22 abril 2012

Missas americanas

Encontro-me temporariamente nos Estados Unidos. Já fui a duas missas aqui nos Estados Unidos, uma na Catedral de Chicago outra na igreja de St Clement situada num bairro bastante nobre da cidade. Ambas usaram, evidentemente, a nova tradução do missal romano, que entrou em vigor há menos de um ano, em que o inglês é mais próximo do missal romano original e usa linguagem pesada e intrincada, nada próxima do que se usa quotidianamente.

Na primeira missa, para além disto, usaram-se orações rebuscadíssimas, com duas pequenas litanias de santos e referências às "santas e veneráveis mãos" de Jesus. Na oração dos fiéis havia uma prece para que os indivíduos e as organizações cristãs tivessem "liberdade de mandatos governamentais" para poderem agir — numa clara referência à contracepção que deve estar presente em todos os planos de saúde.

Na segunda, que foi verdadeiramente refrescante, o padre usava microfone de lapela, o que lhe permitiu rondar o altar num momento em que estava a dar um exemplo de como através da coscuvilhice sacrificamos os nossos próximos e as suas reputações. Esta homilia com encenação e gestos não retirou nada à dignidade da celebração, em que, por exemplo, os cânticos eram acompanhados a órgão de tubos. No fim da missa, o padre perguntou se havia paroquianos livres numa certa semana em Maio, pois ele ia deslocar-se a uma paróquia geminada à de St Clement, em El Salvador, para aí atribuir a "
Romero Scholarship" — e gostaria de ter companhia. À saída da igreja havia também vários painéis com informação, um deles destinado a católicos que tinham deixado de ir à missa. As duas primeiras frases eram "Have you left the Church? Has the Church left you?".

Entre um modelo de igreja com centro em si mesma, na rigidez das suas liturgias e das suas doutrinas, e outro com centro nas pessoas e nas suas vidas, a escolha de Cristo seria simples.


Pedro Freitas

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