Numa
longa conversa com os jornalistas, a bordo do avião, Francisco explicou por que
razão pede tanto que rezem por ele e disse que os homossexuais não deviam ser
marginalizados, mas integrados na sociedade.
29-07-2013
12:15 por Aura Miguel, a bordo do avião papal que fez a ligação Rio de
Janeiro-Roma
O
Papa à solta no avião
“Não
sei qual vai ser o futuro do Banco do Vaticano”
Papa
garante que não teve medo durante falhas de segurança
"Cristo
prepara uma nova Primavera no mundo através dos jovens"
"Tenham
a coragem de ser felizes"
“Sigam
em frente e não tenham medo”. Papa pede que não escondam Cristo
O
Papa reafirmou, esta segunda-feira, na viagem de regresso a Roma, o ensinamento
da Igreja de que as mulheres não podem ser ordenadas ao sacerdócio.
Numa
sessão de perguntas e respostas a bordo do avião papal, com os cerca de 70
jornalistas que viajaram com ele, Francisco disse que gostaria de ver mais
mulheres em posições de liderança na Igreja, mas pôs fim a qualquer especulação
de que poderá vir, ele próprio, a
introduzir mudanças no que diz respeito à ordenação sacerdotal, realçando que a
posição da Igreja é "definitiva", como, aliás, já tinha sido ensinado
por João Paulo II.
"Não
podemos limitar o papel das mulheres na Igreja a acólitas ou presidentes de uma
organização caritativa. Tem de haver mais", disse Francisco. "Mas em
relação à ordenação de mulheres, a Igreja já falou e disse que não. O Papa João
Paulo II disse-o com uma fórmula que é definitiva. Essa porta está encerrada”.
Este
facto, contudo, não significa que as mulheres sejam menos importantes que os
homens na Igreja, disse Francisco, concretizando: "Nossa Senhora, Maria,
era mais importante do que os apóstolos, bispos, diáconos e padres". De
seguida, Francisco disse crer que "falta explicação teológica sobre
isto".
A
Igreja professa que o sacerdócio masculino foi instaurado por Cristo e que os
sucessores dos apóstolos não têm a autoridade de o alterar.
Homossexuais
devem ser integrados
Francisco
também falou sobre o chamado "lobby gay" que existirá no Vaticano,
mas fez questão de esclarecer que os homossexuais em si não devem ser
marginalizados, mas sim integrados na sociedade.
O
Papa apontou para o que ensina o Catecismo da Igreja Católica, esclarecendo que
embora a homossexualidade em si, enquanto atracção, não seja condenável, os
actos homossexuais são-no e devem ser evitados.
“Se
uma pessoa é homossexual e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para o
julgar?", questionou o Papa a bordo do avião.
“O
Catecismo da Igreja Católica explica isto muito bem. Diz que eles não devem ser
marginalizados, mas integrados na sociedade. O problema não é terem esta
orientação - devemos ser irmãos. Quando encontramos uma pessoa assim, deve-se
distinguir uma pessoa homossexual do facto de fazer um 'lobby', porque não há
'lobbies' bons. O problema está nos 'lobbies' de pessoas gananciosas, 'lobbies'
políticos, 'lobbies' maçónicos. Este é o pior problema", disse o Papa, em
resposta a uma pergunta sobre a existência de um "lobby" gay no
Vaticano.
Fugas
de informação na Santa Sé
O
caso Vatileaks, nome dado a uma série de escândalos que envolveram roubos de
documentos e fuga de informação da Santa Sé, foi também abordado. O caso foi
investigado por ordem do Papa Bento XVI, que depois deu a conhecer as
conclusões a Francisco.
O actual Papa começou por elogiar a inteligência do seu antecessor. "Quando fui visitar o Papa Bento, depois de rezar na Capela, fomos para o seu escritório, onde vi uma caixa grande e um envelope grosso. Bento disse-me: 'Naquela caixa grande estão todas as declarações e tudo o que disseram as testemunhas, mas o resumo e juízo final está neste envelope e aqui diz-se que...' Ele guardou tudo na sua cabeça! Que inteligência, tudo na sua memória. Mas não me assustei. O problema é grave, mas não me assustei."
A relação entre os dois Papas foi ainda motivo de elgoios de Francisco, para quem Bento XVI é como um avô: "Gosto tanto dele, tanto. É um homem de Deus, um pregador. Fiquei tão feliz quando ele foi eleito Papa. Quando ele resignou, vi isso como um exemplo de grandeza. Agora vive no Vaticano e alguns me diziam: 'Como é que é possível, dois Papas no Vaticano, não faz nada contra isto?'. Ele é um homem de prudência, não se imiscui. Convido-o várias vezes a vir comigo, como na bênção da Estátua de São Miguel. Para mim é como ter um avô em casa, é como um paizinho. Se tenho alguma dificuldade ou coisa que não percebo, pergunto-lhe se posso fazer assim. Quando foi a questão do Vatileaks falámos de tudo, com muita simplicidade. Ele é um grande, um grande."
Em
resposta a uma pergunta da Renascença, Francisco explicou por que razão pede
insistentemente aos fiéis que rezem por ele. O Papa criou o hábito como padre e
diz que é muito importante, uma vez que é pecador como toda a gente. O hábito
consolidou-se enquanto bispo, mas agora como Papa é ainda mais importante,
realça.
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