14 dezembro 2013

8 de Dezembro

 
Pio IX proclamou em 8 de Dezembro o dogma da Imaculada Conceição, isto é, ao contrário de toda a humanidade, Maria nasceria sem o "pecado original " definido em Trento 1546. Ratzinger (outra vez ele) reconhece que, se é verdade o evolucionismo, "não há lugar para qualquer pecado original". Não pode haver dogmas que não sejam revelados. Por isso, seguindo Santo Agostinho, basearam-se na epístola aos romanos, de S. Paulo. Porém, trata-se dum erro de tradução do grego para o latim: "eph"ho" não é "in quo", isto é, todos têm pecado porque pecam e não porque Adão pecou. Para confirmar, a própria Virgem diz a Bernardete, em Lourdes (1858): "Sou a Imaculada Conceição." Esta verdade é ignorada por todos os textos canónicos. Em 1870 é proclamada a infalibilidade papal no contexto da resistência aos liberalismos. Como a morte é consequência do pecado original (Adão e Eva nasceram sem ele e só morreram por ele), Maria não morrerá (dogma da Assunção, 1950), ao contrário de Jesus, que morreu. No Vaticano II escapou-se, por pouco, a fazer de Maria uma deusa co-redentora (a redenção da humanidade seria, a meias, de Jesus e de Maria) por 1114 votos contra 1074. O cardeal Congar acusou os bispos marianolatras de aldrabice. "A Virgem Maria, que nos devia unir, é causa de divisão... A mariologia só vive disso. É um verdadeiro cancro dentro da Igreja", acrescentou.

J.Carvalho, Lisboa

Público 11.12.2013

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