À PROCURA
DA PALAVRA
P. Vitor
Gonçalves
DOMINGO
XVII COMUM Ano C
"…quanto
mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo
àqueles que
Lho pedem!.”
Lc 11,13
“Pedi
e dar-se-vos-á”
Pedir não é fácil. Lembra-nos que somos
pobres, que precisamos de algo ou de alguém, e que a nossa condição não é de
auto-suficiência. Do nascer ao morrer vivemos sempre a precisar de coisas mas,
principalmente uns dos outros. A exaltação do indivíduo na sua independência é
fonte de inúmeras frustrações. A felicidade mais plena não é obter algo
sozinho, nem deliciar-se com algo maravilhoso a sós. Temos uma necessidade
fundamental de comunhão e é ela só se experimenta quando somos pobres, capazes
de reconhecer que o outro faz-nos falta para sermos completos. Por isso, pedir,
é expressão de humildade e de confiança. E Jesus não se cansa de nos convidar à
confiança no Pai, a pedir-lhe o que não podemos dar a nós próprios: a força de
vida, o perdão, a paz, a salvação. Mais do que “coisas” a pedir a Deus, o
importante é a abertura que a pobreza de pedir gera em nós.
“O pão nosso de cada dia” é um imenso
convite ao cuidado do presente. Jesus conhece-nos e sabe como nos angustiamos
demasiado com o futuro. Sabe que, quando escolhemos o medo, tudo nos parece
pouco para prevenir as incontáveis possibilidades negativas que a vida pode
trazer. E não há um pouco de omnipotência neste afã de querer controlar o
futuro, como se estivesse nas nossas mãos o dia que ainda não veio? Podemos
estabelecer uma margem de segurança mas se a nossa confiança se transfere de
Deus para ela, preparemo-nos para o medo e para a surpresa. A nossa condição
não permite guardar muitas coisas fora do coração (lembram-se do maná que não
podia ser guardado para o dia seguinte?). E só o que podemos guardar dentro de
nós é que é verdadeiramente nosso. Aí guardamos a fé e o amor. E os amigos que
alargam ao infinito o próprio coração!
A insistência de Jesus no pedir, no
procurar e no bater à porta é significativa. Não nos diz o que pedir, nem o que
procurar, nem a que portas bater. Parece que a atitude é mais importante do que
o conteúdo. Que mesmo errando no que pedimos ou no que procuramos acabamos por
acertar. Pois o pior é ficarmos fechados em nós mesmo, como se não
precisássemos, ou zangados por não vir ter connosco aquilo que é para ser
procurado. E se o alimento (pão, peixe, ovo) é tão necessário para viver,
também o Espírito Santo é essencial para a vida cristã. Como temos pedido o
Espírito Santo ao Pai?
in Voz da Verdade 28.07.2013
Sem comentários:
Enviar um comentário