Zaqueu procurava Jesus. O que o levava a procurá-lo? Ao que se diz, Zaqueu era de baixa estatura física e a estatura moral não era maior. Subiu a um sicómoro para ver o famoso mestre que perdoava e acolhia sem descriminação nem censuras. Em vez de subir ao sicómoro poderia ter-se posto aos ombros de um colega de profissão, mas isso pouco mais acrescentava que duplicar a baixeza. Poderia também ter subido a um muro. Talvez uma parede feita com as pedras que alguns judeus não ousaram atirar à mulher que acusavam de ser adúltera. Poderia ainda gritar como outros faziam para chamar a atenção de Jesus. Mas talvez não acreditasse que Jesus lhe desse atenção. E qual seria a reacção daqueles que o conheciam quando ouvissem os seus gritos?
Zaqueu escolheu bem: um sicómoro. Árvore com ramos fáceis de subir e descer, que lhe permitiam estar discretamente escondido entre as folhas no meio de outros curiosos que nem davam pela sua presença. No caminho em baixo ia Jesus, quase tapado por alguns discípulos, qual folhagem de uma árvore de frutos duvidosos. Mas não foi só por esses motivos que Zaqueu subiu ao sicómoro. Uma razão invisível mostra-o empoleirado naquela que poderá ser o símbolo da árvore da vida. O sicómoro é da família da figueira, árvore de referência frequente em que entra o questionamento sobre a vida. Com frutos de qualidade inferior, foi nele que o Zaqueu de baixa estatura se empoleirou, solitário no meio daquela multidão, para ver de perto o fascinante mestre que ele sentia tão distante. Mas foi ao descer dessa árvore que o homem pequeno se tonou um grande homem. O mirone foi mirado, o encoberto descoberto, o perdido encontrado. Como cobrador de impostos Zaqueu era duplamente odiado: porque trabalhava para o invasor e ocupante, e porque aproveitava a situação de fragilidade das pessoas para extorquir mais do que aquilo que lhe pertencia. Mas a solidão é mãe de muitas interrogações. O que enche por fora não enche por dentro, e o olhar de Jesus transmite uma verdade inquietante: nascer de novo é o início do caminho para a verdadeira felicidade. Nem todos decidem seguir esse caminho, mas os rumos tomados ficam claros. Zaqueu, quando desceu do sicómoro sentiu-se grande. Aquele amável convite para um almoço que seria ele a pagar mudou a sua vida. O sentimento estonteante de ser amado e perdoado levou-o àquilo que é próprio desses momentos: ter atitudes consideradas loucas aos olhares comuns. Zaqueu resolveu fazer justiça, ou melhor, entrar na justiça de Deus. Do mal desmedido passou ao bem sem medida. Não só quis devolver o dente por dente e o olho por olho, mas tudo e muito mais do que aquilo que tinha roubado e extorquido. Queria manter para sempre aquele sentimento que é próprio do verdadeiro Zaqueu: o puro, o purificado. Jesus, pelo seu lado, foi apontado como impuro, como fora da Lei de Deus, por ter entrado na sua casa e almoçado com ele. Mas essas são imagens de maus olhares. Não foi Jesus que sujou as mãos, foi Zaqueu que as limpou. Se não há almoços grátis, não é fatal que todos tenham o preço do mal.
Zaqueu escolheu bem: um sicómoro. Árvore com ramos fáceis de subir e descer, que lhe permitiam estar discretamente escondido entre as folhas no meio de outros curiosos que nem davam pela sua presença. No caminho em baixo ia Jesus, quase tapado por alguns discípulos, qual folhagem de uma árvore de frutos duvidosos. Mas não foi só por esses motivos que Zaqueu subiu ao sicómoro. Uma razão invisível mostra-o empoleirado naquela que poderá ser o símbolo da árvore da vida. O sicómoro é da família da figueira, árvore de referência frequente em que entra o questionamento sobre a vida. Com frutos de qualidade inferior, foi nele que o Zaqueu de baixa estatura se empoleirou, solitário no meio daquela multidão, para ver de perto o fascinante mestre que ele sentia tão distante. Mas foi ao descer dessa árvore que o homem pequeno se tonou um grande homem. O mirone foi mirado, o encoberto descoberto, o perdido encontrado. Como cobrador de impostos Zaqueu era duplamente odiado: porque trabalhava para o invasor e ocupante, e porque aproveitava a situação de fragilidade das pessoas para extorquir mais do que aquilo que lhe pertencia. Mas a solidão é mãe de muitas interrogações. O que enche por fora não enche por dentro, e o olhar de Jesus transmite uma verdade inquietante: nascer de novo é o início do caminho para a verdadeira felicidade. Nem todos decidem seguir esse caminho, mas os rumos tomados ficam claros. Zaqueu, quando desceu do sicómoro sentiu-se grande. Aquele amável convite para um almoço que seria ele a pagar mudou a sua vida. O sentimento estonteante de ser amado e perdoado levou-o àquilo que é próprio desses momentos: ter atitudes consideradas loucas aos olhares comuns. Zaqueu resolveu fazer justiça, ou melhor, entrar na justiça de Deus. Do mal desmedido passou ao bem sem medida. Não só quis devolver o dente por dente e o olho por olho, mas tudo e muito mais do que aquilo que tinha roubado e extorquido. Queria manter para sempre aquele sentimento que é próprio do verdadeiro Zaqueu: o puro, o purificado. Jesus, pelo seu lado, foi apontado como impuro, como fora da Lei de Deus, por ter entrado na sua casa e almoçado com ele. Mas essas são imagens de maus olhares. Não foi Jesus que sujou as mãos, foi Zaqueu que as limpou. Se não há almoços grátis, não é fatal que todos tenham o preço do mal.
Frei Matias O.P.
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