Sobre a lei do celibato dos padres, sobre a
ordenação das mulheres, sobre a comunhão dos divorciados recasados, sobre o
preservativo, sobre o casamento homossexual, sobre o aborto, sobre a eutanásia,
o que pensa o Papa Francisco?
"O problema moral do aborto é de natureza
pré-religiosa, porque no momento da concepção reside o código genético da
pessoa. Já ali se encontra um ser humano. Separo o tema do aborto de qualquer
concepção religiosa. É um problema científico." "A vida humana deve
ser defendida sempre desde a concepção."
Quanto ao preservativo, não ignorará que Bento XVI
já abrira a porta, pelo menos em certos casos.
"Voltei a escolher o caminho religioso - ou a
deixar que ele me escolhesse. Seria estranho que não se passasse este tipo de
coisas." Quando aparece um padre a dizer que engravidou uma mulher,
"ouço-o, procuro transmitir-lhe paz e aos poucos faço-o perceber que o
direito natural é anterior ao seu direito como padre". No catolicismo
ocidental (no Oriente, os padres podem casar-se), "o tema está a ser
discutido", mas "por enquanto mantém-se firme a disciplina do
celibato". "Trata-se de uma questão de disciplina, não de fé. É
possível mudar."
Quanto à mulher na Igreja, "pensem: a Virgem
é mais importante do que os apóstolos", "a mulher na Igreja é mais
importante do que os bispos e os padres", "é necessária uma profunda
teologia da mulher". Mas, "quanto à ordenação das mulheres, a Igreja
falou e diz não. Disse-o João Paulo II, com uma formulação definitiva. Essa
porta está fechada".
Quanto à comunhão das pessoas que voltaram a
casar-se, é preciso pensar que a Igreja é mãe e misericórdia e "creio que
o problema deve ser estudado no quadro da pastoral matrimonial." Não
esquecer que a Igreja ortodoxa tem uma práxis diferente, "dá uma segunda
possibilidade."
Sobre o lobby gay no Vaticano. "Quando nos
encontramos com uma pessoa assim, deve-se distinguir entre o facto de ser gay e
o facto de fazer lobby, porque nenhum lobby é bom. Se uma pessoa é gay e
procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?" O Catecismo
da Igreja Católica "explica isto de forma muito boa: não se deve
marginalizar estas pessoas. É preciso integrá-las na sociedade. O problema não
é ter esta tendência. Devemos ser irmãos. O problema é fazer lobby. Lobby desta
tendência ou lobby dos avaros, dos políticos, dos maçons".
Ainda cardeal, sobre o casamento homossexual.
"Sabemos que, em tempos de mudanças históricas, o fenómeno da
homossexualidade aumentava. No entanto, no nosso tempo, é a primeira vez que se
levanta o problema jurídico de a associar ao casamento, o que considero uma
menos valia e um recuo antropológico. Digo-o, porque esta questão ultrapassa o
plano religioso, é antropológica. Quando o chefe do Governo da cidade de Buenos
Aires, Mauricio Macri, não apelou da sentença de uma juíza de primeira
instância autorizando o casamento, senti que tinha algo a dizer, e, como forma
de orientação, senti-me obrigado a manifestar a minha opinião. Foi a primeira
vez em 18 anos de bispo que fiz uma crítica a um funcionário. Em momento algum
falei depreciativamente dos homossexuais, mas intervim apontando uma questão
legal." "Se houver uma união de tipo privado, não há um terceiro ou
uma sociedade que sejam afectados. Ora, se dermos à homossexualidade a
categoria matrimonial, os homossexuais ficam habilitados à adopção, e poderá haver
crianças afectadas. Qualquer pessoa precisa de um pai masculino e de uma mãe
feminina que ajudem a representar a sua identidade."
Quanto à eutanásia, é preciso distingui-la da
obstinação terapêutica. "As pessoas não são obrigadas a conservar a vida
através de cuidados extraordinários. Isso pode ir contra a dignidade do
indivíduo. Diferente é a eutanásia activa; esta é equivalente a matar."
ANSELMO BORGES 7 de Setembro de 2013 17 comentários
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