1. Certas atitudes e palavras do Papa Francisco, já muito glosadas,
denunciam uma economia que mata. Isto nem deveria causar grande surpresa, pois
os frutos denunciam a árvore. Os efeitos de certas práticas económicas produzem
um mundo onde o abismo entre os muito ricos e os pobres não cessa de crescer.
Mesmo em Portugal, segundo consta nos meios de comunicação, os multimilionários
aumentaram a sua riqueza, mas o conjunto da população nem por isso.
Não há aqui nenhuma desconsideração por todos aqueles que têm engenho
e arte de constituírem empresas que dão trabalho, lucros e repartição dos
ganhos. Têm a noção de que o êxito da empresa é obra de todos e é para
benefício de todos. Há outros casos de fortunas pouco produtivas e de fuga ao
fisco, que parecem só pensar no luxo pessoal ou familiar e em caprichos. Façamos
uma viagem. Consta que, na ilha Hainan (China), a regra são as faustosas e
ridículas exibições do novo-riquismo. Um desses ricos, Xing Libin, gastou no
casamento da filha, 8.455 milhões de euros, e além desta insignificância ainda
lhe ofereceu uns míseros seis Ferraris.
No Novo Testamento também se fala de quem se banqueteava luxuosamente
todos os dias, enquanto à porta só um cão cuidava da fome e das feridas de um
pobre.
Dir-se-á que o mundo é assim, sempre foi assim e sempre assim será. O
próprio Jesus verificava que não eram os pobres que faltavam ao Judas.
Este Papa parece que quer continuar com a mania de Jesus de não
suportar uns à mesa e outros à porta. Resolveu denunciar as economias e as
políticas que fabricam pobres e não têm imaginação para mudar este mundo numa
terra fraterna. A globalização que existe é a da indiferença. Economistas
portugueses já esclareceram que o Papa fala assim porque não percebe nada de
economia. Se passasse uma temporada na Universidade Católica portuguesa, nas
faculdades de economia e gestão, podia aprender a falar com mais cuidado, para
não lhe acontecer o que aconteceu a Jesus, que caiu na asneira de dizer o
seguinte:
Ninguém pode servir a dois
senhores; ou há-de aborrecer a um e amar o outro, ou dedicar-se a um e
desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro. Os fariseus, amigos
do dinheiro, ouviam as suas palavras e zombavam dele. Jesus disse-lhes:
Vós pretendeis passar por justos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os
vossos corações. Porque o que os homens têm por muito elevado é abominável aos
olhos de Deus.
Os novos fariseus da economia católica portuguesa estão prontos a
corrigir o Evangelho de S. Lucas.
Frei Bento Domingues, O.P.
Natal 2013
Obrigado!Não posso concordar mais!
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