26 fevereiro 2012

50 Anos: Concílio Vaticano II

Revista O Tempo e o Modo

Porque as datas comemoradas são espevitamento para o espírito e estímulo para a peregrinação por livros, documentos, arquivos, duplamente influenciada por estes condimentos, faço uma homenagem à memória de D. Hélder Câmara e uma evocação da revista O Tempo e o Modo, registo glorioso de intervenção, quando os intelectuais eram entre nós criativos, sedutores e sábios, no seu jeito de trocar ideias e assumir a inteligência do mundo.

Em 11 de Outubro de 1962, o discurso do Papa João XXIII inaugurava o Concílio Vaticano II. Publicado três meses depois, em 29 de Janeiro de 1963, o primeiro número da revista O Tempo e o Modo exprimia em Portugal a inquietação de pensamento que agitava o mundo, na altura. Uma revista de pensamento e acção, que foi “expressão do nosso mal-estar em relação à sociedade em que vivíamos”, escrevia António Alçada Baptista sobre a sua razão de ser. Um grupo de cinco católicos, António Alçada Baptista, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, Nuno de Bragança, Alberto Vaz da Silva, Mário Murteira, concretizavam o projecto. Inquietos, inconformados, dispostos a intervir, a transformar, a contestar, sabiam que a mudança de mentalidades começaria pela abertura da revista a outros colaboradores católicos e também a agnósticos, ampliando vozes e expressões. Comunidade maior, que logo integrou Mário Soares e Salgado Zenha, e em sequência Francisco Lino Neto, Adérito Sedas Nunes, Jorge Sampaio, Manuel de Lucena, Manuel dos Santos Loureiro, Mário Sottomayor Cardia, Vasco Pulido Valente, João Cravinho, além de tantos outros. Alçada Baptista, director, Pedro Tamen, editor, Bénard da Costa, chefe de redacção, Alberto Vaz da Silva e Nuno de Bragança, redactores principais, eram formalmente responsáveis pela revista de tantos esforços e esperanças nascida.
O número um de “O Tempo e o Modo” seria visionário, pelos artigos assinados de Alçada Baptista, Mário Soares, Jorge Sampaio. Ao longo dos meses, seguiram-se páginas exemplares para a diversidade e a diferença, a discussão e o diálogo. Para um olhar sobre as grandes questões do século XX e a consciência da liberdade desejada. Um olhar sobre os temas que inquietavam o mundo, em definitivas mudanças. Sobre a criação literária, tão versátil nos moldes, estilos e estéticas, com seus conflitos e confrontos.

E no número Um de O Tempo e o Modo, da crónica de Manuel Murteira intitulada “O Concílio Vaticano II”, tomo a liberdade de transcrever as
Declarações de D. Hélder Câmara, então Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, no fim da sessão de 14 de Novembro de 1962, a primeira do Concílio Vaticano II: “Não precisamos de ser profetas para adivinhar o que tocamos com os nossos dedos. Quem não vê que a infabilidade e o Primado do Papa vão ser postos no seu verdadeiro enquadramento, a colegialidade do Episcopado? Quem não vê que o lugar dos leigos na Igreja, lugar insubstituível, vai ser reconhecido e proclamado? Quem não vê que a orientação da Igreja nos próximos cem anos vai ser na linha pastoral e comunitária? Quem não vê que a Igreja já não quer ficar à espera dos irmãos cristãos separados, mas está disposta a ir-lhes ao encontro? Quem não vê que a Igreja vai dar passos importantes para reencontrar os caminhos da pobreza?”

Agora, cinquenta anos depois, os sinais de mudança desejada assim formulados são um bom tema de conversa a múltiplas vozes. A Igreja ou a Palavra de Jesus em nós, as circunstâncias tão precárias deste mundo vertiginoso, a renovação sim ou não acontecida e a acontecer.

Leonor Xavier
25 de Fevereiro de 2012

19 fevereiro 2012

O improvável Zaqueu

Zaqueu procurava Jesus. O que o levava a procurá-lo? Ao que se diz, Zaqueu era de baixa estatura física e a estatura moral não era maior. Subiu a um sicómoro para ver o famoso mestre que perdoava e acolhia sem descriminação nem censuras. Em vez de subir ao sicómoro poderia ter-se posto aos ombros de um colega de profissão, mas isso pouco mais acrescentava que duplicar a baixeza. Poderia também ter subido a um muro. Talvez uma parede feita com as pedras que alguns judeus não ousaram atirar à mulher que acusavam de ser adúltera. Poderia ainda gritar como outros faziam para chamar a atenção de Jesus. Mas talvez não acreditasse que Jesus lhe desse atenção. E qual seria a reacção daqueles que o conheciam quando ouvissem os seus gritos?
Zaqueu escolheu bem: um sicómoro. Árvore com ramos fáceis de subir e descer, que lhe permitiam estar discretamente escondido entre as folhas no meio de outros curiosos que nem davam pela sua presença. No caminho em baixo ia Jesus, quase tapado por alguns discípulos, qual folhagem de uma árvore de frutos duvidosos. Mas não foi só por esses motivos que Zaqueu subiu ao sicómoro. Uma razão invisível mostra-o empoleirado naquela que poderá ser o símbolo da árvore da vida. O sicómoro é da família da figueira, árvore de referência frequente em que entra o questionamento sobre a vida. Com frutos de qualidade inferior, foi nele que o Zaqueu de baixa estatura se empoleirou, solitário no meio daquela multidão, para ver de perto o fascinante mestre que ele sentia tão distante. Mas foi ao descer dessa árvore que o homem pequeno se tonou um grande homem. O mirone foi mirado, o encoberto descoberto, o perdido encontrado. Como cobrador de impostos Zaqueu era duplamente odiado: porque trabalhava para o invasor e ocupante, e porque aproveitava a situação de fragilidade das pessoas para extorquir mais do que aquilo que lhe pertencia. Mas a solidão é mãe de muitas interrogações. O que enche por fora não enche por dentro, e o olhar de Jesus transmite uma verdade inquietante: nascer de novo é o início do caminho para a verdadeira felicidade. Nem todos decidem seguir esse caminho, mas os rumos tomados ficam claros. Zaqueu, quando desceu do sicómoro sentiu-se grande. Aquele amável convite para um almoço que seria ele a pagar mudou a sua vida. O sentimento estonteante de ser amado e perdoado levou-o àquilo que é próprio desses momentos: ter atitudes consideradas loucas aos olhares comuns. Zaqueu resolveu fazer justiça, ou melhor, entrar na justiça de Deus. Do mal desmedido passou ao bem sem medida. Não só quis devolver o dente por dente e o olho por olho, mas tudo e muito mais do que aquilo que tinha roubado e extorquido. Queria manter para sempre aquele sentimento que é próprio do verdadeiro Zaqueu: o puro, o purificado. Jesus, pelo seu lado, foi apontado como impuro, como fora da Lei de Deus, por ter entrado na sua casa e almoçado com ele. Mas essas são imagens de maus olhares. Não foi Jesus que sujou as mãos, foi Zaqueu que as limpou. Se não há almoços grátis, não é fatal que todos tenham o preço do mal.

Frei Matias O.P.

16 fevereiro 2012

QUEM DÁ MAIS?

“Tempo é dinheiro” diz o ditado popular, e na escola disseram-nos que o dinheiro é “o instrumento geral de troca”, qualquer coisa é mercadoria e se compra ou vende e assim se faz funcionar o mercado.
Até Jesus Cristo foi vendido por 30 dinheiros! Antes disso teve ele próprio um desacato com cambistas, além da vez em que o quiseram embaraçar sem sucesso ao considerar as duas faces da moeda dizendo que deviamos dar a Deus o que é de Deus e a César o que lhe pertence. Sempre omnipresente o deus - dinheiro.
Na linguagem atual, já não somos sequer designados como pessoas mas como consumidores, gente que gasta dinheiro para comprar e consumir o necessário e o supérfluo. Nestes tempos de crise económica, gastamos mesmo demais. Troika, políticos europeus e nacionais, bancos e agências de notação financeira não param de nos avisar que tudo gira à volta de dinheiro. Os funcionários públicos mais do que os restantes portugueses sentem no fim do mês que o Estado lhes foi ao bolso, sacou-lhes dinheiro dos salários e resta-lhes apenas apertar mais o cinto. Pior estão os desempregados com o magro subsídio de desemprego, se a ele tiverem direito, o que não é o caso para muitos jovens.
A nossa relação com o dinheiro é complexa. Ninguém se queixa de o ter demais, só de menos!
Claro que há umas pessoas consideradas um pouco estranhas que fazem voto de pobreza, não têm dinheiro pessoal, mas mesmo aí o assunto é historicamente ambíduo, não há memória de alguém numa ordem religiosa ter morrido de fome, de frio, sem-abrigo; pelo contrário cada um/a é acolhido/a no seio dos seus irmãos em religião, o que, convenhamos, parece um pouco confortavemente burguês e seguro nos tempos que correm. Ter casa, mesa e roupa lavada até ao fim dos seus dias em troca de comunitariamente partilhar, entre outras coisas, o dinheiro, até parece atrativo.
Provavelmente as ordens religiosas teriam mais candidatos se não houvesse igualmente os votos de obediência e castidade. Quanto à pobreza, à falta de dinheiro, começamos a estar habituados, de algum modo todos fazemos involuntariamente tal voto. Só que no nosso caso não é de livre vontade nem vem associado aos outros dois.
Sabemos que Jesus andava sem dinheiro, conversou mesmo com os companheiros sobre quanto dinheiro havia entre eles para poderem dar de comer aos que O queriam ouvir. O que o Evangelho refere é que houve pão e peixe em abundância e ainda sobrou.
Dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, o pão-nosso de cada dia, tornou-se o lugar de encontro de toda a gente, com dinheiro ou sem ele, no trabalho e no lazer, na multidão festiva das bodas, na ceia, na última e nas anteriores, junto ao poço da água viva, enfim transformou-se no lugar teológico do cruzamento do humano e do divino na Eucaristia. E não consta que houvesse peditório…ou se o fizeram as duas moedinhas da mulher que deu tudo o que tinha valiam tanto como todo o dinheiro do cobrador de impostos, arrependido (não, não se usava ainda fraque naquele tempo).
Até o oficialmente chamado Estado da Santa-Sé tem o poder de cunhar moeda, usa o Euro, simplesmente tem o mesmo valor que os nossos euros. Igualzinho aos outros países “a sério”. Que diria o fundador do cristianismo sobre tal sistema financeiro? Desconfio que fustigaria alguns cambistas atuais…
Mas o dinheiro de que eu gosto mesmo, e desse ainda hoje gosto muito e até sou avarenta, é do dinheiro de chocolate. Aquelas moedinhas a fingirem de ouro que me davam de presente. Como não cabiam no porta-moedas só se podiam arrumar no estômago, essas sim, saciavam agradavelmente. (Se para entrar no Reino é preciso fazer-se criança, neste caso particular enquadro-me neste perfil infantil).
Ora a crise deixa-nos a todos sem dinheiro para brioches, chocolates ou afins, mas permite-nos reorganisarmos as nossas prioridades na gestão desse bem escasso que é o nosso dinheiro e à maneira de Jesus e dos Díscipulos arranjar cestos de pão e peixe para que todos possam ser convidados à festa, até os coxos, os estropiados que vivem na margem da sociedade até à pouco considerada rica; isto é de nós mesmos.
Se conseguirmos arranjar tempo para iniciativas de partilha inclusiva, esse “tempo é dinheiro!” É mesmo melhor que chocolate. É por exemplo o caso do Movimento 1 €, uma interessante iniciativa de solidariedade que vale a pena conhecer em
http://movimento1euro.com/.
E no entanto quase todas as utopias propõem um mundo sem dinheiro. “A cada um segundo as suas necessidades, de cada um segundo as suas capacidades!” Uma máxima bastante sedutora e ótimista. Na nuvem negra da crise, criatividade e ótimismo precisam-se. Quem dá mais?

AFF
16-02-2012

12 fevereiro 2012

A DIVERSIDADE NA IGREJA

Um dos mistérios da criação de Deus, a meu ver, é a riqueza da sua diversidade - que de tão óbvia parece ficar escondida ou ignorada. Para além da imensidão da variedade botânica, animal, etc. etc. a variedade humana parece infinita - não há duas pessoas iguais, nem fisica nem psiquicamente. No espaço das Igrejas Cristãs também podemos constatar uma variedade que nos poderá levar à reflexão: em dois dias vivi na cidade de Paris uma experiência que ilustra bem o que acima se afirma: participei na eucaristia dominical na Igreja de St Merry, bem no coração de Paris, muito perto do Centro Georges Pompidou. Um templo antiquíssimo e lindíssimo, do século XII originalmente, reconstruido no século XVI - um orgão do século XVII - uma comunidade do século XXI.
Uma comunidade que manifestamente vivia o espírito evangélico, traduzido pelo Concílio Vaticano II - uma comunidade inclusiva, afectiva, em que todos e todas se consideravam como parte integrante do Povo de Deus, com as suas alegrias e responsabilidades. Uma eucaristia participada, em que o celebrante dava espaço à participação activa e viva de
tod@s. A homília foi preparada e partilhada por uma paroquiana. Uma folha paroquial que dava conta das múltiplas actividades de acolhimento numa zona da cidade onde há muita solidão e pobreza, e que dava conta de uma peregrinação a Israel e à Palestina, composta por pessoas pertencentes a associações confessionais de homossexuais - judeus, muçulmanos e cristãos. Peregrinaram juntos a fim de se encontrarem e dialogarem com populações daquelas duas nações.
São pequenos sinais de amor que nos enchem de esperança. No dia seguinte entrei por acaso numa igreja, Saint Nicolas du Chardonnet, e constatei que tudo estava organizado como antes do Concílio. As mulheres atrás, usando véus. O celebrante de costas viradas para as pessoas; uma grade coberta de pano rendado que separava o espaço do altar do resto da Igreja; nenhuma participação dos leigos durante a eurcarístia; comunhão de joelhos e na boca. Fiquei atónita até que percebi que se tratava de seguidores de Monseigneur Lefebvre que se separaram de Roma após o Concílio e agora negoceiam com o Vaticano a entrada. No espaço de dois kilometres quadrados é possível cruzarmo-nos com posturas tão absolutamente distintas.
Ana Vicente


10 fevereiro 2012

Ele foi a Nazaré

“Ele foi a Nazaré, onde fora criado, e, segundo o seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para fazer a leitura. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; abrindo-o, encontrou o lugar onde está escrito:
O Espírito do Senhor está sobre mim,
Porque ele me ungiu
para evangelizar os pobres;
enviou-me para proclamar a remissão aos presos
e aos cegos a recuperação da vista,
para restituir a liberdade aos oprimidos
e para proclamar um ano de graça do Senhor
Enrolou o livro, entregou-o ao servente e sentou-se. Todos na sinagoga o olhavam, atentos. Então, começou a dizer-lhes: “’Hoje se cumpriu aos vossos ouvidos esta passagem da Escritura.’” (Evangelho de Lucas 4, 16-21)

É este o Jesus em que acredito. Um Jesus não cativo de códigos religiosos enclausurantes. Um Jesus que estilhaça as fronteiras “bem-comportadas” de uma moral sem ética. Um Jesus infinitamente bom – o totalmente bom. O Jesus que veio para todos, que abateu todos os muros que nos separam uns dos outros. O Jesus que escolheu o “pátio dos gentios” e não o Templo como lugar para o encontro com um Deus que não exclui ninguém, de um Deus para quem a glória é o ser humano vivo. O Jesus libertador: não só libertador de amarras internas, mas também de opressões externas, da injustiça estrutural, do “pecado organizado” em que o nosso tempo se tornou (para dizer como Sophia de Mello Breyner), um Jesus que não quer a pobreza, que não quer a guerra, que não quer a cobiça pelas matérias-primas, que não quer o racismo, que não quer a violência brutal sobre mulheres, crianças e velhos à qual nenhuma sociedade escapa, na qual nenhuma tem as mãos limpas. Um Jesus esperança dos sem esperança. Um Jesus com um abraço sem fronteiras.
É este o programa de Jesus. É este o programa de um mundo outro. É esta a utopia que se espera. É esta a utopia na qual tantos se empenham. É este o Jesus em quem acredito.
(Teresa Martinho Toldy)

05 fevereiro 2012

A MÍSTICA NO FEMININO E NO MASCULINO

Raimon Panikkar, um catalão indiano, gostava de referir Deus como esfera infinita, cujo centro está em toda a parte e cuja superfície não está em nenhuma. Dir-se-ia que este é o Deus da mística e não o da religião. Mas uma religião sem mística é pura ideologia. Para ele, a idolatria foi e continua a ser o grande perigo e a grande tentação de toda a religião, seja ela sagrada ou secular, tradicional ou moderna.
Um conceito também pode ser um ídolo, ainda mais insidioso do que um fetiche. Deus não é propriedade de ninguém. Ninguém o pode monopolizar: nenhuma religião, nenhuma filosofia, nenhuma mística, nenhum ateísmo ou agnosticismo.
O dogma da Trindade, que não é exclusivo da religião cristã, rompe com o isolamento de um Deus, propriedade de si mesmo, sem deixar de ser ele mesmo. O místico pode parecer um grande solitário, mas não é um isolado. Está em comunhão viva com o mistério divino. Tolera mediadores, mas não admite intermediários.
A experiência é o lugar da mística, só pela experiência pode florescer. A experiência mística distingue-se de qualquer outra porque o que “experiencia” não é uma parte ou um aspecto da realidade, mas a própria realidade enquanto tal, seja qual for a concepção que dela se possa ter. Entrando em contacto imediato com a realidade através de um ser qualquer, não só se toca Deus, o Ser, o Nada…, como desaparece também a distância e o dualismo entre o objecto da experiência e o sujeito que a realiza. Este último não pode estar fora da realidade que se “experiencia” a si mesma.
Para Bernard McGinn, professor na Universidade de Chicago, entre as muitas tentativas de definições da mística, forjou a sua: “a busca de uma consciência directa e transformadora da presença de Deus”. A experiência mística transforma profundamente a vida dos seres humanos e é a partir dela que eles podem testemunhar, ensinar e escrever.
Diz-se que a mística está de volta. E porque será? Porque o desejo de união com o Outro transcendente na nossa imanência, que se chama Deus ou amor infinito, dá um sentido fantástico à vida, ao mudar a vida.
Aqui, quero dar, apenas, notícia de algumas publicações, umas mais antigas e outras mais recentes. Mesmo as antigas não são muito antigas:
A Editorial Trotta (Madrid 2002) publicou La mística en el siglo XXI, do Centro Internacional de Estudios Místicos. O coordenador-director é Áureo Martín Labajos e o coordenador Juan José Barcenilla. Esta obra é o resultado do Seminário Internacional de Mística Comparada, vivida na actualidade, para celebrar dez anos de funcionamento do referido Centro Internacional. É uma obra de referência, indispensável para sair de alguns slogans apressados e, sobretudo, ignorantes.
Le Point Références (nº 37, janvier-février, 2012) fez um trabalho notável, publicando textos fundamentais dos grandes místicos, femininos e masculinos, apresentados por especialistas, mulheres e homens.
A revista IHU On-Line (nº 385, Ano XI, 19.12.2011), uma revista jesuíta brasileira, do Instituto Humanitas Unisinos, publicou um número importantíssimo sobre o “Feminismo e o Mistério”, mais propriamente a “Mística no feminino”, apresentada e analisada por mulheres e homens.
Transcrevo a capa:
PÁGINA 06 Marco Vanini: “A experiência do espírito vai muito além das distinções espaço-temporais e de gênero”
PÁGINA 12 Faustino Teixeira: Mística: experiência que integra anima (feminilidade) e animus (masculinidade)
PÁGINA 18 Juan Martín Velasco: A mística e o mistério hoje
PÁGINA 25 Chris Schenk: Maria de Magdala, a grande “Apóstola dos Apóstolos”
PÁGINA 33 Salma Ferraz: Maria Madalena, a mulher que amou Jesus
PÁGINA 36 Carlos Frederico Barboza de Souza: Rabi’a al-’Adawiyya e Teresa de Jesus: a busca do Amado de forma intensa e gratuita
PÁGINA 43 Victoria Cirlot: Hildegard de Bingen, uma “artista” mística e profética
PÁGINA 46 Felisa Elizondo: Hildegard e Hadewijch: mística da luz viva, mística do amor
PÁGINA 50 Maria José Caldeira do Amaral: Mechthild de Magdeburgo, mestra e mãe da mística renana
PÁGINA 57 Ceci Baptista Mariani: Marguerite Porete: a alma entre aniquilamento e nobreza
PÁGINA 63 Sílvia Schwartz: Marguerite Porete e a “teologia” do feminino divino
PÁGINA 69 Luce López-Baralt: Teresa de Jesus: “mestra consumada da vida espiritual” em diálogo cristão-islâmico


Frei Bento Domingues, O.P.


5 de Fevereiro 2012