Pio IX proclamou em 8 de Dezembro
o dogma da Imaculada Conceição, isto é, ao contrário de toda a humanidade,
Maria nasceria sem o "pecado original " definido em Trento 1546.
Ratzinger (outra vez ele) reconhece que, se é verdade o evolucionismo,
"não há lugar para qualquer pecado original". Não pode haver dogmas
que não sejam revelados. Por isso, seguindo Santo Agostinho, basearam-se na
epístola aos romanos, de S. Paulo. Porém, trata-se dum erro de tradução do
grego para o latim: "eph"ho" não é "in quo", isto é,
todos têm pecado porque pecam e não porque Adão pecou. Para confirmar, a
própria Virgem diz a Bernardete, em Lourdes (1858): "Sou a Imaculada
Conceição." Esta verdade é ignorada por todos os textos canónicos. Em 1870
é proclamada a infalibilidade papal no contexto da resistência aos
liberalismos. Como a morte é consequência do pecado original (Adão e Eva
nasceram sem ele e só morreram por ele), Maria não morrerá (dogma da Assunção,
1950), ao contrário de Jesus, que morreu. No Vaticano II escapou-se, por pouco,
a fazer de Maria uma deusa co-redentora (a redenção da humanidade seria, a
meias, de Jesus e de Maria) por 1114 votos contra 1074. O cardeal Congar acusou
os bispos marianolatras de aldrabice. "A Virgem Maria, que nos devia unir,
é causa de divisão... A mariologia só vive disso. É um verdadeiro cancro dentro
da Igreja", acrescentou.
J.Carvalho, Lisboa
Público 11.12.2013
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