio Vaticano II - uma comunidade inclusiva, afectiva, em que todos e todas se consideravam como parte integrante do Povo de Deus, com as suas alegrias e responsabilidades. Uma eucaristia participada, em que o celebrante dava espaço à participação activa e viva de
tod@s. A homília foi preparada e partilhada por uma paroquiana. Uma folha paroquial que dava conta das múltiplas actividades de acolhimento numa zona da cidade onde há muita solidão e pobreza, e que dava conta de uma peregrinação a Israel e à Palestina, composta por pessoas pertencentes a associações confessionais de homossexuais - judeus, muçulmanos e cristãos. Peregrinaram juntos a fim de se encontrarem e dialogarem com populações daquelas duas nações.
São pequenos sinais de amor que nos enchem de esperança. No dia seguinte entrei por acaso numa igreja, Saint Nicolas du Chardonnet, e constatei que tudo estava organizado como antes do Concílio. As mulheres atrás, usando véus. O celebrante de costas viradas para as pessoas; uma grade coberta de pano rendado que separava o espaço do altar do resto da Igreja; nenhuma participação dos leigos durante a eurcarístia; comunhão de joelhos e na boca. Fiquei atónita até que percebi que se tratava de seguidores de Monseigneur Lefebvre que se separaram de Roma após o Concílio e agora negoceiam com o Vaticano a entrada. No espaço de dois kilometres quadrados é possível cruzarmo-nos com posturas tão absolutamente distintas.
Ana Vicente


1 comentário:

  1. Cara Ana Vicente,
    para uma pessoa que se dedica a estes assuntos, ao referir : "seguidores de Monseigneur Lefebvre que se separaram de Roma após o Concílio e agora negoceiam com o Vaticano a entrada", de duas uma: ou está a querer enganar o "seu grupo"- usando de mentira, ou, é mesmo ignorante na matéria.
    Como este espaço é curto e creio estar habituada a investigar, recomendo que estude melhor estes assuntos, pois não quero acreditar que esteja deliberadamente a mentir

    Com elevada consideração

    Rui

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